Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quarta-feira, 16 de abril de 2025

PEÇAMOS A GRAÇA DE ENCONTRAR O CAMINHO DE VOLTA A CASA

 



O texto da catequese do Papa Francisco

preparado esta Quarta-feira

   


Na catequese desta Quarta-feira 16 de Abril, o Papa Francisco iniciou uma nova etapa nos ciclo de catequese: "Jubileu 2025. Jesus Cristo Nossa Esperança", que, a partir de agora, se dedica às parábolas de Jesus. Segundo o Santo Padre, esses relatos “tocam também a nossa vida, provocam-nos!”.

O texto da catequese do Papa Francisco, preparado para a Audiência Geral de hoje, que está suspensa devido ao período de convalescença do Santo Padre, foi disponibilizado pela Sala de Imprensa da Santa Sé. "Depois de ter meditado sobre os encontros de Jesus com alguns personagens do Evangelho", introduz o Papa, "gostaria de reflectir sobre algumas parábolas".

A narrativa de Jesus sobre o Filho Pródigo, talvez uma das mais conhecidas do Evangelho (Lc 15, 1-3.11-32), que apresenta também a figura do filho mais velho e do pai misericordioso, foi escolhida por Francisco como tema da reflexão, que logo no início convidou os fiéis a se colocarem pessoalmente dentro da narrativa: “onde estou eu nesta narração?”.

Segundo o Santo Padre, a parábola, dirigida aos fariseus e escribas que criticavam Jesus por se aproximar dos pecadores, revela um núcleo central do Novo Testamento: a misericórdia de Deus.

O Evangelho quer confiar-nos uma mensagem de esperança, porque nos diz que onde quer que nos tenhamos perdido, seja como for que nos tenhamos perdido, Deus vem sempre à nossa procura!”

E conclui:

Amados irmãos e irmãs, perguntemo-nos então onde nos encontramos nesta maravilhosa narração. E peçamos a Deus Pai a graça de poder, também nós, encontrar o caminho de volta para casa.”


PAPA FRANCISCO - CATEQUESE DO SANTO PADRE

PREPARADA PARA A AUDIÊNCIA GERAL DE 9 DE ABRIL DE 2025

Quarta-feira, 16 de Abril de 2025

Ciclo – Jubileu 2025. Jesus Cristo Nossa Esperança.

II. A vida de Jesus. As parábolas

5. O Pai misericordioso. Estava perdido e foi encontrado (Lc 15,32)

Estimados irmãos e irmãs!

Depois de ter meditado sobre os encontros de Jesus com alguns personagens do Evangelho, a partir desta catequese gostaria de reflectir sobre algumas parábolas. Como sabemos, são narrações que retomam imagens e situações da realidade diária. Por isso, tocam também a nossa vida. Provocam-nos! E pedem-nos que tomemos uma posição: onde estou eu nesta narração?

Comecemos pela parábola mais famosa, que todos nós lembramos, talvez desde a infância: a parábola do pai e dos dois filhos (Lc 15, 1-3.11-32). Nela encontramos o coração do Evangelho de Jesus, ou seja, a misericórdia de Deus.

O evangelista Lucas diz que Jesus conta esta parábola aos fariseus e escribas, que murmuravam porque Ele comia com os pecadores. Por isso, poder-se-ia dizer que se trata de uma parábola dirigida àqueles que se perderam, mas não o sabem e julgam os outros.

O Evangelho quer confiar-nos uma mensagem de esperança, porque nos diz que onde quer que nos tenhamos perdido, seja como for que nos tenhamos perdido, Deus vem sempre à nossa procura! Talvez nos tenhamos perdido como uma ovelha, que se desviou do caminho para pastar, ou que ficou para trás devido ao cansaço (cf. Lc 15, 4-7). Ou talvez nos tenhamos perdido como uma moeda, que porventura caiu no chão e já não pode ser encontrada, ou talvez alguém a tenha posto algures e não se lembre onde. Ou talvez nos tenhamos perdido como os dois filhos deste pai: o mais novo, porque se cansou de estar numa relação que parecia demasiado exigente; mas até o mais velho se perdeu, pois não basta ficar em casa se no coração houver orgulho e rancor.

O amor é sempre um compromisso, há sempre algo que devemos perder para ir ao encontro do outro. Mas o filho mais novo da parábola só pensa em si próprio, como acontece em certas fases da infância e da adolescência. Na realidade, ao nosso redor vemos até muitos adultos assim, que não conseguem levar adiante uma relação porque são egoístas. Têm a ilusão de se reencontrar a si mesmos, mas ao contrário perdem-se, pois só quando vivemos para alguém vivemos verdadeiramente.

Este filho mais novo, como todos nós, tem fome de afecto, quer ser amado. Mas o amor é um dom precioso, deve ser tratado com cuidado. No entanto, ele desperdiça-o, vende-se a si próprio, não se respeita. Compreende isto em tempos de carestia, quando ninguém se preocupa com ele. O risco é que, nestes momentos, imploremos afecto e nos apeguemos ao primeiro senhor que aparecer.

São estas experiências que fazem nascer em nós a convicção deturpada de que só podemos estar numa relação como servos, como se tivéssemos que expiar uma culpa ou como se não pudesse existir o amor verdadeiro. Com efeito, quando toca o fundo do poço, o filho mais novo pensa em voltar para a casa do pai, a fim de recolher do chão algumas migalhas de afecto.

Só quem nos ama verdadeiramente pode libertar-nos desta falsa visão do amor. Na relação com Deus, fazemos precisamente esta experiência. Num célebre quadro, o grande pintor Rembrandt retratou maravilhosamente o regresso do filho pródigo. Há sobretudo dois pormenores que me chamam a atenção: a cabeça do jovem está rapada, como a de um penitente, mas parece também a cabeça de uma criança, porque este filho renasce. E depois as mãos do pai: uma masculina e outra feminina, para descrever a força e a ternura no abraço do perdão.

Mas é o filho mais velho que representa aqueles para quem a parábola é contada: é o filho que sempre ficou em casa com o pai, e que, no entanto, estava distante dele, longe do coração. Talvez até este filho quisesse partir, mas por medo ou por dever permaneceu lá, naquela relação. Contudo, quando nos adaptamos de má vontade, começamos a alimentar a raiva dentro de nós e, mais cedo ou mais tarde, esta raiva explode. De modo paradoxal, é precisamente o filho mais velho que acaba por correr o risco de permanecer fora de casa, pois não partilha a alegria do pai.

O pai vai também ao seu encontro. Não o repreende, nem o chama ao dever. Só quer que ele sinta o seu amor. Convida-o a entrar e deixa a porta aberta. Aquela porta permanece aberta também para nós. Com efeito, esta é a razão da esperança: podemos esperar, pois sabemos que o Pai nos espera, nos vê de longe e deixa sempre a porta aberta.

Amados irmãos e irmãs, perguntemo-nos então onde nos encontramos nesta maravilhosa narração. E peçamos a Deus Pai a graça de poder, também nós, encontrar o caminho de volta para casa.


Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano

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