Apesar
de São Cristóvão ser dos santos mais populares, não é conhecida
informação histórica sobre a sua vida e morte.
Em
algumas fontes é referido que teria nascido na Síria, no século
II, tendo-se entregado de alma e coração ao cristianismo e sido
capturado e martirizado durante o período das perseguições aos
cristãos no tempo do imperador Décio ou imperador Diocleciano, no
século III .
No
entanto, existem várias versões lendárias do nosso Santo
Padroeiro.
A
versão mais conhecida de todos nós refere-se a um possante
homem que, pela sua mania das grandezas, queria servir o mais
poderoso do mundo.
Tendo-se
colocado ao serviço de um rei que, segundo o informaram, seria o
homem mais poderoso de todos, depressa o abandona quando constata que
o rei tem grande temor de Satanás.
Estando
ao serviço de Satanás, vem a saber por um eremita que Cristo era
muito mais poderoso.
O
próprio eremita vem a convencê-lo que servir a Cristo seria dar
provas de amor ao próximo.
Assim,
para servir a Cristo, o gigante vai dedicar a sua vida a facilitar a
travessia das pessoas entre as margens de um rio.
Até
que, numa certa noite de tempestade, é acordado por um menino que
lhe pede para o transportar para a outra margem.
Pegando
no menino ao ombro, o que seria uma fácil travessia rapidamente se
transforma numa grande dificuldade porque o menino a cada momento se
tornava vez mais pesado.
Exausto,
ao chegar à outra margem, Cristóvão diz ao menino que mais fácil
seria atravessar o rio com o mundo às costas.
Ao
que o menino afirmou:
-
Transportaste às costas mais que o mundo, transportaste o seu
Criador. Eu sou Jesus a quem tu serves.
Depois,
o Menino Jesus ordenou a Cristóvão que espetasse o seu bastão na
terra.
Na
manhã seguinte o bastão estava transformado numa palmeira.
Este
milagre veio a converter muitas pessoas o que indignou o rei local.
Por
isso veio a ser preso e, depois de supliciado, decapitado.
Desta
versão podemos ver uma recriação realizada nas Festas do Concelho
de Boticas em 2010:
Numa
outra versão, de origem grega, Cristóvão é um bárbaro
convertido ao cristianismo e que se recusa a renegar a fé quando se
alista no exército romano.
Essa
recusa fez com que fosse supliciado e morto.
Uma
versão menos conhecida, foi-nos trazida de uma deslocação a
Riga em 2005.
Na
capital da Letónia consideram que o grande Cristóvão vivia nas
margens do rio Daugava, precisamente no local onde viria a ser
construída a cidade de Riga.
Num
espaço público existe uma imagem de S. Cristóvão, réplica da
original datada do século XVII.
Junto
à imagem de S. Cristóvão encontra-se uma placa de latão onde é
descrita a Lenda de Riga
Deixamos
a tradução livre do texto:
LENDA
DE RIGA
"Era
uma vez, há muito tempo, antes da cidade de Riga ter sido fundada,
um homem alto e forte chamado Lielais Kristaps (grande Cristóvão)
que transportava pessoas de um lado ao outro do rio Daugava.
Kristaps
vivia numa cabana na margem direita do rio.
Uma
noite enquanto dormia, Kristaps ouviu uma criança a chorar do outro
lado do rio. Levantou-se imediatamente para ir buscar a criança e
começou a transportá-la do outro lado do rio. A meio do caminho, a
criança tornou-se tão pesada que Kristaps mal conseguia chegar à
outra margem. Exausto, ele deitou a criança a dormir no seu barracão
e ele próprio adormeceu.
Na
manhã seguinte Kristaps acordou e encontrou um grande baú de moedas
de ouro no local onde a criança tinha estado. Após a sua morte, o
dinheiro foi usado para fundar a cidade de Riga, o primeiro edifício
foi construido no local onde a cabana de Kristaps existiu."
Gints
Upitis em 1997 fez cópia da escultura de madeira original construída
por Michael Brinkman em 1683. A estátua original está localizada no
Museu de Riga e Navegação.
Podemos
ainda referir uma outra lenda, a Lenda de S. Cristóvão
do Eça de Queirós - ainda que esta seja uma versão, ao estilo
do autor, passada na Idade Média.
Assim
como O Evangelho segundo Jesus Cristo do José Saramago não é
um texto bíblico, também não podemos considerar o escrito do Eça
como uma das lendas de S. Cristóvão.
Fica
o registo.
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