Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 6 de abril de 2017

A ESPERANÇA É UMA PESSOA, JESUS CRISTO



O Papa continuou a reflectir sua série de catequeses que tem como tema a “esperança cristã”
 
 
O Santo Padre desafia-nos a ler devagarinho a primeira Primeira Carta do apóstolo Pedro para entender o segredo e a força da Carta.


PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 5 de Abril de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A Primeira Carta do apóstolo Pedro tem em si uma carga extraordinária!
É preciso lê-la uma, duas, três vezes para compreender esta carga extraordinária: ela consegue infundir grande consolação e paz, fazendo entender como o Senhor está sempre ao nosso lado e nunca nos abandona, sobretudo nos momentos mais delicados e difíceis da nossa vida.
Mas qual é o «segredo» desta Carta, e de modo particular do trecho que acabámos de ouvir (cf. 1 Pd 3, 8-17)?
Esta é uma pergunta.
Sei que hoje abrireis o Novo Testamento, procurareis a primeira Carta de Pedro, lereis devagarinho, para entender o segredo e a força desta Carta. Qual é o segredo desta Carta?

O segredo consiste no facto que este escrito afunda as suas raízes directamente na Páscoa, no coração do mistério que estamos para celebrar, fazendo com que compreendamos toda a luz e a alegria que brotam da morte e ressurreição de Cristo, que ressuscitou verdadeiramente, e esta é uma linda saudação para fazermos no dia da Páscoa: «Cristo ressuscitou! Cristo ressuscitou!», como muitos povos fazem.
Recordar-nos de que Cristo ressuscitou, está vivo entre nós e habita em cada um de nós.
É por isso que São Pedro nos convida com vigor a adorá-lo nos nossos corações (cf. v. 16).
O Senhor começou a habitar ali no momento do nosso Baptismo, e dali continua a renovar a nós e à nossa vida, enchendo-nos com o seu amor e a plenitude do seu Espírito.
Eis então porque o Apóstolo nos recomenda a dizer a razão da esperança que está em nós (cf. v. 16): a nossa esperança não é um conceito, nem um sentimento, não é um telemóvel, nem uma porção de riquezas!
A nossa esperança é uma Pessoa, é o Senhor Jesus que reconhecemos vivo e presente em nós e nos nossos irmãos, porque Cristo ressuscitou.
Os povos eslavos quando se cumprimentam, em vez de dizer «bom dia», «boa noite», nos dias de Páscoa saúdam-se com a expressão «Cristo ressuscitou!», «Christos voskrese!» dizem entre si; e sentem-se felizes por isso!
Este é o «bom dia» e a «boa noite» que se desejam:
«Cristo ressuscitou!».

Compreendemos então que desta esperança não se deve dizer só a razão teórica, com palavras, mas sobretudo com o testemunho da vida, e isto deve acontecer quer no âmbito da comunidade cristã, quer fora dela.
Se Cristo está vivo e habita em nós, no nosso coração, então devemos também deixar que se torne visível, sem escondê-lo, e que aja em nós.
Isto significa que o Senhor Jesus deve tornar-se cada vez mais o nosso modelo: modelo de vida e que devemos aprender a comportar-nos como Ele se comportou.
Fazer o que fez Jesus.
Portanto, a esperança que habita em nós não pode permanecer escondida dentro de nós, no nosso coração: seria uma esperança débil, que não tem a coragem de sair e se mostrar: mas a nossa esperança, como se lê no Salmo 33 citado por Pedro, deve necessariamente desabrochar e sair, tomando a forma bonita e inconfundível da doçura, do respeito e da benevolência pelo próximo, chegando até a perdoar quem nos faz mal.
Uma pessoa que não tem esperança não consegue perdoar, não consegue dar a consolação do perdão nem obter a consolação de perdoar.
Sim, porque assim fez Jesus, e assim continua a fazer através de quantos lhes oferecem espaço no próprio coração e na vida, na consciência de que o mal não se vence com o mal, mas com a humildade, a misericórdia e a mansidão.
Os mafiosos pensam que o mal pode ser derrotado com o mal, e assim praticam a vingança e muitas outras coisas que todos sabemos.
Mas não sabem o que é a humildade, a misericórdia e a mansidão.
E por quê?
Porque os mafiosos não têm esperança.
Pensai nisto.

Eis por que São Pedro afirma que «é melhor sofrer praticando o bem do que fazendo o mal» (v. 17): não significa que é bom sofrer, mas que quando sofremos pelo bem, estamos em comunhão com o Senhor, o qual aceitou sofrer e ser crucificado pela nossa salvação.

Quando também nós, nas situações mais simples e nas mais importantes da nossa vida, aceitamos sofrer pelo bem, é como se espalhássemos ao nosso redor as sementes da ressurreição, sementes de vida e fizéssemos resplandecer na escuridão a luz da Páscoa.
É por isso que o Apóstolo nos exorta a responder sempre «desejando o bem» (v. 9): a bênção não é uma formalidade, não é só um sinal de cortesia, mas um grande dom que nós primeiro recebemos e depois temos a possibilidade de partilhar com os irmãos.
É o anúncio do amor de Deus, um amor sem medida, que não se esgota, que nunca falta e que constitui o fundamento verdadeiro da nossa esperança.

Queridos amigos, compreendamos também porque o Apóstolo Pedro nos chama «bem-aventurados», se devêssemos sofrer pela justiça (cf. v. 13).
Não é só por uma razão moral nem ascética, mas porque cada vez que desempenhamos a parte dos últimos e dos marginalizados ou não respondemos ao mal com o mal, mas perdoando, sem vingança, perdoando e abençoando, sempre que fazemos isto resplandecemos como sinais vivos e luminosos de esperança, tornando-nos assim instrumentos de consolação e de paz, segundo o coração de Deus.
E assim vamos em frente com a doçura, a mansidão, com o ser amável e praticando o bem também àqueles que não nos querem bem ou nos fazem mal.
Em frente!


Fontes: Santa Sé;Rádio Vaticano


Sem comentários:

Enviar um comentário