Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

PAPA INICIA NOVO CICLO DE CATEQUESES

 


Novo ciclo de catequeses

sobre a esperança

que acompanhará o Ano Jubilar

   


O tema é «Jesus Cristo, nossa esperança»: “com efeito, Ele é a meta da nossa peregrinação, e Ele mesmo é o caminho, a vereda a percorrer”, afirmou o Santo Padre.

O Papa Francisco destacou que a reflexão será dividida em partes, começando com a infância de Jesus, narrada pelos Evangelistas Mateus e Lucas. “Os Evangelhos da infância narram a concepção virginal de Jesus e o seu nascimento do seio de Maria; evocam as profecias messiânicas que n’Ele se cumprem e falam da paternidade legal de José, que enxerta o Filho de Deus no “tronco” da dinastia de David”, explicou.

Jesus é-nos apresentado Jesus recém-nascido, menino e adolescente, submisso aos seus pais e, ao mesmo tempo, consciente de ser totalmente dedicado ao Pai e ao seu Reino.”

O Papa ressaltou a importância da genealogia apresentada no Evangelho de Mateus, que inaugura o Novo Testamento: “A genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão”. Trata-se de uma lista que demonstra “a verdade da história e a verdade da vida humana”, disse o Papa Francisco, sublinhando que ela revela uma narrativa rica em significado espiritual:

A genealogia do Senhor é constituída a partir da história verdadeira, onde se encontram nomes no mínimo problemáticos e se sublinha o pecado do rei David. Tudo, porém, conclui-se e floresce em Maria e em Cristo.”

Uma particularidade do Evangelho de Mateus é a inclusão de cinco mulheres na genealogia de Jesus: Tamar, Raab, Rute, Betsabéia e Maria. Francisco enfatizou que, enquanto as primeiras quatro são estrangeiras, o que sinaliza a universalidade da missão de Cristo, Maria inaugura algo completamente novo:

Maria marca um novo início, ela própria é um novo começo, pois na sua vicissitude já não é a criatura humana protagonista da geração, mas o próprio Deus. Isto vê-se bem no verbo «nasceu»: «Jacob gerou José, esposo de Maria, de quem nasceu Jesus, chamado Cristo».”

O Papa Francisco deteve-se também na dimensão profundamente humana de Jesus, que, apesar de sua missão divina, foi reconhecido em Nazaré como «filho de José» ou «filho do carpinteiro». “O Filho de Deus, consagrado ao Pai com a missão de revelar o seu rosto, entra no mundo como todos os filhos do homem, a tal ponto que em Nazaré será chamado «filho de José», ou «filho do carpinteiro»”, sublinhou.



PAPA FRANCISCO - AUDIÊNCIA GERAL

Sala Paulo VI, Quarta-feira, 18 de Dezembro de 2024

Ciclo – Jubileu 2025. Jesus Cristo Nossa Esperança.

I. A infância de Jesus.

1. Genealogia de Jesus (Mt 1,1-17). A entrada do Filho de Deus na história

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje começamos o ciclo de catequeses que decorrerá durante todo o Ano jubilar. O tema é “Jesus Cristo, nossa esperança”: com efeito, Ele é a meta da nossa peregrinação, e Ele mesmo é o caminho, a vereda a percorrer.

A primeira parte tratará da infância de Jesus, que nos é narrada pelos Evangelistas Mateus e Lucas (cf. Mt 1-2; Lc 1-2). Os Evangelhos da infância narram a concepção virginal de Jesus e o seu nascimento do seio de Maria; evocam as profecias messiânicas que n’Ele se cumprem e falam da paternidade legal de José, que enxerta o Filho de Deus no “tronco” da dinastia davídica. É-nos apresentado Jesus recém-nascido, menino e adolescente, submisso aos seus pais e, ao mesmo tempo, consciente de ser totalmente dedicado ao Pai e ao seu Reino. A diferença entre os dois Evangelistas é que, enquanto Lucas narra os acontecimentos com os olhos de Maria, Mateus fá-lo com os olhos de José, insistindo sobre uma paternidade deveras inédita.

