Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

16 DE JANEIRO - DIA DE S. JOSÉ VAZ, UM SANTO COM NOME PORTUGUÊS


S. José Vaz, sacerdote da Congregação do Oratório que viveu nos finais do século XVII e princípios do século XVIII , natural da então colónia portuguesa de Goa, foi canonizado pelo Papa Francisco no dia 14 de Janeiro de 2015



José Vaz nasceu na Índia, em Benaulim, território da colónia portuguesa de Goa, no dia 21 de Abril de 1651, no seio de uma família da casta dos brâmanes convertida ao cristianismo no século XVI.

Depois dos estudos preparatórios, prosseguiu em Goa a formação humanística na universidade dos jesuítas, e a filosófica e teológica no Colégio dominicano de São Tomás de Aquino.
Ordenado sacerdote em 1676, começou por exercer o ministério sacerdotal no povoado onde nasceu.

Após uma passagem por uma região mais a sul, Kanara, voltou para Goa em 1684.
Em resposta ao forte desejo de entrar em uma ordem religiosa, iniciou uma vida comum na Igreja de Santa Cruz dos Milagres com outros três sacerdotes indianos.
Eleito superior, foi o verdadeiro fundador da comunidade, à qual deu uma nítida fisionomia espiritual e a forma jurídica da Congregação de São Felipe Neri.

No final de 1686, quando a comunidade já podia caminhar sem ele, sentiu chegado o momento de responder ao nunca esquecido apelo em favor dos católicos abandonados.
Em companhia de João, um jovem que o seguiu até ao fim da sua vida, após várias tentativas conseguiu entrar no reino de Ceilão (hoje Sri Lanka).

Recorda-se que foi com a chegada dos portugueses que o Cristianismo começou a difundir-se na Índia e regiões circundantes.
Foi uma frota comandada por Lourenço de Almeida que a 15 de Novembro de 1505 primeiro chegou a Colombo, a actual capital do Sri Lanka, numa altura em que a ilha estava dividida em três reinos: o tâmil a norte e dois cingaleses, no centro e no sul.
Entretanto, a meio do século XVII, os holandeses chegaram à ilha e expulsaram os portugueses, ocupando os seus territórios, ao que se seguiu a proibição do catolicismo.
Quem fosse apanhado a entrar no Ceilão com o intuito de pregar o catolicismo incorria a pena de prisão, com chicotadas e com privação de alimentos, até mesmo com a sua condenação à morte por enforcamento.

É neste contexto, de opressão aos católicos por parte dos calvinistas holandeses, que decorreu a acção do padre José Vaz depois de, vindo de Goa, ter conseguido introduzir-se clandestinamente no Ceilão para ajudar os católicos.

Quando chegou à ilha de Ceilão, disfarçado de escravo e mendigo, todos os sacerdotes tinham sido mortos, as igrejas profanadas ou destruídas, os fiéis dispersos e amedrontados pela ameaça de morte.
O Padre Vaz chegou mesmo a ser preso.
Ajudava clandestinamente as comunidades católicas, celebrando Missa de noite.
Fez uma tradução do Evangelho para as línguas tâmil e cingalês.

Na noite de 15 de Janeiro de 1711, recebendo o viático, disse à comunidade oratoriana que lhe pedia uma última lembrança:
«Recordem-se que não se pode facilmente cumprir no momento da morte aquilo que foi descuidado durante a vida inteira».
Morreu a 16 de Janeiro de 1711.

José Vaz, foi beatificado pelo Papa S. João Paulo II há vinte anos, em Janeiro de 1995, também durante uma Viagem Apostólica ao Sri Lanka.
Na altura, S. João Paulo II afirmou que:
Em consideração de tudo o que o padre Vaz foi e fez, do modo como o fez e das circunstâncias nas quais conseguiu realizar a grande obra de salvação de uma Igreja em perigo, é justo saudá-lo como o maior missionário cristão que a Ásia jamais teve”.

Na passada Quarta-feira, durante a Viagem Apostólica ao Sri Lanka e às Filipinas, o Papa Francisco, na Missa que celebrou no Gale Face Green, em Colombo no Sri Lanka, canonizou o Beato José Vaz, o missionário do Sri Lanka.
Referindo-se a S. José Vaz, o Papa Francisco afirmou:
Em São José, vemos um sinal eloquente da bondade e do amor de Deus pelo povo do Sri Lanka.
Mas, nele, vemos também um estímulo para perseverar no caminho do Evangelho a fim de crescermos nós próprios em santidade e testemunharmos a mensagem evangélica de reconciliação à qual dedicou a sua vida.

Padre do Oratório, José Vaz deixa Goa, sua terra natal, e chega a este país movido apenas pelo zelo missionário e por um grande amor a estes povos.
Por causa da perseguição religiosa em acto, vestia-se como um mendigo, cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis, muitas vezes durante a noite.
Os seus esforços deram energia espiritual e moral à população católica assediada.
Sentia uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados.
O seu ministério em favor dos enfermos, durante uma epidemia de varíola em Kandy, foi tão apreciado pelo rei, que lhe foi concedida maior liberdade de ministério.
A partir de Kandy, pôde alcançar outras partes da ilha.

Deixou-se consumir pelo trabalho missionário e morreu, exausto, aos cinquenta e nove anos de idade, venerado pela sua santidade.”

O Papa Francisco apresentou três razões da santidade do Padre José Vaz:

A primeira razão é a sua atitude de sacerdote exemplar: “Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte ...”.

Em segundo lugar, o Papa Francisco frisou a liberdade de S. José Vaz no exercício da sua missão não fazendo “distinção de raça, credo, tribo, condição social ou religião, no serviço que proporciona através das suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade.”

A terceira razão da santidade do Padre José Vaz apresentada pelo Papa Francisco foi o seu zelo missionário, dedicado e humilde, “deixando para trás a sua casa, a sua família, o conforto dos lugares que lhe eram familiares, respondeu à chamada para ir mais longe, para falar de Cristo onde quer que se encontrasse.”

Papa Francisco - Canonização de São José Vaz, 14.01.2015:




As canonizações tornaram-se exclusividade papal por decisão de Gregório IX em 1234.
No decorrer do século XVI começou a distinguir-se entre “beatificação”, isto é, o reconhecimento da santidade de uma pessoa com culto em âmbito local, e “canonização”, o reconhecimento da santidade com a prática do culto universal, para toda a Igreja Católica.


Fontes: Santa Sé, Agência Ecclesia, Rádio Vaticano, D. Eduardo Aldo Cerrato (Bispo de Ivrea)

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