Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

MENSAGEM DE NATAL 2020 DO NOSSO BISPO

 



Estarei convosco na oração, no pensamento, na preocupação por vós”

   


Na sua mensagem, D. Manuel dá particular atenção aos mais velhos e pede-nos “o sacrifício acrescido de, este ano, sabermos prescindir daquilo que mais gostamos em nome da prudência: os contactos familiares por alturas do Natal. Para que o sofrimento de todos não aumente mais”.

Aceitai, pois, o sacrifício deste ano para que, em 2021, só haja alegria e risos e não remorsos ou recordações tristes.”

E manifesta um desejo:

Que o vosso Natal seja menos duro do que o de Jesus, Maria e José. E que os sofrimentos que têm de ser suportados se transformem, brevemente, em alegria e contentamento...”



MENSAGEM DE NATAL DO BISPO DO PORTO

Saudação aos “Maiores”

Caras diocesanas e caros diocesanos que vos encontrais na idade dita «dourada»,

na vossa e na minha idade já se vive de recordações. Permiti, pois, que comece esta mensagem com uma referência à minha história pessoal.

Retenho na memória uma imagem da infância: a minha avó paterna, a única que conheci, sentada numa cadeira pois tinha dificuldades de movimento, a apanhar sol, com a bengala na mão e a rabiscar com ela no chão, como quem sente necessidade de escrever a sua história de vida. E eu, ao lado dela, sempre a fazer as perguntas mais infantis e aborrecidas: “Ó «vó», donde vem o frio?; Ó «vó», como é que as estrelas se seguram e não caiem?

Não sei que é que a minha avó pensaria da minha impertinência nem eu me recordo das respostas que me dava. Mas sei uma coisa: que gostava que eu estivesse junto dela e eu procurava a sua companhia.

Lembro-me disto porque sei bem que, convosco, se passa o mesmo: a maior alegria que vos podem dar é a companhia dos vossos. E, de forma especial aqueles que habitualmente vivem nos Lares e casas de repouso, anseiam por certas datas para o reencontro com os filhos, os netos e, porventura, os bisnetos. Claro que, a mais esperada dessas datas é sempre o Natal. Imagino, portanto, como contais o tempo: “ainda faltam tantos dias”; “já só faltam estes dias para o Natal”…

Este ano, porém, as coisas são diferentes. Exige de nós algumas privações. Porventura, pode exigir que saudemos os nossos e recebamos a sua saudação, mas pelo telemóvel ou pelo computador. É que esta terrível pandemia causa-nos muitos problemas e nem sequer permite que usemos a riqueza maior e que mais apreciamos: a expressão dos afectos que aquece a alma, os afagos de mãos que retiram todas as dores dos ossos, o beijo que diminui vinte ou trinta anos na idade, o sorriso que espevita a fogueira do amor e acende a da esperança.

Precisamente por causa disto, venho pedir-lhes o sacrifício acrescido de, este ano, sabermos prescindir daquilo que mais gostamos em nome da prudência: os contactos familiares por alturas do Natal. Para que o sofrimento de todos não aumente mais. É que todos nós ouvimos falar de conhecidos infectados pelo vírus, de amigos que tiveram de passar dias e dias nos cuidados intensivos dos hospitais, até, porventura, de pessoas que morreram no mesmo Lar. E isso gerou medo de contágio, pavor de que a epidemia se espalhasse mais, receio de nem sequer sabermos se a pessoa que se encontrava à nossa frente estava ou não infectada.

Graças a Deus, podemos já reanimar a esperança. Sim, graças a Deus que deu inteligência e determinação a tantos que estudaram, prepararam, testaram, produziram e lançaram as vacinas no mercado. E aí estão elas não apenas como medicamento que cura, mas prevenção que evita que se apanhe a doença. Graças a Deus que, dentro de poucos dias, começaremos o processo daquilo que os entendidos chamam a «imunidade de grupo». E poderemos voltar aos afectos, às carícias, aos encontros. Numa palavra, à família.

Se, neste Natal, não podereis regressar a vossas casas e muitos dos vossos familiares não poderão estar convosco, prometo a minha presença espiritual: eu estarei convosco na oração, no pensamento, na preocupação por vós. Sim, rezarei por vós. Rezai também por mim.

Se Deus quiser, para o ano, tudo será diferente. Aceitai, pois, o sacrifício deste ano para que, em 2021, só haja alegria e risos e não remorsos ou recordações tristes.

O Menino Jesus é o único Salvador do mundo. Curiosamente, o seu primeiro Natal foi como sabemos: de extrema pobreza, desconfortável, porventura com os seus pais cheios de fome e cansaço. Mas as pessoas uniram-se e nada faltou: vieram os pastores e trouxeram o que tinham, vieram os vizinhos e ajudaram, vieram os reis do Oriente e ofereceram grandes presentes. E o projecto de Deus cumpriu-se: o Menino cresceu e um mundo novo começou. É. Quando sabemos dar as mãos, as maravilhas acontecem.

Que o vosso Natal seja menos duro do que o de Jesus, Maria e José. E que os sofrimentos que têm de ser suportados se transformem, brevemente, em alegria e contentamento, tal como referiram os Anjos aos pastores: “Anuncio-vos uma grande alegria. Hoje, na cidade de Belém, nasceu-vos um Salvador!”.

Um Natal feliz e abençoado! E um novo ano com muita saúde e alegria, vivido na graça de Deus!

O vosso bispo e irmão,

+ Manuel, Bispo do Porto


Fonte: Diocese do Porto


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