Denunciada
pelo Papa Francisco a idolatria do sistema financeiro que aniquila
milhões de famílias
Denunciando
a idolatria de um sistema financeiro que aniquila milhões de
famílias, o Papa Francisco invocou uma mudança nas regras do
capitalismo que continua a produzir descartes.
Estes
votos estão contidos no seu discurso dirigido aos participantes no
encontro sobre a Economia de Comunhão, promovido pelo Movimento dos
Focolares, recebidos na manhã de hoje 4 de Fevereiro.
Para
a sua reflexão, o Papa inspirou-se em dois termos «economia» e
«comunhão», que «a cultura actual mantém bem separadas», aliás
«considera opostas».
E
que na realidade os herdeiros espirituais de Chiara Lubich quiseram
unir, aceitando o convite de fundadora neste sentido.
O
Papa aprofundou três temas relativos ao dinheiro, à pobreza e ao
futuro.
A
propósito do primeiro, frisou a importância da «comunhão dos
rendimentos», porque o dinheiro «é importante, sobretudo quando
não há e dele dependem a comida, a escola o futuro dos filhos».
Outra
coisa é transformá-lo em ídolo; por isso, «quando o capitalismo
faz da busca do lucro sua única finalidade, corre o risco de se
tornar uma forma de culto».
“Percebe-se,
pois, o valor ético e espiritual da vossa escolha de colocar os
lucros em comum.
O
modo e mais concreto para não fazer do dinheiro um ídolo é
partilhá-lo com os outros, sobretudo os pobres, ou para fazer
estudar e trabalhar os jovens, vencendo a tentação idólatra com a
comunhão.
Quando
partilhais e doais os vossos lucros, estais a fazer um acto de alta
espiritualidade, dizendo com os factos ao dinheiro: tu não és Deus,
tu não és senhor, tu não és patrão”.
Quanto
à pobreza, o Pontífice elogiou as «múltiplas iniciativas públicas
e particulares» para a debelar.
E
recordou que «a razão dos impostos» está «também nesta
solidariedade, que é negada pela evasão e da fraude fiscal».
Não
obstante, «o capitalismo continua a produzir descartes que depois
gostaria de resolver».
Uma
hipocrisia evidente que deve ser eliminada, apostando na mudança das
regras de jogo do sistema económico-social.
“A
economia de comunhão, se quer ser fiel ao seu carisma, não deve
apenas curar as vítimas, mas construir um sistema em que as vítimas
são cada vez menos, e onde, possivelmente, elas já não existem.
Enquanto
a economia ainda produzir uma vítima, e enquanto houver uma pessoa
descartada, a comunhão ainda não está realizada, e a festa da
fraternidade universal não é completa”.
Enfim,
em relação ao futuro, o Santo Padre espera num crescimento desta
«experiência que por enquanto se limita a um pequeno número de
empresas».
Uma
esperança inspirada no princípio da reciprocidade, porque —
evocou — «a comunhão não é só divisão, mas também
multiplicação dos bens».
Eis
os seus votos conclusivos: «Continuar a ser semente, sal e fermento
de outra economia», onde «os ricos sabem compartilhar as suas
riquezas e os pobres são chamados bem-aventurados».
“A
economia de comunhão só terá futuro se a doardes a todos e não
permanecer apenas dentro da vossa "casa".
Doai-a
a todos, e antes de tudo aos pobres e aos jovens, que são os que
mais precisam e sabem fazer frutificar o dom recebido!
Para
ter vida em abundância, deve-se aprender a doar: não apenas os
lucros das empresas, mas a vós próprios (…).
A
economia de hoje, os pobres e os jovens precisam, antes de tudo, da
vossa alma, da vossa fraternidade respeitosa e humilde, da vossa
vontade de viver, e apenas depois o vosso dinheiro”.
Origem
do Projecto
Dirigida
de modo particular às Empresas, a proposta da “Economia de
Comunhão”, lançada no Brasil, em 1991, por Chiara Lubich,
fundadora do Movimento dos Focolares, coloca em comum a riqueza
produzida e fundamenta a dinâmica operacional sobre a comunhão e a
fraternidade.
Actualmente
centenas de empresas, no mundo inteiro, inspiram-se neste Projecto
para adoptar um controle centralizado na fraternidade e partilhar a
riqueza produzida.
A
“Economia de Comunhão” suscita o surgimento dos chamados “pólos
industriais”, inseridos nas Mariápolis permanentes, pequenos
“núcleos de testemunho” do Movimento dos Focolares.
Os
pólos industriais, construídos nestes anos no Brasil, Argentina,
Itália, Croácia, Bélgica e Portugal, indicam uma economia onde,
produzir e trabalhar, são verdadeiras expressões da lei evangélica
do amor recíproco.
O
Projecto “Economia de Comunhão”, na sua totalidade, tem o
objectivo de trabalhar por uma humanidade “sem indigentes”, em
vários níveis.
Com
a criação de trabalho, pode-se envolver os excluídos do sistema
económico e social, mediante uma cultura da partilha e da comunhão,
a criação de iniciativas educativas e culturais e ajudas concretas
aos projectos de desenvolvimento.
Fontes:
Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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