O
Papa concluiu o ciclo das reflexões dedicadas ao tema da esperança
cristã
Falou
sobre a meta final da existência
«O
paraíso, meta da nossa esperança» foi o fio condutor da 38ª e
última catequese sobre este tema, centrada no trecho do Evangelho de
Lucas que narra o diálogo entre Cristo crucificado e o bom ladrão
(23, 33.38-43).
O
Santo Padre inspirou-se na constatação de que “paraíso” é uma
das últimas palavras pronunciadas por Jesus na Cruz, ao dirigir-se
ao bom ladrão.
O
Papa Francisco convidou a deter-se sobre essa cena em que ao lado de
Jesus, estão dois malfeitores, um dos quais reconhece ter merecido
aquele terrível suplício.
Jesus
chama-o de “o bom ladrão”.
“No
Calvário, naquela sexta-feira trágica e santa, Jesus chega ao
extremo da sua encarnação, da sua solidariedade com nós pecadores.
Ali
realiza-se quanto o profeta Isaías tinha dito sobre o Servo
sofredor:
«E
foi contado entre os malfeitores»“.
A
atitude do bom ladrão, recorda-nos – prossegui o Papa, que somos
filhos de Deus, que Ele sente compaixão em relação a nós e que
fica desarmado cada vez que lhe manifestamos a nostalgia do seu amor.
“Nos
quartos de muitos hospitais ou nas celas das prisões este milagre
repete-se inúmeras vezes: não há pessoa alguma, por quanto tenha
vivido mal, à qual só lhe resta o desespero e à qual seja proibida
a graça.
Diante
de Deus apresentamo-nos todos de mãos vazias, um pouco como o
publicano da parábola que tinha parado para rezar no fundo do templo
(cf. Lc 18,13).
E
todas as vezes que um homem, fazendo o último exame de consciência
da sua vida, descobre que as faltas superam de forma considerável as
boas obras, não deve desanimar, mas entregar-se à misericórdia de
Deus.”
Transcrição
da catequese do Santo Padre:
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Quarta-feira,
25 de Outubro de 2017
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
Esta
é a última catequese sobre o tema da esperança cristã, que nos
acompanhou desde o início do presente ano litúrgico.
E
vou concluir falando do paraíso, como meta da nossa esperança.
«Paraíso»
é uma das últimas palavras pronunciadas por Jesus na cruz, dirigida
ao bom ladrão.
Detenhamo-nos
um momento sobre aquela cena.
Na
cruz, Jesus não está sozinho.
Ao
seu lado, à direita e à esquerda, há dois malfeitores.
Talvez,
passando diante daquelas três cruzes erguidas no Gólgota, alguém
suspirou aliviado, pensando que finalmente a justiça tinha sido
feita entregando à morte pessoas como elas.
Ao
lado de Jesus há também um réu confesso: alguém que reconhece ter
merecido aquele terrível suplício.
Chamamo-lo
“bom ladrão”, o qual, opondo-se ao outro, diz: recebemos o que
mereceram os nossos crimes (cf. Lc 23, 41)
No
Calvário, naquela sexta-feira trágica e santa, Jesus chega ao
extremo da sua encarnação, da sua solidariedade com nós pecadores.
Ali
realiza-se quanto o profeta Isaías tinha dito sobre o Servo
sofredor: «E foi contado entre os malfeitores» (Is 53, 12; cf. Lc
22, 37).
É
precisamente no Calvário que Jesus tem o último encontro com um
pecador, para abrir de par em par as portas do seu Reino.
Isto
é interessante: é a única vez que a palavra “paraíso” aparece
nos evangelhos.
Jesus
promete-o a um “pobre diabo” que no madeiro da cruz teve a
coragem de lhe dirigir o mais humilde dos pedidos: «Lembra-te de
mim, quando entrares no teu Reino!» (Lc 23, 42).
Não
tinha boas obras para apresentar, nada possuía, mas confia-se a
Deus, que reconhece como inocente, bom, tão diferente dele (v. 41).
Foi
suficiente aquela palavra de arrependimento humilde, para
sensibilizar o coração de Jesus.
O
bom ladrão faz-nos lembrar a nossa verdadeira condição diante de
Deus: que somos seus filhos, que Ele sente compaixão por nós, que
Ele está desarmado todas as vezes que lhe manifestamos a nostalgia
do seu amor.
Nos
quartos de muitos hospitais ou nas celas das prisões este milagre
repete-se inúmeras vezes: não há pessoa alguma, por quanto tenha
vivido mal, à qual só lhe resta o desespero e à qual seja proibida
a graça.
Diante
de Deus apresentamo-nos todos de mãos vazias, um pouco como o
publicano da parábola que tinha parado para rezar no fundo do templo
(cf. Lc 18,13).
E
todas as vezes que um homem, fazendo o último exame de consciência
da sua vida, descobre que as faltas superam de forma considerável as
boas obras, não deve desanimar, mas entregar-se à misericórdia de
Deus.
E
isto dá-nos esperança, abre-nos o coração!
Deus
é Pai, e até ao último instante espera o nosso retorno.
E
ao filho pródigo, que regressando começa a confessar as suas
culpas, o pai fecha-lhe a boca com um abraço (cf. Lc 15, 20).
Este
é Deus: ama-nos deste modo!
O
paraíso não é um lugar de fábula, nem sequer um jardim encantado.
O
paraíso é o abraço com Deus, Amor infinito, e entramos nele graças
a Jesus, que morreu na cruz por nós.
Onde
há Jesus, há misericórdia e felicidade; sem Ele há frio e trevas.
Na
hora da morte, o cristão repete a Jesus: “Recorda-te de mim”.
E
mesmo se não houvesse mais ninguém que se recorda de nós, Jesus
está ali, ao nosso lado.
Quer
levar-nos para o lugar mais bonito que existe.
Deseja
levar-nos lá com aquele pouco ou tanto de bom que houve na nossa
vida, para que nada seja perdido do que Ele já tinha redimido.
E
para a casa do Pai levará também tudo o que em nós ainda precisa
de ser resgatado: as faltas e os erros de uma vida inteira.
Esta
é a meta da nossa existência: que tudo se cumpra, e seja
transformado em amor.
Se
acreditarmos nisto, a morte deixa de nos amedrontar, e podemos também
ter a esperança de partir deste mundo de maneira serena, com muita
confiança.
Quem
conheceu Jesus, já nada teme.
E
poderemos repetir também nós as palavras do Velho Simeão, também
ele abençoado pelo encontro com Cristo, depois de uma vida inteira
consumida em expectativa: «Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em
paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa
salvação» (Lc 2, 29-30).
E
naquele instante, finalmente, já não teremos necessidade de nada,
já não veremos de maneira confusa.
Já
não choraremos inutilmente, porque tudo passou; também as
profecias, inclusive o conhecimento.
Mas
o amor não, esse permanece. Porque «a caridade jamais acabará»
(cf. 1 Cor 13,8).
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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