Na
catequese desta semana o Papa falou de Cristo Ressuscitado esperança
do homem tal como é apresentado na primeira Carta de São Paulo aos
Coríntios
Se
Cristo não tivesse ressuscitado teríamos nele um exemplo de
dedicação suprema, mas isto não poderia gerar a nossa fé.
A
fé nasce da Ressurreição – insistiu o Papa.
Aceitar
que Cristo morreu e que morreu na cruz, não é um acto de fé, é um
acto histórico, mas acreditar que ressuscitou, sim.
“A
nossa fé nasce na manhã de Páscoa”.
O
Santo Padre pergunta porque S. Paulo de perseguidor se tornou
apóstolo:
“Porque
eu vi Jesus vivo!
Vi
Jesus Cristo Ressuscitado!
Eis
o fundamento da fé de Paulo, assim como da fé dos demais apóstolos,
da fé da Igreja, da nossa própria fé.”
A
catequese do Papa:
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Praça
São Pedro, Quarta-feira, 19 de Abril de 2017
Bom
dia, prezados irmãos e irmãs!
Hoje
encontramo-nos na luz da Páscoa, que celebramos e continuamos a
celebrar mediante a Liturgia.
Por
isso, no nosso itinerário de catequese sobre a esperança cristã,
hoje desejo falar-vos de Cristo Ressuscitado, nossa esperança, assim
como no-lo apresenta São Paulo na primeira Carta aos Coríntios (cf.
cap. 15).
O
apóstolo quer resolver uma problemática que, certamente, na
comunidade de Corinto estava no centro dos debates.
A
ressurreição é o último dos argumentos enfrentados na Carta mas,
provavelmente, em ordem de importância, é o primeiro: com efeito,
tudo depende deste pressuposto.
Falando
aos seus cristãos, Paulo começa a partir de um dado incontestável,
que não é o êxito de uma reflexão de um sábio qualquer, mas um
acontecimento, um simples evento que teve lugar na vida de algumas
pessoas.
É
daqui que nasce o cristianismo.
Não
é uma ideologia, nem sequer um sistema filosófico, mas um caminho
de fé, que tem início num acontecimento, testemunhado pelos
primeiros discípulos de Jesus.
Paulo
resume-o deste modo: Jesus morreu pelos nossos pecados, foi
sepultado, ressuscitou no terceiro dia e apareceu a Pedro e aos Doze
(cf. 1 Cor 15, 3-5).
Eis
o acontecimento: Ele morreu, foi sepultado, ressuscitou e apareceu.
Ou
seja, Jesus está vivo!
É
este o cerne da mensagem cristã.
Anunciando
este evento, que constitui o núcleo fulcral da fé, Paulo insiste
acima de tudo sobre o último elemento do mistério pascal, ou seja,
sobre a constatação de que Jesus ressuscitou.
Com
efeito, se tudo tivesse acabado com a morte, nele teríamos um
exemplo de dedicação suprema, mas isto não poderia gerar a nossa
fé.
Ele
foi um herói.
Não!
Morreu, mas ressuscitou.
Porque
a fé brota da ressurreição.
Aceitar
que Cristo morreu, e morreu crucificado, não constitui um gesto de
fé, mas um acontecimento histórico.
Ao
contrário, crer que ressuscitou, sim.
A
nossa fé nasce na manhã de Páscoa. Paulo faz um elenco de pessoas
às quais Jesus Ressuscitado apareceu (cf. vv. 5-7).
Aqui
temos uma breve síntese de todas as narrações pascais e de todas
as pessoas que entraram em contacto com o Ressuscitado.
No
topo da lista está Cefas, ou seja Pedro, e o grupo dos Doze; depois,
«quinhentos irmãos», muitos dos quais ainda podiam dar o seu
próprio testemunho; em seguida, é mencionado Tiago.
O
última da lista — como o menos digno de todos — é ele mesmo.
Acerca
de si próprio, Paulo diz: «Como um aborto» (cf. v. 8).
Paulo
utiliza esta expressão porque a sua história pessoal é dramática:
ele não era um ministrante, mas um perseguidor da Igreja, orgulhoso
das próprias convicções; sentia-se um homem bem sucedido, com uma
ideia muito límpida do que era a vida com os seus deveres.
Contudo,
neste quadro perfeito — em Paulo tudo era perfeito, ele sabia tudo
— neste quadro de vida perfeito, certo dia acontece algo que era
absolutamente imprevisível: o encontro com Jesus Ressuscitado no
caminho de Damasco.
Ali
não havia apenas um homem caído no chão: havia uma pessoa
arrebatada por um acontecimento que teria invertido o sentido da sua
vida.
E
o perseguidor tornou-se apóstolo, mas porquê?
Porque
eu vi Jesus vivo!
Vi
Jesus Cristo Ressuscitado!
Eis
o fundamento da fé de Paulo, assim como da fé dos demais apóstolos,
da fé da Igreja, da nossa própria fé.
Como
é bom pensar que o cristianismo é essencialmente isto!
Não
é tanto a nossa busca em relação a Deus — na verdade, uma
procura tão vacilante — como sobretudo a busca de Deus em relação
a nós.
Jesus
alcançou-nos, arrebatou-nos, conquistou-nos para nunca mais nos
deixar.
O
cristianismo é graça, é surpresa, e por este motivo pressupõe um
coração capaz de admiração.
Um
coração fechado, um coração racionalista, é incapaz de
admiração, e não consegue entender o que é o cristianismo, porque
o cristianismo é graça, e a graça só se sente, e além disso só
se encontra, no enlevo do encontro.
E
então, não obstante sejamos pecadores — todos nós o somos — e
se os nossos propósitos de bem permanecerem letra-morta, ou então
se, olhando para a nossa vida, nos dermos conta de ter acumulado
tantas derrotas...
Na
manhã de Páscoa podemos agir como aquelas pessoas das quais fala o
Evangelho: ir ao sepulcro de Cristo, ver a grande pedra removida e
pensar que Deus continua a preparar para mim, para todos nós, um
futuro inesperado.
Ir
ao nosso sepulcro: todos nós temos um pouco dele dentro de nós.
Ir
ali e ver que dali Deus é capaz de ressurgir.
É
nisto que consiste a felicidade, a alegria e a vida, onde todos
pensavam que havia unicamente tristeza, derrota e trevas.
Deus
faz crescer as suas flores mais bonitas no meio das pedras mais
áridas.
Ser
cristão significa não começar a partir da morte, mas do amor de
Deus por nós, que derrotou a nossa acérrima inimiga.
Deus
é maior do que o nada, e é suficiente uma vela acesa para vencer a
noite mais escura.
Fazendo
eco aos profetas, Paulo clama:
«Onde
está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão» (v. 55).
Nestes
dias de Páscoa, conservemos este brado no coração.
E
se nos perguntarem o porquê do nosso sorriso concedido e da nossa
partilha paciente, então poderemos responder que Jesus ainda está
aqui, que Ele permanece vivo entre nós, que Jesus está ao nosso
lado aqui na praça: vivo e ressuscitado!
Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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