Na
catequese desta Quarta-feira o Papa comentou na passagem de Mateus em
que Jesus promete que estará connosco todos os dias até o fim dos
tempos
O
tema da esperança tem sido o fio condutor das audiências gerais das
Quartas-feiras.
Esta
semana o Papa Francisco comentou o trecho do Evangelho de Mateus
«Estarei
convosco todos os dias até ao fim do mundo» (28, 20)
sobre a promessa de Deus de caminhar ao lado de cada pessoa durante a
vida inteira.
O
Papa disse que
“A
nossa alma é uma alma migrante.
A
Bíblia está cheia de histórias de peregrinos e viajantes.”
Mas,
sublinhou,
“No
seu caminhar no mundo, o homem nunca está sozinho.”
Transcrição
da catequese do Papa Francisco:
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Quarta-feira,
26 de Abril de 2017
Bom
dia, prezados irmãos e irmãs!
«Eu
estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28, 20).
Estas
últimas palavras do Evangelho de Mateus evocam o anúncio profético
que encontramos no início: «Ele chamar-se-á Emanuel, que significa
Deus connosco» (Mt 1, 23; cf. Is 7, 14).
Deus
estará ao nosso lado todos os dias, até ao fim do mundo.
Jesus
caminhará ao nosso lado todos os dias, até ao fim do mundo.
O
Evangelho inteiro está encerrado entre estas duas citações,
palavras que comunicam o mistério de Deus cujo nome, cuja identidade
é estar-com: não é um Deus isolado, mas um Deus-com, de modo
particular connosco, ou seja, com a criatura humana.
O
nosso Deus não é um Deus ausente, raptado por um céu remoto; ao
contrário, é um Deus «apaixonado» pelo homem, tão ternamente
amante que chega a ser incapaz de se separar dele.
Nós,
humanos, somos peritos em romper vínculos e pontes.
Ele,
ao contrário, não!
Se
o nosso coração arrefece, o seu permanece sempre incandescente.
O
nosso Deus acompanha-nos sempre, inclusive se, por desventura, nos
esquecêssemos dele.
No
ponto que divide a incredulidade da fé, é decisiva a descoberta de
que somos amados e acompanhados pelo nosso Pai, que Ele nunca nos
deixa sozinhos.
A
nossa existência é uma peregrinação, um caminho.
Até
aqueles que são impelidos por uma esperança simplesmente humana
sentem a sedução do horizonte, que os leva a explorar mundos ainda
desconhecidos.
A
nossa alma é uma alma migrante.
A
Bíblia está cheia de histórias de peregrinos e viajantes.
A
vocação de Abraão começa com esta exortação: «Deixa a tua
terra» (Gn 12, 1).
E
o patriarca abandona aquele recanto de mundo que conhecia bem e que
era um dos berços da civilização do seu tempo.
Tudo
conspirava contra a sensatez daquela viagem.
E
no entanto Abraão parte.
Não
nos tornamos homens e mulheres maduros, se não sentirmos a atracção
do horizonte: aquele limite entre o céu e a terra que pede para ser
alcançado por um povo de caminhantes.
No
seu caminhar no mundo, o homem nunca está sozinho.
Sobretudo
o cristão nunca se sente abandonado, porque Jesus nos garante que
não nos aguardará apenas no final da nossa longa viagem, mas que
nos acompanhará em cada um dos nossos dias.
Até
quando perdurará a atenção de Deus pelo homem?
Até
quando o Senhor Jesus, que caminha connosco, até quando cuidará de
nós?
A
resposta do Evangelho não deixa margem a dúvidas: até ao fim do
mundo!
Passarão
os céus, passará a terra, serão anuladas as esperanças humanas,
mas a Palavra de Deus é maior do que tudo e não passará.
E
Ele será o Deus connosco, o Deus Jesus que caminha ao nosso lado.
Não
haverá um dia da nossa vida em que cessaremos de ser uma solicitude
para o Coração de Deus.
Contudo,
alguém poderia dizer: «Mas o que dizes?».
Digo
isto: não haverá um dia da nossa vida em que deixaremos de ser uma
solicitude para o Coração de Deus.
Ele
preocupa-se connosco, caminha ao nosso lado.
E
por que faz isto?
Simplesmente
porque nos ama.
Entendestes
isto? Ele ama-nos!
E
sem dúvida Deus proverá a todas as nossas necessidades, não nos
abandonará no tempo da prova e da escuridão.
É
preciso que esta certeza se aninhe no nosso espírito, para nunca
mais se apagar.
Há
quem lhe dê o nome de «Providência».
Ou
seja, a proximidade de Deus, o amor de Deus, o caminhar de Deus ao
nosso lado chama-se também «Providência de Deus»: Ele provê à
nossa vida.
Não
é por acaso que entre os símbolos cristãos da esperança existe um
do qual eu gosto muito: a âncora.
Ela
exprime que a nossa esperança não é vaga; não deve ser confundida
com o sentimento mutável de quem deseja aperfeiçoar as situações
deste mundo de maneira irrealista, apostando unicamente na própria
força de vontade.
Com
efeito, a esperança cristã encontra a sua raiz não na atracção
do futuro, mas na segurança daquilo que Deus nos prometeu e realizou
em Jesus Cristo.
Se
Ele nos garantiu que nunca nos abandonará, se o princípio de cada
vocação é um «Segue-me!», com o qual Ele nos assegura que
permanecerá sempre à nossa frente, então por que devemos recear?
Com
esta promessa, os cristãos podem ir por toda a parte.
Inclusive
atravessando as regiões de um mundo ferido, onde a situação não é
boa, nós estamos entre aqueles que até ali continuam a esperar.
O
salmo reza: «Ainda que eu atravesse um vale escuro, nada temerei,
pois estais comigo» (Sl 23, 4).
Exactamente
onde se propaga a obscuridade é necessário manter acesa uma luz.
Voltemos
à âncora.
A
nossa fé é a âncora no céu.
Mantemos
a nossa vida ancorada no céu? Que devemos fazer?
Segurar
a corda: ela está sempre ali.
E
vamos em frente, porque estamos certos de que a nossa vida tem a sua
âncora no céu, naquela margem onde chegaremos.
Sem
dúvida, se confiássemos apenas nas nossas forças, teríamos razão
de nos sentirmos desiludidos e derrotados, porque o mundo se
demonstra muitas vezes refractário às leis do amor.
Prefere
frequentemente as leis do egoísmo.
Mas
se em nós sobreviver a certeza de que Deus não nos abandona, que
Deus ama com ternura tanto a nós como a este mundo, então a
perspectiva muda imediatamente.
«Homo
viator, spe erectus», diziam os antigos.
Ao
longo do caminho, a promessa de Jesus «Eu estou convosco» leva-nos
a estar de pé, erguidos, com esperança, convictos de que o bom Deus
já age para realizar aquilo que humanamente parece impossível,
porque a âncora está na praia do céu.
O
santo povo fiel de Deus é um povo que está de pé — «homo
viator» — e caminha, mas de pé, «erectus», caminha na
esperança.
E
onde quer que vá, sabe que o amor de Deus o precedeu: não há
região do mundo que evite a vitória de Cristo Ressuscitado.
E
qual é a vitória de Cristo Ressuscitado? A vitória do amor.
Obrigado!
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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