Por
dois Papas vivos
o Papa emérito Bento XVI em 2009
o Papa Francisco em 2015
o Papa Francisco em 2015
PAPA
BENTO XVI
ÂNGELUS
Praça
de São Pedro
Domingo,
22 de Novembro de 2009
Queridos
irmãos e irmãs!
Neste
último domingo do Ano litúrgico celebramos a solenidade de Jesus
Cristo Rei do universo, uma festa instituída recentemente, mas que
tem contudo profundas raízes bíblicas e teológicas.
O
título "rei", referido a Jesus, é muito importante nos
Evangelhos e permite fazer uma leitura completa da sua figura e da
sua missão de salvação.
Pode-se
observar a este propósito uma progressão: parte-se da expressão
"rei de Israel" e chega-se à de rei universal, Senhor da
criação e da história, portanto muito além das expectativas do
próprio povo judeu.
No
centro deste percurso de revelação da realeza de Jesus Cristo está
mais uma vez o mistério da sua morte e ressurreição.
Quando
Jesus é crucificado, os sacerdotes, os escribas e os idosos
escarnecem-no dizendo: "Se é o rei de Israel, desça da cruz,
e acreditaremos n'Ele" (Mt 27, 42).
Na
realidade, precisamente porque é o Filho de Deus Jesus entregou-se
livremente à sua paixão, e a cruz é o sinal paradoxal da sua
realeza, que consiste na vontade do amor de Deus Pai sobre a
desobediência do pecado.
É
precisamente oferecendo-se a si mesmo no sacrifício de expiação
que Jesus se torna o Rei universal, como Ele mesmo declarará ao
aparecer aos Apóstolos depois da ressurreição: "Foi-Me dado
todo o poder no céu e na terra" (Mt 28, 18).
Mas
em que consiste o "poder" de Jesus Cristo Rei?
Não
é o dos reis e dos grandes deste mundo; é o poder divino de dar a
vida eterna, de libertar do mal, de derrotar o domínio da morte.
É
o poder do Amor, que do mal sabe obter o bem, enternecer um coração
endurecido, levar paz ao conflito mais áspero, acender a
esperança na escuridão mais cerrada.
Este
Reino da Graça nunca se impõe, e respeita sempre a nossa
liberdade.
Cristo
veio para "dar testemunho da verdade" (Jo 18, 37) – como
declarou diante de Pilatos –: quem acolhe o seu testemunho,
coloca-se sob a sua "bandeira", segundo a imagem querida a
Santo Inácio de Loyola.
Portanto,
torna-se necessária – sem dúvida – para cada consciência uma
opção: quem quero seguir? Deus ou o maligno? A verdade ou a
mentira?
Escolher
Cristo não garante o sucesso segundo os critérios do mundo, mas
assegura aquela paz e alegria que só Ele pode dar.
Demonstra
isto, em todas as épocas, a experiência de tantos homens e mulheres
que, em nome de Cristo, em nome da verdade e da justiça, souberam
opor-se às lisonjas dos poderes terrenos com as suas diversas
máscaras, até selar com o martírio esta sua fidelidade.
Queridos
irmãos e irmãs, quando o Anjo Gabriel levou o anúncio a Maria,
prenunciou-lhe que o seu Filho teria herdado o trono de David e
reinado para sempre (cf. Lc 1, 32-33).
E
a Virgem Santa acreditou ainda antes de O dar ao mundo.
Depois,
sem dúvida, teve que se interrogar sobre qual novo género de
realeza era a de Jesus, e compreendeu-o ouvindo as suas palavras e
sobretudo participando intimamente do mistério da sua morte e
ressurreição.
Peçamos
a Maria que nos ajude também a nós a seguir Jesus, nosso Rei, como
ela fez, e a dar testemunho dele com toda a nossa existência.
PAPA
FRANCISCO
ÂNGELUS
Praça
São Pedro
Domingo,
22 de Novembro de 2015
Prezados
irmãos e irmãs, bom dia!
Neste
último domingo do ano litúrgico, celebramos a solenidade de Cristo
Rei do universo.
E
o Evangelho de hoje leva-nos a contemplar Jesus que se apresenta a
Pilatos como Rei de um reino que «não é deste mundo» (Jo 18, 36).
