Decorre
esta semana de 5 a 12 de Maio
A
Semana de Oração pelas Vocações, assinalada já desde há 56 anos
a esta parte e celebrada pela Igreja do mundo inteiro, constitui um
desafio para que todos, particularmente os cristãos, possam
reflectir sobre a incontornável dimensão vocacional da vida de cada
ser humano, rezando pelas vocações no seio da Igreja (matrimónio,
sacerdócio, vida consagrada e vida laical).
Tendo
lugar em pleno tempo da Páscoa, quando trazemos no coração e nos
lábios, de modo particularmente mais intenso, o anúncio festivo da
Ressurreição de Jesus, esta Semana, realizada entre os III e IV
domingos deste tempo e culminando naquele que é conhecido como o
domingo do Bom Pastor, Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o
que este ano corresponde ao intervalo de dias entre 5 e 12 de Maio,
recorda-nos que as vocações na Igreja têm uma marca profundamente
pascal, porque todas nos interpelam para o serviço aos outros, para
o amor sem medida, para a entrega da vida, para o risco de
procurarmos a alegria inédita e indescritível que se ergue e se
descobre na manhã perfumada e luminosa da Ressurreição.
Na
verdade, a vocação joga-se, precisamente, neste binómio da ousadia
e da alegria, da renúncia e da esperança, do risco e da promessa de
que nos fala o Papa Francisco na Mensagem que publicou para esta
semana, subordinada ao tema “A coragem de arriscar pela promessa de
Deus”, que surge como o primeiro dos documentos que integram este
conjunto de propostas.
Inspirando-se
no texto relativo à vocação dos primeiros discípulos, o Santo
Padre recorda-nos que todos nós, baptizados, somos chamados pelo
Senhor Jesus à Missão de “pescadores de homens”.
O
Papa desafia-nos a não ficarmos parados na praia, com as redes na
mão…
No
fundo, que cada um se sinta interpelado a contemplar os horizontes
mais belos da missão da evangelização, para que diante do
chamamento de Jesus que vem ao nosso encontro nas praias da nossa
vida, tenhamos a coragem de arriscar com Ele e por Ele,
aventurando-nos por novas rotas, rumo a um “sonho maior”!
Por
sua vez, o tema proposto pelo Sumo Pontífice encontra uma profunda
interligação com o Ano Missionário proposto pela Conferência
Episcopal para este ano.
Na
verdade, ser missão (o missionário é um enviado) é deixar-se “ser
promessa”, deixar-se interpelar por Jesus que nos faz a sua
“promessa”, como outrora aos primeiros discípulos, e como o
Santo Padre refere na sua Mensagem: “Farei de vós pescadores de
homens”.
Neste
caso, “a coragem de arriscar pela promessa de Deus” significa
deixar-se comprometer ou, se quisermos, sentir o desejo de Deus de
assumir uma atitude que nos “compromete” “a seguir”, que nos
“envia” “de seguida”, ou seja, uma promessa que dá esperança
e propõe o compromisso de nos deixarmos enviar no presente e no
futuro como trabalhadores da seara do Senhor.
Ora,
e como já referido, é este desafio que queremos levar a todos,
particularmente aos mais jovens das nossas comunidades.
Por
isso, o conjunto de subsídios que aqui apresentamos e propomos, este
ano preparados pelo Departamento Pastoral Vocacional da Arquidiocese
de Braga, procuram contemplar e atender a toda transversalidade e
centralidade de que se deve revestir a Pastoral Vocacional no coração
de cada comunidade e de cada acção pastoral.
Assim,
desde um hino e respectivo videoclipe, assim como uma proposta de
momento cultural, que ultrapassam largamente as fronteiras do
estritamente religioso, propomos ainda um vasto leque de subsídios
que convidam à oração, em diferentes contextos e dedicados a
várias faixas etárias (Oração da Semana, Vigília de Oração,
Lectio Divina, Mistérios do Terço e Orações “Passo-a-Rezar”).
