Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 25 de julho de 2013

AS LENDAS DE SÃO CRISTÓVÃO

 
Apesar de São Cristóvão ser dos santos mais populares, não é conhecida informação histórica sobre a sua vida e morte.
 
Em algumas fontes é referido que teria nascido na Síria, no século II, tendo-se entregado de alma e coração ao cristianismo e sido capturado e martirizado durante o período das perseguições aos cristãos no tempo do imperador Décio ou imperador Diocleciano, no século III .
 
No entanto, existem várias versões lendárias do nosso Santo Padroeiro.

 
A versão mais conhecida de todos nós refere-se a um possante homem que, pela sua mania das grandezas, queria servir o mais poderoso do mundo.

Tendo-se colocado ao serviço de um rei que, segundo o informaram, seria o homem mais poderoso de todos, depressa o abandona quando constata que o rei tem grande temor de Satanás.

Estando ao serviço de Satanás, vem a saber por um eremita que Cristo era muito mais poderoso.

O próprio eremita vem a convencê-lo que servir a Cristo seria dar provas de amor ao próximo.

Assim, para servir a Cristo, o gigante vai dedicar a sua vida a facilitar a travessia das pessoas entre as margens de um rio.

Até que, numa certa noite de tempestade, é acordado por um menino que lhe pede para o transportar para a outra margem.

Pegando no menino ao ombro, o que seria uma fácil travessia rapidamente se transforma numa grande dificuldade porque o menino a cada momento se tornava vez mais pesado.

Exausto, ao chegar à outra margem, Cristóvão diz ao menino que mais fácil seria atravessar o rio com o mundo às costas.

Ao que o menino afirmou:

- Transportaste às costas mais que o mundo, transportaste o seu Criador. Eu sou Jesus a quem tu serves.

Depois, o Menino Jesus ordenou a Cristóvão que espetasse o seu bastão na terra.

Na manhã seguinte o bastão estava transformado numa palmeira.

Este milagre veio a converter muitas pessoas o que indignou o rei local.

Por isso veio a ser preso e, depois de supliciado, decapitado.



Desta versão podemos ver uma recriação realizada nas Festas do Concelho de Boticas em 2010:




Numa outra versão, de origem grega, Cristóvão é um bárbaro convertido ao cristianismo e que se recusa a renegar a fé quando se alista no exército romano.

Essa recusa fez com que fosse supliciado e morto.

 
 
Uma versão menos conhecida, foi-nos trazida de uma deslocação a Riga em 2005.

Na capital da Letónia consideram que o grande Cristóvão vivia nas margens do rio Daugava, precisamente no local onde viria a ser construída a cidade de Riga.


Num espaço público existe uma imagem de S. Cristóvão, réplica da original datada do século XVII.



Junto à imagem de S. Cristóvão encontra-se uma placa de latão onde é descrita a Lenda de Riga


Deixamos a tradução livre do texto:

LENDA DE RIGA

"Era uma vez, há muito tempo, antes da cidade de Riga ter sido fundada, um homem alto e forte chamado Lielais Kristaps (grande Cristóvão) que transportava pessoas de um lado ao outro do rio Daugava.

Kristaps vivia numa cabana na margem direita do rio.

Uma noite enquanto dormia, Kristaps ouviu uma criança a chorar do outro lado do rio. Levantou-se imediatamente para ir buscar a criança e começou a transportá-la do outro lado do rio. A meio do caminho, a criança tornou-se tão pesada que Kristaps mal conseguia chegar à outra margem. Exausto, ele deitou a criança a dormir no seu barracão e ele próprio adormeceu.

Na manhã seguinte Kristaps acordou e encontrou um grande baú de moedas de ouro no local onde a criança tinha estado. Após a sua morte, o dinheiro foi usado para fundar a cidade de Riga, o primeiro edifício foi construido no local onde a cabana de Kristaps existiu."

Gints Upitis em 1997 fez cópia da escultura de madeira original construída por Michael Brinkman em 1683. A estátua original está localizada no Museu de Riga e Navegação.




Podemos ainda referir uma outra lenda, a Lenda de S. Cristóvão do Eça de Queirós - ainda que esta seja uma versão, ao estilo do autor, passada na Idade Média.

Assim como O Evangelho segundo Jesus Cristo do José Saramago não é um texto bíblico, também não podemos considerar o escrito do Eça como uma das lendas de S. Cristóvão.

Fica o registo.

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