Mateus começa o seu Evangelho e todo o cânone neo-testamentário com a «genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão» (Mt 1, 1). Trata-se de uma lista de nomes já presente nas Escrituras hebraicas, para mostrar a verdade da história e a verdade da vida humana. Com efeito, «a genealogia do Senhor é constituída a partir da história verdadeira, onde se encontram nomes no mínimo problemáticos e se sublinha o pecado do rei David (cf. Mt 1, 6). Tudo, porém, conclui-se e floresce em Maria e em Cristo (cf. Mt 1, 16)» (Carta sobre a renovação do estudo da história da Igreja, 21 de Novembro de 2024). Depois, manifesta-se a verdade da vida humana que passa de geração em geração, confiando três elementos: um nome que encerra uma identidade e uma missão únicas; a pertença a uma família e a um povo; e, por último, a adesão de fé ao Deus de Israel.

A genealogia é um género literário, ou seja, uma forma adequada para transmitir uma mensagem muito importante: ninguém dá a vida a si mesmo, mas recebe-a como dom de outros; neste caso, trata-se do povo eleito, e quem herda o depósito da fé dos pais, transmitindo a vida aos filhos, confia-lhes também a fé em Deus.

No entanto, contrariamente às genealogias do Antigo Testamento, onde só aparecem nomes masculinos, porque em Israel é o pai que impõe o nome ao filho, na lista de Mateus entre os antepassados de Jesus aparecem também mulheres. Encontramos cinco: Tamar, a nora de Judá que, tendo ficado viúva, se finge prostituta para assegurar uma descendência ao seu marido (cf. Gn 38); Raab, a prostituta de Jericó, que permite aos exploradores judeus entrar na terra prometida e conquistá-la (cf. Js 2); Rute, a moabita que, no livro que tem o mesmo nome, permanece fiel à sogra, cuida dela e tornar-se-á a bisavó do rei David; Betsabé, com quem David comete adultério e, depois de ter mandado matar o marido, gera Salomão (cf. 2 Sm 11); e finalmente Maria de Nazaré, esposa de José, da casa de David: dela nasce o Messias, Jesus.

As primeiras quatro mulheres estão unidas não por serem pecadoras, como às vezes se diz, mas por serem estrangeiras em relação ao povo de Israel. O que Mateus salienta é que, como escreveu Bento XVI, «através delas o mundo dos gentios entra... na genealogia de Jesus - torna-se visível a sua missão a favor de judeus e pagãos» (A Infância de Jesus, Milão-Cidade do Vaticano 2012, 15).

Enquanto as quatro mulheres precedentes são mencionadas ao lado do homem que delas nasceu ou de quem o gerou, Maria, ao contrário, adquire um destaque particular: marca um novo início, ela própria é um novo começo, pois na sua vicissitude já não é a criatura humana protagonista da geração, mas o próprio Deus. Isto vê-se bem no verbo «nasceu»: «Jacob gerou José, esposo de Maria, de quem nasceu Jesus, chamado Cristo» (Mt 1, 16). Jesus é filho de David, enxertado por José naquela dinastia e destinado a ser o Messias de Israel, mas é também filho de Abraão e de mulheres estrangeiras, portanto destinado a ser a «Luz dos gentios» (cf. Lc 2, 32) e o «Salvador do mundo» (Jo 4, 42).

O Filho de Deus, consagrado ao Pai com a missão de revelar o seu rosto (cf. Jo 1, 18; Jo 14, 9), entra no mundo como todos os filhos do homem, a tal ponto que em Nazaré será chamado «filho de José» (Jo 6, 42), ou «filho do carpinteiro» (Mt 13, 55). Verdadeiro Deus e verdadeiro homem!

Irmãos e irmãs, despertemos em nós a memória grata em relação aos nossos antepassados. E, sobretudo, demos graças a Deus que, mediante a mãe Igreja, nos gerou para a vida eterna, a vida de Jesus, nossa esperança.


Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano


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