A Encíclica do Papa Francisco sobre a Fraternidade e a Amizade Social
Pela primeira vez, um Pontífice deixou o Vaticano para assinar uma Encíclica.
Na tarde deste Sábado, em Assis, o Papa Francisco celebrou a Eucaristia e assinou a sua terceira Encíclica, uma encíclica que extrai o seu nome das palavras escritas por São Francisco e que foi apresentada hoje, 4 de Outubro de 2020.
O estímulo para escrever a “Fratelli tutti” [Todos Irmãos] nasceu de um muçulmano, como referiu o Santo Padre:
“Senti-me especialmente estimulado pelo Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem me encontrei, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus ‘criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e chamou-os a conviver entre si como irmãos’.”
(Francisco – Ahmad Al-Tayyeb, Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum (Abu Dhabi 4 de Fevereiro de 2019).
Ninguém se salva sozinho - expressão que o Santo Padre utiliza por duas vezes no 1.º capítulo, a proposta de uma sociedade fraterna para não ser dominada por guerra, ódio, violência, indiferença e novos muros.
Na presente Encíclica, da centena de referências à sociedade destacamos a que se refere à Declaração Universal dos Direitos Humanos:
“Mas, «observando com atenção as nossas sociedades contemporâneas, deparamos com numerosas contradições que induzem a perguntar-nos se deveras a igual dignidade de todos os seres humanos, solenemente proclamada há 70 anos, é reconhecida, respeitada, protegida e promovida em todas as circunstâncias. Persistem hoje no mundo inúmeras formas de injustiça, alimentadas por visões antropológicas redutivas e por um modelo económico fundado no lucro, que não hesita em explorar, descartar e até matar o homem. Enquanto uma parte da humanidade vive na opulência, outra parte vê a própria dignidade não reconhecida, desprezada ou espezinhada e os seus direitos fundamentais ignorados ou violados». Que diz isto a respeito da igualdade de direitos fundada na mesma dignidade humana?”
Esta manhã, no final da oração mariana do Ângelus, o Papa Francisco recordou sua visita a Assis durante a qual assinou sua nova encíclica “Fratelli tutti”:
“Ontem fui a Assis para assinar a nova encíclica “Fratelli tutti” sobre a fraternidade e amizade social. Ofereci-a a Deus no túmulo de São Francisco, com quem me inspirei, como para a Laudato si’ precedente. Os sinais dos tempos mostram claramente que a fraternidade humana e o cuidado da Criação formam o único caminho para o desenvolvimento integral e a paz já indicada pelos Santos Papas João XXIII, Paulo VI e João Paulo II.”
Em entrevista à Agência Ecclesia, D. Manuel Linda comenta a nova Encíclica do Papa Francisco como sendo “profundíssima” e com uma “linguagem que toda a gente entende”.
Segundo o nosso Bispo, para compreendermos melhor a importância da fraternidade na actualidade, devemos atender a dois acontecimentos históricos: a revolução francesa em 1789 e a queda do Muro de Berlim em 1989.
E realça que na nova encíclica “Fratelli tutti”, o Santo Padre chama “a atenção que sem a fraternidade, quer a liberdade, quer a igualdade são ideologias”.
Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano; Voz Portucalense; Agência Ecclesia
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