O
Papa reprovou o actual modelo mundial de produção de alimentos
”com
toda a sua ciência, consente que cerca de 800 milhões de pessoas
passem fome”
Numa
mensagem enviada na passada sexta-feira à Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) por ocasião do Dia
Mundial da Alimentação (16 de Outubro), o Papa Francisco abordou
inicialmente a questão das mudanças climáticas, pedindo que as
decisões do Acordo de Paris “não fiquem
somente nas palavras, mas se tornem em valentes decisões concretas”.
“No
sector de actuação da FAO, está a crescer o número daqueles que
pensam que são omnipotentes e podem ignorar o ciclo das estações
ou modificar indevidamente as diferentes espécies de animais e
plantas, provocando a perda desta variedade que, se existe na
natureza, significa que tem – e deve ter – uma função”.
No
contexto das manipulações genéticas, o Papa observou que “obter
uma qualidade que dá excelentes resultados em laboratório pode ser
vantajoso para alguns, mas pode ter efeitos desastrosos para outros”.
Convida
a dar a devida atenção à sabedoria dos produtores rurais:
“Esta
sabedoria que os agricultores, os pescadores, os ganadeiros conservam
na memória das gerações, e que agora vêem como está sendo
ridicularizada e esquecida por um modelo de produção que beneficia
somente pequenos grupos e uma pequena porção da população
mundial”
E
condena ainda o desperdício de alimentos:
“Já
não basta impressionar-se e comover-se diante de quem, em qualquer
latitude, pede o pão de cada dia”.
“É
necessário decidir-se e actuar.
Muitas
vezes, também enquanto Igreja católica, recordamos que os níveis
de produção mundial são suficientes para garantir a alimentação
de todos, com a condição de que haja uma justa distribuição”.
A
mensagem do Papa termina com um apelo para uma mudança de rumo, à
qual todos estamos chamados a cooperar:
“Cada
um nos seus respectivos âmbitos de responsabilidade, mas todos com a
mesma função de construtores de uma ordenação interna nos países
e uma ordenação internacional, permita que o desenvolvimento não
seja somente uma prerrogativa de poucos, nem que os bens da criação
sejam património dos poderosos”.
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano
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