Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O BAPTISMO É O INÍCIO DA ESPERANÇA





No passado dia 2 de Agosto o Papa Francisco retomou as catequeses habituais das Quartas
   
   
O Papa Francisco começou a sua reflexão recordando que nos tempos modernos praticamente desapareceu o fascínio pelos antigos ritos do Baptismo, assim como alegorias que tinham um grande significado para o homem antigo, como a orientação das Igrejas para o Oriente, “lugar onde as trevas são vencidas pela primeira luz da aurora, evocando-nos Cristo, Sol que surgiu do alto no horizonte do mundo."

No entanto, permanece intacta em seu significado – observou o Papa – a profissão de fé, feita segundo a interrogação baptismal, que é própria da celebração de alguns sacramentos”.


O texto integral da catequese do dia 2 de Agosto de 2017:

Bom dia, dilectos irmãos e irmãs!

Outrora as igrejas orientavam-se para o Leste.
Entrava-se no edifício sagrado por uma porta aberta para o Ocidente e, caminhando pela nave, dirigia-se rumo ao Oriente.
Era um símbolo importante para o homem antigo, uma alegoria que ao longo da história decaiu progressivamente.
Nós, homens da época moderna, muito menos habituados a captar os grandes sinais do cosmos, quase nunca nos damos conta de um pormenor deste tipo.
O Ocidente é o ponto cardeal do pôr do sol, onde a luz desfalece.
O Oriente, ao contrário, é o lugar onde as trevas são vencidas pela primeira luz da aurora, evocando-nos Cristo, Sol que surgiu do alto no horizonte do mundo (cf. Lc 1, 78).

Os antigos ritos do Baptismo previam que os catecúmenos emitissem a primeira parte da sua profissão de fé, com o olhar voltado para o Ocidente.
E naquela postura, eram interrogados:
Renunciais a Satanás, ao seu serviço e às suas obras?”.
E os futuros cristãos repetiam em coro:
Renuncio!”.
Depois, iam rumo à abside, na direcção do Oriente, onde nasce a luz, e os candidatos ao Baptismo eram novamente interrogados:
Acreditais em Deus Pai, Filho e Espírito Santo?”.
E desta vez, respondiam:
Creio!”.

Nos tempos modernos perdeu-se parcialmente o fascínio deste rito: perdemos a sensibilidade à linguagem do cosmos.
Naturalmente, permaneceu-nos a profissão de fé, feita segundo a interrogação baptismal, que é própria da celebração de alguns sacramentos.
Contudo, ela conserva-se intacta no seu significado.
O que quer dizer ser cristão?
Significa olhar para a luz, continuar a fazer a profissão de fé na luz, enquanto o mundo estiver envolvido pela noite e pelas trevas.

Os cristãos não estão isentos das trevas, externas e inclusive internas.
Não vivem fora do mundo, mas pela graça de Cristo, recebida no Baptismo, são homens e mulheres “orientados”: não acreditam na escuridão, mas na luminosidade do dia; não sucumbem à noite, mas esperam na aurora; não são derrotados pela morte, mas anseiam por ressuscitar; não são vencidos pelo mal, porque confiam sempre nas possibilidades infinitas do bem.
E esta é a nossa esperança cristã.
A luz de Jesus, a salvação que nos traz Jesus com a sua luz que nos salva das trevas.

Nós somos aqueles que acreditam que Deus é Pai: esta é a luz!
Não somos órfãos, temos um Pai, e o nosso Pai é Deus.
Cremos que Jesus desceu ao meio de nós, caminhou na nossa própria vida, tornando-se companheiro sobretudo dos mais pobres e frágeis: esta é a luz!
Cremos que o Espírito Santo age incessantemente para o bem da humanidade e do mundo, e até as maiores dores da história serão superadas: esta é a esperança que nos desperta todas as manhãs!
Cremos que cada afecto, cada amizade, cada desejo bom, cada amor, até os mais ténues e descuidados, um dia encontrarão o seu cumprimento em Deus: esta é a força que nos leva a abraçar com entusiasmo a nossa vida de todos os dias!
E esta é a nossa esperança: viver na esperança, na luz, na luz de Deus Pai, na luz de Jesus Salvador, na luz do Espírito Santo que nos impele a ir em frente na vida.

Além disso, há outro sinal muito bonito da liturgia baptismal que nos recorda a importância da luz.
No final do rito, aos pais — se se trata de uma criança — ou ao próprio baptizado — se for um adulto — é entregue uma vela, cuja chama se acende no círio pascal.
Trata-se do grande círio que, na noite de Páscoa, entra na igreja completamente escura para manifestar o mistério da Ressurreição de Jesus; daquele círio todos acendem a própria candeia e transmitem a chama aos vizinhos: neste sinal está a lenta propagação da Ressurreição de Jesus na vida de todos os cristãos.
A vida da Igreja — direi uma palavra um pouco forte — é contaminação de luz.
Quanto mais luz de Jesus nós cristãos tivermos, quanto mais luz de Jesus houver na vida da Igreja, tanto mais ela será viva.
A vida da Igreja é contaminação de luz.

A exortação mais bonita que podemos dirigir uns aos outros é a de nos recordarmos do nosso Baptismo.
Gostaria de vos perguntar: quantos de vós se recordam da data do seu Baptismo?
Não respondais, porque alguns terão vergonha!
Pensai, e se não vos recordais, hoje tendes uma tarefa para fazer em casa: vai ter com a tua mãe, o teu pai, a tua tia, o teu tio, a tua avó, o teu avô e pergunta-lhes:
Qual é a data do meu Baptismo?”.
E não voltes a esquecê-la! Está claro? Fareis isto?
O compromisso de hoje é aprender a recordar-se da data do Baptismo, que é o dia do renascimento, é a data da luz, o dia em que — permiti-me esta palavra — fomos contaminados pela luz de Cristo.
Nós nascemos duas vezes: a primeira, para a vida natural; a segunda, graças ao encontro com Cristo, na pia baptismal.
Ali morremos para a morte, a fim de vivermos como filhos de Deus neste mundo.
Ali tornamo-nos humanos, como nunca o teríamos imaginado.
Eis por que razão todos nós devemos propagar o perfume do Crisma, com o qual fomos marcados no dia do nosso Baptismo.
Em nós vive e age o Espírito de Jesus, primogénito de muitos irmãos, de todos aqueles que se opõem à inevitabilidade das trevas e da morte.

Como é grande a graça, quando um cristão se torna verdadeiramente um “cristo-foros”, ou seja, “portador de Jesus” no mundo!
Sobretudo para aqueles que atravessam situações de luto, de desespero, de trevas e de ódio.
E isto pode ser entendido a partir de muitos pequenos detalhes: da luz que o cristão conserva nos olhos, do fundo de serenidade que não é manchado nem sequer nos dias mais complicados, do desejo de recomeçar a amar, até quando experimentamos muitas desilusões.
No futuro, quando for escrita a história dos nossos dias, o que se dirá de nós?
Que fomos capazes de esperança, ou então que pusemos a nossa luz debaixo do alqueire?
Se formos fiéis ao nosso Baptismo, propagaremos a luz da esperança, o Baptismo é o início da esperança, aquela esperança de Deus, e poderemos transmitir razões de vida às gerações vindouras.

Papa Francisco
AUDIÊNCIA GERAL
Sala Paulo VI, Quarta-feira, 2 de Agosto de 2017



Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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