Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

NATAL É ABRIR O CORAÇÃO À ESPERANÇA





A catequese de ontem do Papa Francisco foi sobre a esperança cristã
 
 
O Santo Padre recordou o profeta Isaías que nos convida a abrirmo-nos à esperança, acolhendo a Boa-Nova da salvação que está a chegar.

O Papa sublinhou algumas das palavras do canto de Isaías no capítulo 52:

«O Senhor mostra a força do seu braço poderoso (…) e todos os confins da terra verão o triunfo do nosso Deus».
«Diz a Sião: “O rei é o teu Deus!”».


A catequese do Santo Padre:


Bom dia, amados irmãos e irmãs!

Aproximamo-nos do Natal e, mais uma vez, o profeta Isaías nos ajuda a abrir-nos à esperança recebendo a Boa Nova da vinda da salvação.

O capítulo 52 de Isaías começa com o convite dirigido a Jerusalém para que desperte, sacuda a poeira que a cobre, se livre das cadeias que a prendem e vista trajes de gala, porque o Senhor veio para libertar o seu povo (vv. 1-3).
E acrescenta: «O meu povo conhecerá o meu nome, naquele dia compreenderá que sou Eu quem diz: Eis-me!» (v. 6).

A este «eis-me!» pronunciado por Deus, que resume toda a sua vontade de salvação e de proximidade a nós, responde o cântico de júbilo de Jerusalém, segundo o convite do profeta.
É um momento histórico muito importante.
É o fim do exílio da Babilónia, é para Israel a possibilidade de voltar a encontrar Deus e, na fé, de se encontrar a si mesmo.
O Senhor faz-se próximo e o «pequeno resto», ou seja, o pequeno povo que permanecer depois do exílio e que no exílio perseverou na fé, que atravessou a crise e continuou a crer e a esperar até no meio da escuridão, aquele «pequeno resto» poderá ver as maravilhas de Deus.

Nesta altura o profeta insere um cântico de exultação:
«Como são belos sobre as montanhas
os pés do mensageiro que anuncia a paz,
do mensageiro que traz as boas novas e anuncia a libertação,
que diz a Sião: “O teu Deus reina!”.
[…]
Prorrompei todos em brados de alegria,
ruínas de Jerusalém
porque o Senhor se compadeceu do seu povo,
e resgatou Jerusalém!
O Senhor descobriu o seu braço santo
aos olhares das nações;
e todos os confins da terra verão
o triunfo do nosso Deus»
(Is 52, 7.9-10).

Estas palavras de Isaías, sobre as quais queremos meditar um pouco, referem-se ao milagre da paz, e fazem-no de uma maneira muito especial, pondo o olhar não no mensageiro mas nos seus pés que correm rápidos:
«Como são belos sobre as montanhas os pés do mensageiro...».

Parece o esposo do Cântico dos Cânticos, que corre para a sua amada:
«Ei-lo que vem, saltando sobre os montes, pulando sobre as colinas» (Ct 2, 8).
Assim também corre o mensageiro de paz, para anunciar a feliz notícia de libertação, de salvação, proclamando que Deus reina.

Deus não abandonou o seu povo e não se deixou derrotar pelo mal, porque Ele é fiel e a sua graça é maior do que o pecado.
É isto que devemos aprender, porque nós somos teimosos e não o aprendemos.
Mas farei uma pergunta: quem é maior, Deus ou o pecado? Deus!
E quem vence no final, Deus ou o pecado? Deus!
É Ele capaz de derrotar o maior pecado, o mais vergonhoso, o mais terrível, o pior pecado?
Com que arma vence Deus o pecado? Com o amor!
Isto quer dizer que «Deus reina»; são estas as palavras da fé num Senhor cujo poder se inclina sobre a humanidade, abaixando-se para oferecer a misericórdia e libertar o homem daquilo que nele deturpa a bonita imagem de Deus, porque quando vivemos no pecado a imagem de Deus é desfigurada.
E o cumprimento de tanto amor será precisamente o Reino instaurado por Jesus, aquele Reino de perdão e de paz que nós celebramos com o Natal e que se realiza definitivamente na Páscoa.
E a alegria mais linda do Natal é este júbilo interior de paz: o Senhor cancelou os meus pecados, o Senhor perdoou-me, o Senhor teve misericórdia de mim, veio para me salvar.
Eis a alegria do Natal!

Irmãos e irmãs, são estas as razões da nossa esperança.
Quando parece que tudo terminou, quando diante de tantas realidades negativas a fé se torna cansativa e temos a tentação de dizer que já nada tem sentido, eis ao contrário a boa notícia trazida por aqueles pés velozes: Deus vem realizar algo de novo, instaurar um reino de paz; Deus «descobriu o seu braço» e vem trazer liberdade e consolação.
O mal não triunfará para sempre, há um fim para a dor.
O desespero é derrotado porque Deus está no meio de nós.

E também nós somos estimulados a despertar um pouco, como Jerusalém, segundo o convite que lhe dirige o profeta; somos chamados a tornar-nos homens e mulheres de esperança, colaborando para a vinda deste Reino feito de luz e destinado a todos, homens e mulheres de esperança.
Como é desagradável quando encontramos o cristão que perdeu a esperança!
«Eu não espero nada, tudo acabou para mim»: assim diz o cristão que não é capaz de fitar horizontes de esperança e, diante do seu coração, só tem um muro.
Mas Deus destrói estes muros com o perdão!
Por isso devemos rezar para que Deus nos dê a esperança cada dia, a nós e a todos, aquela esperança que nasce quando vemos Deus no presépio em Belém.
A mensagem da Boa Nova que nos foi confiada é urgente, e também nós devemos correr como o mensageiro sobre as montanhas, porque o mundo não pode esperar, a humanidade tem fome e sede de justiça, de verdade e de paz.

E vendo o pequeno Menino de Belém, os pequeninos do mundo descobrirão que a promessa se cumpriu, que a mensagem se realizou.
Num Menino recém-nascido, necessitado de tudo, envolto em panos e colocado numa manjedoura, está encerrado todo o poder do Deus que salva.
O Natal é um dia para abrir o coração: é preciso abrir o coração a tanta pequenez, que se encontra ali naquele Menino, e tanta maravilha.
É a maravilha do Natal, para o qual nos preparamos com esperança neste tempo de Advento.
É a surpresa de um Deus Menino, de um Deus pobre, de um Deus frágil, de um Deus que abandona a sua grandeza para se fazer próximo de cada um de nós.

PAPA FRANCISCO
Quarta-feira, 14 de Dezembro de 2016



Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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