Mas
devemos pedir "livrai-nos do mal"
Na
Audiência Geral de hoje, o Papa Francisco deu continuidade ao seu
ciclo de catequeses sobre a oração do Pai Nosso.
Inspirou-se
no trecho das escrituras tirado da primeira carta de São Pedro
apóstolo (5, 6-9) para reflectir sobre a sétima expressão:
«Livrai-nos do mal».
Quem
a pronuncia, explicou, «não só pede para não ser abandonado no
tempo da tentação, mas suplica também para ser libertado» do
«maligno que tende a pegar-nos e a morder-nos» como «um leão
furioso».
Eis
então a importância desta prece através da qual «Jesus nos deixa
a herança mais preciosa», garantiu o Papa.
De
facto, «se não houvesse os últimos versículos do Pai Nosso como poderiam rezar os pecadores, os perseguidos, os desesperados, os
moribundos?».
“Há
um mal na nossa vida, que é uma presença indiscutível.
Os
livros de história são o desolador catálogo de quanto a nossa
existência neste mundo tem sido uma aventura muitas vezes
fracassada.
Há
um mal misterioso, que certamente não é obra de Deus - sim, não é
obra de Deus -, mas penetra silencioso entre as páginas da história.
Silencioso
como a serpente que carrega o veneno silenciosamente.”
“A
pessoa que reza não é cega, e vê com clareza diante de seus olhos
esse mal que é tão presente e tão em contradição com o mistério
próprio de Deus.
Não
há ninguém entre nós que possa dizer estar isento do mal, ou de
não ser ao menos tentado.
Todos
nós sabemos o que é o mal, todos nós sabemos o que é a tentação,
todos nós experimentamos na própria carne a tentação, de qualquer
pecado.
Mas
o tentador sugere-nos: faz isto, pensa isto, vai por aquele caminho -
leva-nos ao mal.”
"Do
perdão de Jesus na Cruz brota a paz, a verdadeira paz vem da cruz: o
dom do Ressuscitado é a paz, um dom que nos dá Jesus (...).
O
Senhor dá-nos a paz, dá-nos o perdão, mas nós devemos pedir
"livrai-nos do mal", para não cair no mal.
Esta
é a nossa esperança, a força que nos dá Jesus, Jesus
ressuscitado, que está aqui, no meio de nós, Ele está aqui.
Está
aqui, com a força que nos dá para seguir em frente e que promete
libertar-nos do mal".
Resumo
da catequese de hoje:
«Livrai-nos
do mal»: pedimos nós a Deus, na última invocação do Pai Nosso.
Assim,
Jesus ensinou-nos a invocar o Pai em todas as ocasiões da vida,
incluindo aquelas em que se faz sentir a presença ameaçadora do
maligno.
A
pessoa que ora não é cega; tem diante dos olhos esta presença
embaraçante e contrária ao mistério de Deus: um mal misterioso
que, seguramente, não é obra de Deus, mas penetra, silencioso, nos
sulcos da história.
O
último grito do Pai Nosso é lançado contra esta presença do
maligno, sob cuja instigação se multiplicam no mundo os lutos do
homem, as injustiças, a escravidão, a exploração do outro, o
sofrimento das crianças e a profanação da sua inocência.
Ora
todos estes factos geram repulsa no coração da pessoa humana.
Esta
é um ser votado à vida, que sonha com o amor e o bem, mas depois
acaba subjugada ao mal.
A
contradição sentida dentro de nós mesmos é tal, que podemos ser
levados a desesperar do homem…
O
cristão sabe, por experiência, como é aliciante e subjugador o
poder do maligno («é como um leão que ronda e ruge, procurando a
quem devorar»), mas sabe também que Jesus nunca cedeu às suas
seduções, suportou o mal e venceu-o por nós: está da nossa parte
e vem em nossa ajuda.
Se
não houvesse esta súplica no Pai Nosso, como poderiam rezar os
pecadores, os perseguidos, os desesperados, os moribundos?
A
imploração – «livrai-nos do mal» – recorda a todos a presença
do Filho de Deus que nos libertou do mal e restituiu a paz com a sua
ressurreição.
Nisto
está a nossa esperança.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano; L’Osservatore Romano
Sem comentários:
Enviar um comentário