O
Papa Francisco na audiência geral de hoje, 2 de Abril, concluindo o
ciclo de catequeses dedicadas aos sacramentos, recordou que o
matrimónio é «o ícone do amor de Deus por nós», porque
faz dos dois esposos «uma só existência»
“Deus
faz dos dois esposos uma só existência – a Bíblia diz “uma
única carne”...
Neste
sacramento – observou o Papa Francisco, Deus faz da união dos
esposos, numa só carne, um sinal do seu amor, um reflexo da comunhão
que existe no seio da Santíssima Trindade, onde as Três Pessoas –
o Pai, o Filho e o Espírito Santo, vivem desde sempre e para sempre
em união perfeita.
O
Matrimónio é também uma missão – definiu o Santo Padre: o amor
entre os esposos, manifestado nas coisas simples da vida quotidiana,
torna visível o amor com que Cristo ama a Igreja:
“Os
esposos, com efeito, por força do Sacramento, são investidos de uma
verdadeira missão, porque podem fazer visível, a partir das coisas
simples e normais, o amor com que Cristo ama a sua Igreja,
continuando a dar a vida por ela, na fidelidade e no serviço.”
É
necessário manter viva a união com Deus, que está na base da união
conjugal – considerou o Santo Padre, que logo indicou o seu segredo
para uma vida matrimonial serena, o amor é mais forte do que
qualquer litígio:
“O
amor é mais forte do que os momentos de litígio. Por isso eu
aconselho aos casais que não acabem o dia sem fazer a paz…”
“e
para fazer a paz não são precisas as Nações Unidas, uma carícia
basta!”
“E
assim é a vida, levá-la para a frente com a coragem de querer viver
juntos. E isto é belo!”
O
texto integral da Catequese do Papa:
Caros
irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje
concluímos o ciclo de catequeses sobre os Sacramentos, falando sobre
o Matrimónio.
Este
Sacramento leva-nos ao cerne do desígnio de Deus, que é um plano de
aliança com o seu povo, com todos nós, um desígnio de comunhão.
No início do livro do Génesis, o primeiro livro da Bíblia,
coroando a narração sobre a criação, afirma-se: «Deus criou o
homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a
mulher... Por isso, o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir
à sua mulher; e os dois serão uma só carne» (Gn
1, 27; 2, 24). A imagem de Deus é o casal no matrimónio: o
homem e a mulher; não só o homem, não somente a mulher, mas os
dois juntos. Esta é a imagem de Deus: o amor, a aliança de Deus
connosco está representada na aliança entre o homem e a mulher.
Isto é muito bonito! Somos criados para amar, como reflexo de Deus e
do seu amor. Na união conjugal o homem e a mulher realizam esta
vocação no sinal da reciprocidade e da comunhão de vida plena e
definitiva.
Quando
um homem e uma mulher celebram o sacramento do Matrimónio, Deus, por
assim dizer, «espelha-se» neles, imprime neles os seus lineamentos
e o carácter indelével do seu amor. O matrimónio é o ícone do
amor de Deus por nós. Com efeito, também Deus é comunhão: as três
Pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo vivem desde sempre e para
sempre em unidade perfeita. É precisamente nisto que consiste o
mistério do Matrimónio: dos dois esposos Deus faz uma só
existência. A Bíblia usa uma expressão forte e diz «uma só
carne», tão íntima é a união entre o homem e a mulher no
matrimónio! Eis precisamente o mistério do matrimónio: o amor de
Deus reflecte-se no casal que decide viver junto. Por isso, o homem
deixa a sua casa, a casa dos seus pais, e vai viver com a sua mulher,
unindo-se tão fortemente a ela que os dois se tornam — reza a
Bíblia — uma só carne.
Na
Carta aos Efésios, São Paulo frisa que nos esposos cristãos se
reflecte um mistério grandioso: a relação instaurada por Cristo
com a Igreja, uma relação nupcial (cf.
Ef 5, 21-33). A Igreja é a esposa de Cristo. Esta é a
relação. Isto significa que o Matrimónio corresponde a uma vocação
específica e deve ser considerado uma consagração (cf.
