Para
uma vivência consciente do mistério pascal
Mensagem
Quaresmal de D. Manuel Linda, Bispo do Porto:
Nota
Pastoral - Para uma vivência consciente do mistério pascal
Os
momentos mais solenes da vida supõem preparação.
Assim
acontece com a Igreja e o seu ritmo celebrativo anual.
Ora,
o ponto mais alto do ano litúrgico, como sabemos, é a Páscoa.
Pois
bem, para a sua celebração condigna, a Igreja propõe-nos este
tempo de «arrumar a casa interior» que é a quaresma.
Seguiremos
o espírito do nosso plano pastoral e colocaremos os olhos da alma na
exemplaridade do profeta Jonas.
Mas,
em concreto, como proceder?
Também
aqui se verifica a frase de Jesus que compara o reino de Deus a “um
pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas”
(Mt 13, 52).
E
hoje, o alicerce do reino de Deus é a Igreja que não cessa de nos
recordar o que vem de sempre e, porventura, fazer novas propostas
conformes com as necessidades do momento.
Entre
as tradicionais, para a vivência da quaresma, estão a via da
interioridade (o relativo silêncio, a oração, a escuta da Palavra
de Deus), a via da conversão (a abstinência e o jejum como meios de
auto-domínio que conduzem ao sacramento da Penitência e este ao da
Eucaristia) e a via da fraternidade (contributo penitencial, ou
participação ordinária na sustentação da Igreja, e renúncia
quaresmal, resultado de um estilo de vida mais sóbrio, traduzido em
poupança que se coloca ao serviço dos mais pobres).
Estes
dois ofertórios costumam juntar-se num único.
Consultados
os órgãos de participação, concordou-se dividir o resultado da
tal renúncia quaresmal da seguinte forma: cinquenta por cento para o
Fundo de Solidariedade social da nossa Diocese e outra metade para
ajuda à Venezuela.
O
nosso Fundo de Solidariedade diocesano tem prestado ajuda a imensas
situações graves emergentes ou pedidos de auxilio que nos são
reportadas continuamente; quanto à Venezuela, participamos num
programa da Cáritas local cuja função é localizar e suprir
situações de carência alimentar severa ou grave, particularmente
entre crianças e grávidas.
Na
sua mensagem para esta quaresma, o Papa Francisco acrescenta mais um
vector: o “jardim da comunhão” com a própria natureza,
expressão da glória de Deus e casa comum para todos nós.
Se
não nos responsabilizamos por ela, obscurecemos a nossa relação
com Deus, autor de tanta beleza, e prejudicamos gravemente os irmãos,
pois a crise ecológica traduz-se em doenças e mortes causadas pela
poluição, em desastres naturais, em fome devido à seca ou
enxurradas, em pragas que afectam as culturas, etc.
Vivamos,
então, esta quaresma como tempo de graça e caminho de felicidade.
Seja-me
permitido acentuar o recurso ao sacramento da Penitência e a
generosidade da renúncia quaresmal.
Que
o Senhor nosso Deus volte sobre vós o seu olhar e vos conceda a paz.
Porto,
4 de Março de 2019
+
Manuel, Bispo do Porto
Fonte:
Diocese do Porto; Voz Portucalense
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