Isto
não significa que Cristo é Rei de outro mundo, mas que é Rei de
outro modo, e no entanto é Rei neste mundo.
Trata-se
de um contraste entre duas lógicas.
A
lógica mundana está assente sobre a ambição, sobre a competição,
combate com as armas do medo, da chantagem e da manipulação das
consciências.
A
lógica do Evangelho, ou seja a lógica de Jesus, ao contrário,
exprime-se na humildade e na gratuitidade, afirma-se silenciosa mas
eficazmente, com a força da verdade.
Às
vezes, os reinos deste mundo baseiam-se em prepotências, rivalidades
e opressões; o reino de Cristo é um «reino de justiça, de amor e
de paz» (Prefácio).
Quando
se revelou Jesus como Rei?
No
evento da Cruz!
Quem
contempla a Cruz de Cristo não pode deixar de ver a surpreendente
gratuitidade do amor.
Um
de vós pode dizer: «Mas Padre, isto foi um fracasso!».
É
precisamente na falência do pecado — o pecado é um fracasso —
na falência das ambições humanas que há o triunfo da Cruz, a
gratuitidade do amor.
No
fracasso da Cruz vê-se o amor, o amor que é gratuito, que Jesus nos
oferece.
Para
o cristão, falar de poder e de força significa fazer referência ao
poder da Cruz e à força do amor de Jesus: um amor que permanece
firme e íntegro, inclusive diante da rejeição, e que se manifesta
como o cumprimento de uma vida dedicada na oferta total de si a favor
da humanidade.
No
Calvário, os transeuntes e os chefes zombam de Jesus crucificado, e
lançam-lhe o desafio: «Salva-te a ti mesmo, desce da Cruz!» (Mc
15, 30).
«Salva-te
a ti mesmo!».
No
entanto, paradoxalmente, a verdade de Jesus é aquela que, em tom de
escárnio, lhe lançam os seus adversários: «Não consegue
salvar-se a si mesmo!» (v. 31).
Se
Jesus tivesse descido da Cruz, teria cedido à tentação do príncipe
deste mundo; ao contrário, Ele não pode salvar-se a si mesmo
precisamente para poder salvar os outros, porque entregou a sua vida
por nós, por cada um de nós. Dizer: «Jesus deu a sua vida pelo
mundo» é verdade, mas é mais bonito afirmar: «Jesus deu a sua
vida por mim!».
E
hoje, aqui na praça, cada um de nós diga no seu coração: «Ele
deu a sua vida por mim!», para poder salvar cada um de nós dos
nossos pecados.
E
quem compreendeu isto?
Quem
o entendeu bem foi um dos malfeitores crucificados juntamente com
Ele, chamado o «bom ladrão», que o suplica: «Jesus, lembra-te de
mim, quando entrares no teu Reino!» (Lc 23, 42).
Mas
ele era um malfeitor, um corrupto e fora condenado à morte
precisamente por todas as brutalidades que tinha cometido durante a
sua vida.
No
entanto, na atitude de Jesus, na mansidão de Jesus, ele viu o amor.
Esta
é a força do reino de Cristo: é o amor.
Por
isso, a realeza de Jesus não nos oprime, mas liberta-nos das nossas
debilidades e misérias, encorajando-nos a percorrer os caminhos do
bem, da reconciliação e do perdão.
Contemplemos
a Cruz de Jesus, olhemos para o bom ladrão e repitamos todos juntos
aquilo que o bom ladrão disse: «Jesus, lembra-te de mim, quando
entrares no teu Reino!».
Todos
juntos: «Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino!».
Quando
nos sentirmos frágeis, pecadores e derrotados, peçamos a Jesus que
olhe para nós, dizendo-lhe: «Tu estás ali. Não te esqueças de
mim!».
Diante
das numerosas lacerações no mundo e das demasiadas feridas na carne
dos homens, peçamos à Virgem Maria que nos ampare no nosso
compromisso de imitar Jesus, nosso Rei, tornando presente o seu reino
com gestos de ternura, de compreensão e de misericórdia.
Fonte:
Santa Sé
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