Gaudium et spes, 48;
Familiaris consortio, 56).
É uma consagração: o homem e a mulher são consagrados no seu
amor. Com efeito, em virtude do Sacramento, os esposos são
revestidos de uma autêntica missão, para que possam tornar visível,
a partir das realidades simples e ordinárias, o amor com que Cristo
ama a sua Igreja, continuando a dar a vida por ela na fidelidade e no
serviço.
No
sacramento do Matrimónio há um desígnio deveras maravilhoso! E
realiza-se na simplicidade e até na fragilidade da condição
humana. Bem sabemos quantas dificuldades e provas enfrenta a vida de
dois esposos... O importante é manter viva a união com Deus, que
está na base do vínculo conjugal. E verdadeira unidade é sempre
com o Senhor. Quando a família reza, o vínculo mantém-se. Quando o
esposo reza pela esposa, e a esposa ora pelo esposo, aquela união
revigora-se; um reza pelo outro. É verdade que na vida matrimonial
existem muitas dificuldades, muitas; que o trabalho, que o dinheiro
não é suficiente, que os filhos enfrentam problemas. Tantas
dificuldades! E muitas vezes o marido e a esposa tornam-se um pouco
nervosos e brigam entre si. Discutem, é assim, sempre se alterca no
matrimónio, e às vezes até voam pratos! Mas não devem
entristecer-se por isso, pois a condição humana é mesmo assim! E o
segredo é que o amor é mais forte do que o momento do litígio, e é
por isso que eu aconselho sempre aos cônjuges: não deixeis que
termine o dia em que discutistes, sem fazer as pazes. Sempre! E para
fazer as pazes não é necessário chamar as Nações Unidas, que
venham a casa para instaurar a paz. É suficiente um pequeno gesto,
uma carícia... E até amanhã! E amanhã tudo recomeça! Esta é a
vida. É preciso levá-la adiante assim, levá-la em frente com a
coragem de querer vivê-la juntos. E isto é grandioso, é bonito! A
vida matrimonial é realmente bela, e devemos preservá-la sempre,
cuidando dos filhos. Outras vezes eu já disse nesta Praça algo que
contribui muito para a vida matrimonial. Trata-se de três palavras
que é necessário pronunciar sempre, três palavras que devem
existir sempre em casa: com licença, obrigado, desculpa. Eis as três
palavras mágicas. Com licença: para não se intrometer na vida dos
cônjuges. Com licença, como te parece isto? Com licença,
permite-me. Obrigado: agradecer ao cônjuge; obrigado por aquilo que
fizeste por mim, obrigado por isto. A beleza da gratidão! E dado que
todos nós erramos, há outra palavra um pouco difícil de
pronunciar, mas necessária: desculpa. Com licença, obrigado e
desculpa. Com estas três palavras, com a oração do esposo pela
esposa e vice-versa, voltando a fazer as pazes sempre antes que o dia
termine, o matrimónio irá em frente. As três palavras mágicas, a
oração e fazer as pazes sempre! Que o Senhor vos abençoe e orai
por mim!
Saudações
Dou
as boas-vindas a todos os peregrinos de língua portuguesa,
nominalmente aos grupos escolares de Portugal e à delegação
ítalo-brasileira. Rezemos por todas as famílias, especialmente por
aquelas que passam por dificuldades, na certeza de que estas são um
dom de Deus nas nossas comunidades cristãs. Que Deus vos abençoe!
Saúdo
os jovens, os doentes e os recém-casados, recordando com a liturgia
são Francisco de Paula. Estimados jovens, especialmente vós, do
Grupo juvenil de Maddaloni, aprendei dele que a humildade é força,
não debilidade! Amados doentes, não vos canseis de pedir na oração
a ajuda do Senhor. E vós, queridos recém-casados, competi na estima
recíproca e na entreajuda.
PAPA
FRANCISCO, AUDIÊNCIA GERAL
Praça
de São Pedro, Quarta-feira, 2 de Abril de 2014
Fontes:
Rádio Vaticano, L'Osservatore Romano, Santa Sé
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