Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 4 de fevereiro de 2017

OUTRA ECONOMIA É POSSÍVEL




Denunciada pelo Papa Francisco a idolatria do sistema financeiro que aniquila milhões de famílias
 
 
Denunciando a idolatria de um sistema financeiro que aniquila milhões de famílias, o Papa Francisco invocou uma mudança nas regras do capitalismo que continua a produzir descartes.
Estes votos estão contidos no seu discurso dirigido aos participantes no encontro sobre a Economia de Comunhão, promovido pelo Movimento dos Focolares, recebidos na manhã de hoje 4 de Fevereiro.

Para a sua reflexão, o Papa inspirou-se em dois termos «economia» e «comunhão», que «a cultura actual mantém bem separadas», aliás «considera opostas».
E que na realidade os herdeiros espirituais de Chiara Lubich quiseram unir, aceitando o convite de fundadora neste sentido.

O Papa aprofundou três temas relativos ao dinheiro, à pobreza e ao futuro.

A propósito do primeiro, frisou a importância da «comunhão dos rendimentos», porque o dinheiro «é importante, sobretudo quando não há e dele dependem a comida, a escola o futuro dos filhos».
Outra coisa é transformá-lo em ídolo; por isso, «quando o capitalismo faz da busca do lucro sua única finalidade, corre o risco de se tornar uma forma de culto».

Percebe-se, pois, o valor ético e espiritual da vossa escolha de colocar os lucros em comum.
O modo e mais concreto para não fazer do dinheiro um ídolo é partilhá-lo com os outros, sobretudo os pobres, ou para fazer estudar e trabalhar os jovens, vencendo a tentação idólatra com a comunhão.
Quando partilhais e doais os vossos lucros, estais a fazer um acto de alta espiritualidade, dizendo com os factos ao dinheiro: tu não és Deus, tu não és senhor, tu não és patrão”.

Quanto à pobreza, o Pontífice elogiou as «múltiplas iniciativas públicas e particulares» para a debelar.
E recordou que «a razão dos impostos» está «também nesta solidariedade, que é negada pela evasão e da fraude fiscal».
Não obstante, «o capitalismo continua a produzir descartes que depois gostaria de resolver».
Uma hipocrisia evidente que deve ser eliminada, apostando na mudança das regras de jogo do sistema económico-social.

A economia de comunhão, se quer ser fiel ao seu carisma, não deve apenas curar as vítimas, mas construir um sistema em que as vítimas são cada vez menos, e onde, possivelmente, elas já não existem.
Enquanto a economia ainda produzir uma vítima, e enquanto houver uma pessoa descartada, a comunhão ainda não está realizada, e a festa da fraternidade universal não é completa”.

Enfim, em relação ao futuro, o Santo Padre espera num crescimento desta «experiência que por enquanto se limita a um pequeno número de empresas».
Uma esperança inspirada no princípio da reciprocidade, porque — evocou — «a comunhão não é só divisão, mas também multiplicação dos bens».
Eis os seus votos conclusivos: «Continuar a ser semente, sal e fermento de outra economia», onde «os ricos sabem compartilhar as suas riquezas e os pobres são chamados bem-aventurados».

A economia de comunhão só terá futuro se a doardes a todos e não permanecer apenas dentro da vossa "casa".
Doai-a a todos, e antes de tudo aos pobres e aos jovens, que são os que mais precisam e sabem fazer frutificar o dom recebido!
Para ter vida em abundância, deve-se aprender a doar: não apenas os lucros das empresas, mas a vós próprios (…).
A economia de hoje, os pobres e os jovens precisam, antes de tudo, da vossa alma, da vossa fraternidade respeitosa e humilde, da vossa vontade de viver, e apenas depois o vosso dinheiro”.



Origem do Projecto

Dirigida de modo particular às Empresas, a proposta da “Economia de Comunhão”, lançada no Brasil, em 1991, por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, coloca em comum a riqueza produzida e fundamenta a dinâmica operacional sobre a comunhão e a fraternidade.
Actualmente centenas de empresas, no mundo inteiro, inspiram-se neste Projecto para adoptar um controle centralizado na fraternidade e partilhar a riqueza produzida.

A “Economia de Comunhão” suscita o surgimento dos chamados “pólos industriais”, inseridos nas Mariápolis permanentes, pequenos “núcleos de testemunho” do Movimento dos Focolares.

Os pólos industriais, construídos nestes anos no Brasil, Argentina, Itália, Croácia, Bélgica e Portugal, indicam uma economia onde, produzir e trabalhar, são verdadeiras expressões da lei evangélica do amor recíproco.

O Projecto “Economia de Comunhão”, na sua totalidade, tem o objectivo de trabalhar por uma humanidade “sem indigentes”, em vários níveis.
Com a criação de trabalho, pode-se envolver os excluídos do sistema económico e social, mediante uma cultura da partilha e da comunhão, a criação de iniciativas educativas e culturais e ajudas concretas aos projectos de desenvolvimento.


Fontes: Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano


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