Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 28 de dezembro de 2019

O PONTO E A HISTÓRIA






Mensagem do nosso Bispo em tempo de Natal
   
   

No pressuposto de que a existência humana é uma luta contínua entre explorados e exploradores, o marxismo clássico apontava o «fim da história» como uma das suas metas: a conquista do poder pela classe operária geraria a desnecessidade de conflitos.
Porque tudo ficaria transformado, nada mais haveria a transformar.

No sentido oposto, Francis Fukuyama, diz que o «fim da história» é inerente à democracia liberal e ao individualismo, para ele, realidades inultrapassáveis, uma espécie de reino de Deus em plenitude.
E advoga que, agora, pela ciência e pela tecnologia, devem mudar as coisas do mundo, mas não o mundo: há que o deixar estar como está.
Com as suas barbaridades e injustiças.

A perspectiva do marxismo é utópica.
Como tal, empolgante: conquistou muitas mentes e corações.
Mas falhou redondamente porque partia de pressupostos falsos.
A do nipo-americano, é o contrário de uma sã utopia: é o materialismo mais crasso.
Ao pactuar com as desigualdades, é a rendição à animalidade, pois só os bichos aceitam que o futuro há-de ser igual ao passado.

Para o cristianismo, a história é o cenário onde se representa o grande drama da vida: a equação entre a liberdade e a responsabilidade.
Só que, neste teatro, não há monólogos.
Sabe que nem há liberdade que não seja social nem responsabilidade meramente voltada para o próprio: cada um interage com a totalidade.

A cena desta ribalta, é grandiosa e complexa.
Por isso, precisa de um «ponto».
Um ponto quase sempre escondido na caixa do palco.
Não tanto para dirigir os actores, mas sim para ir relembrando o texto esquecido e gerar confiança: ele está, mesmo que o actor se não aperceba.

A fé cristã dá um nome a este ponto: Jesus Cristo, o Salvador.
A partir do seu Natal, Ele é a presença estimulante junto de quem tem de representar o grande drama da existência no cenário do mundo.
Um drama que exorciza a dor, abre à superação e atinge a plenitude.

Por isso, quem aceita a sua função no palco da vida, não acredita em qualquer fim da história.
Nisso só crê a sociedade secular que renega qualquer outro apoio que não provenha dela mesma.
E que, consequentemente, se afasta da vida, da liberdade e da responsabilidade.
Mas quem aceita este Ponto, sabe bem que Ele se coloca no início de uma outra história: bela, grandiosa, de final feliz.
Uma história que merece ser vivida e compartida.

D. Manuel Linda


Fonte: Diocese do Porto


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