Celebrado
pela Igreja neste domingo dia 22 de Outubro, tem por tema
“A
missão no coração da fé cristã”
[ Dia Mundial das Missões 2019 – 20 de Outubro ]
Este mês de Outubro, dedicado às missões, é um período de intensificação das iniciativas de animação e cooperação missionária no mundo inteiro.
Este mês de Outubro, dedicado às missões, é um período de intensificação das iniciativas de animação e cooperação missionária no mundo inteiro.
Na
mensagem deste ano, o Papa escreve:
“Este
Dia convida-nos a reflectir novamente sobre a missão no coração da
fé cristã.
De
facto a Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for,
deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando duma associação
entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua
finalidade e desapareceria.”
MENSAGEM
DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO
PARA
O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2017
A
missão no coração da fé cristã
Queridos
irmãos e irmãs!
O
Dia Mundial das Missões concentra-nos, também este ano, na pessoa
de Jesus, «o primeiro e maior evangelizador» (Paulo VI, Exort. ap.
Evangelii nuntiandi, 7), que incessantemente nos envia a anunciar o
Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo.
Este
Dia convida-nos a reflectir novamente sobre a missão no coração
da fé cristã.
De
facto a Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for,
deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando duma associação
entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua
finalidade e desapareceria.
Por
isso, somos convidados a interrogar-nos sobre algumas questões que
tocam a própria identidade cristã e as nossas responsabilidades de
crentes, num mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes
frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas, que
injustamente atingem sobretudo os inocentes.
Qual
é o fundamento da missão?
Qual
é o coração da missão?
Quais
são as atitudes vitais da missão?
A
missão e o poder transformador do Evangelho de Cristo, Caminho,
Verdade e Vida
1.
A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade,
funda-se sobre o poder transformador do Evangelho.
Este
é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e
oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual,
comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho,
Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6).
É
Caminho que nos convida a segui-Lo com confiança e coragem.
E,
seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos experiência da sua
Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena comunhão com
Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda a forma de
egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor.
2.
Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos e
filhas; uma transformação que se expressa como culto em espírito e
verdade (cf. Jo 4, 23-24), ou seja, numa vida animada pelo Espírito
Santo à imitação do Filho Jesus para glória de Deus Pai.
«A
glória de Deus é o homem vivo» (Ireneu, Adversus haereses IV, 20,
7).
Assim,
o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e eficaz que realiza o
que proclama (cf. Is 55, 10-11), isto é, Jesus Cristo, que
incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1,
14).
A
missão e o kairós de Cristo
3.
Por conseguinte, a missão da Igreja não é a propagação duma
ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime.
No
mundo, há muitos movimentos capazes de apresentar ideais elevados ou
expressões éticas notáveis.
Diversamente,
através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a
evangelizar e agir; e, por isso, aquela representa o kairós,
o tempo propício da salvação na história.
Por
meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso
contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor
experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado
que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra.
«A
sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de
vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a
aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força
sem igual» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276).
4.
Lembremo-nos sempre de que, «ao início do ser cristão, não há
uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um
acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e,
desta forma, o rumo decisivo» (Bento XVI, Carta. enc. Deus caritas
est, 1).
O
Evangelho é uma Pessoa, que continuamente Se oferece e, a quem A
acolhe com fé humilde e operosa, continuamente convida a partilhar a
sua vida através duma participação efectiva no seu mistério
pascal de morte e ressurreição.
Assim,
por meio do Baptismo, o Evangelho torna-se fonte de vida nova,
liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito
Santo; através da Confirmação, torna-se unção
fortalecedora que, graças ao mesmo Espírito, indica caminhos e
estratégias novas de testemunho e proximidade; e, mediante a
Eucaristia, torna-se alimento do homem novo, «remédio de
imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2).
5.
O mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo.
Ele,
através da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano,
curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de
Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por
veredas enviesadas e sem saída.
E,
graças a Deus, não faltam experiências significativas que
testemunham a força transformadora do Evangelho.
Penso
no gesto daquele estudante «dinka» que, à custa da própria vida,
protege um estudante da tribo «nuer» que ia ser assassinado.
Penso
naquela Celebração Eucarística em Kitgum, no norte do Uganda –
então ensanguentado pelas atrocidades dum grupo de rebeldes –,
quando um missionário levou as pessoas a repetirem as palavras de
Jesus na cruz: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mc 15,
34), expressando o grito desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor
crucificado.
Aquela
Celebração foi fonte de grande consolação e de muita coragem para
as pessoas.
E
podemos pensar em tantos testemunhos – testemunhos sem conta – de
como o Evangelho ajuda a superar os fechamentos, os conflitos, o
racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação,
a fraternidade e a partilha entre todos.
A
missão inspira uma espiritualidade de êxodo, peregrinação e
exílio contínuos
6.
A missão da Igreja é animada por uma espiritualidade de êxodo
contínuo.
Trata-se
de «sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas
as periferias que precisam da luz do Evangelho» (Francisco, Exort.
ap. Evangelii gaudium, 20).
A
missão da Igreja encoraja a uma atitude de peregrinação
contínua através dos vários desertos da vida, através das
várias experiências de fome e sede de verdade e justiça.
A
missão da Igreja inspira uma experiência de exílio contínuo, para
fazer sentir ao homem sedento de infinito a sua condição de exilado
a caminho da pátria definitiva, pendente entre o «já» e o «ainda
não» do Reino dos Céus.
7.
A missão adverte a Igreja de que não é fim em si mesma, mas
instrumento e mediação do Reino.
Uma
Igreja autorreferencial, que se compraza dos sucessos terrenos, não
é a Igreja de Cristo, seu corpo crucificado e glorioso.
Por
isso mesmo, é preferível «uma Igreja acidentada, ferida e
enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo
fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças»
(Ibid., 49).
Os
jovens, esperança da missão
8.
Os jovens são a esperança da missão.
A
pessoa de Jesus e a Boa Nova proclamada por Ele continuam a fascinar
muitos jovens.
Estes
buscam percursos onde possam concretizar a coragem e os ímpetos do
coração ao serviço da humanidade.
«São
muitos os jovens que se solidarizam contra os males do mundo,
aderindo a várias formas de militância e voluntariado. (...) Como é
bom que os jovens sejam “caminheiros da fé”, felizes por levarem
Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra!»
(Ibid., 106).
A
próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá
lugar em 2018 sobre o tema «Os jovens, a fé e o discernimento
vocacional», revela-se uma ocasião providencial para envolver
os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua
rica imaginação e criatividade.
O
serviço das Obras Missionárias Pontifícias
9.
As Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para
suscitar em cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias
fronteiras e das próprias seguranças, fazendo-se ao largo a fim de
anunciar o Evangelho a todos.
Através
duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum
esforço constante de formação e animação missionária,
envolvem-se adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes,
religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um
coração missionário.
Promovido
pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a
ocasião propícia para o coração missionário das comunidades
cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a
comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da
evangelização.
Fazer
missão com Maria, Mãe da evangelização
10.
Queridos irmãos e irmãs, façamos missão inspirando-nos em Maria,
Mãe da evangelização.
Movida
pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na profundidade da sua fé
humilde.
Que
a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer
ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor
de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a
morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de
procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação.
Vaticano,
4 de Junho – Solenidade de Pentecostes – de 2017.
FRANCISCO
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano
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