Destaque
ainda para todas as acções de formação, dirigidas, em primeiro
lugar, a todos os agentes de pastoral (sacerdotes, catequistas,
coordenadores de grupos de jovens, coordenadores de acólitos, chefes
de guias de Portugal, chefes de escuteiros, professores de EMRC...),
na medida em que estes têm um papel fulcral na dinamização de uma
semana como esta, assim como no acompanhamento do processo de
discernimento vocacional dos que lhes são confiados, particularmente
os mais jovens, atendendo às directrizes lançadas pelo mais recente
Sínodo dos Bispos, realizado em Roma em Outubro de 2018 e sob o tema
“Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
As
propostas de formação, adaptadas às diferentes faixas etárias,
também se dirigem, em contexto de catequese, às crianças,
adolescentes, jovens e pais / adultos / família, assim como aos
alunos das aulas de EMRC.
De
salientar ainda os textos e música para as celebrações litúrgicas
e as propostas para momentos mais lúdicos e, ao mesmo tempo,
formativos e com um forte convite à oração e à reflexão, como
uma Peregrinação Vocacional e uma proposta de itinerário de visita
a um Seminário ou Instituto Religioso.
Não
obstante as especificidades próprias de cada documento e o facto de
encontrarem aplicabilidade em diferentes e apropriados contextos, há
um elemento comum que predomina em todas as propostas deste elenco.
Estes
subsídios podem ser um rico e importante recurso mesmo fora desta
Semana de Oração pelas Vocações de 2019, seja em próximas
edições desta iniciativa, seja em qualquer outra altura do ano ou
no contexto de diferentes actividades que se possam realizar no
âmbito de uma paróquia, arciprestado ou diocese.
O
objectivo principal destes subsídios será sempre ajudar a promover
uma pastoral testemunhal, do encontro, do chamamento e do
acompanhamento, ao serviço da comunhão e de uma Igreja sinodal, ao
jeito da pedagogia de Jesus Cristo, onde cada um é interpelado a
percorrer um caminho de verdadeiro discernimento vocacional, para que
a Pastoral Vocacional seja, efectivamente, (re)colocada no coração
das comunidades e se possa implementar uma renovada e profícua
cultura vocacional, transversal a todos os setores de pastoral, a
todo o dinamismo da acção eclesial.
Documentos
de apoio podem ser descarregados no portal da diocese.
Mensagem
do Papa Francisco para a 56ª Jornada Mundial de Oração pelas
Vocações que se celebra a 12 de Maio de 2019, IV Domingo de Páscoa:
A
coragem de arriscar pela promessa de Deus
Queridos
irmãos e irmãs!
Depois
da experiência vivaz e fecunda, em Outubro passado, do Sínodo
dedicado aos jovens, celebramos recentemente no Panamá a XXXIV
Jornada Mundial da Juventude. Dois grandes eventos que permitiram à
Igreja prestar ouvidos à voz do Espírito e também à vida dos
jovens, aos seus interrogativos, às canseiras que os sobrecarregam e
às esperanças que neles vivem.
Neste
Dia Mundial de Oração pelas Vocações, retomando precisamente
aquilo que pude partilhar com os jovens no Panamá, desejo reflectir
sobre a chamada do Senhor enquanto nos torna portadores duma
promessa e, ao mesmo tempo, nos pede a coragem de arriscar
com Ele e por Ele.
Quero
deter-me brevemente sobre estes dois aspectos – a promessa e o
risco –, contemplando juntamente convosco a cena evangélica da
vocação dos primeiros discípulos junto do lago da Galileia (cf. Mc
1, 16-20).
Dois
pares de irmãos – Simão e André, juntamente com Tiago e João –
estão ocupados na sua faina diária de pescadores.
Nesta
cansativa profissão, aprenderam as leis da natureza, desafiando-as
quando os ventos eram contrários e as ondas agitavam os barcos.
Em
certos dias, a pesca abundante recompensava da árdua fadiga, mas,
outras vezes, o trabalho duma noite inteira não bastava para encher
as redes e voltava-se para a margem cansados e desiludidos.
Estas
são as situações comuns da vida, onde cada um de nós se confronta
com os desejos que traz no coração, se empenha em actividades que –
espera – possam ser frutuosas, se adentra num «mar» de
possibilidades sem conta à procura da rota certa capaz de satisfazer
a sua sede de felicidade.
Às
vezes goza-se duma pesca boa, enquanto noutras é preciso armar-se de
coragem para governar um barco sacudido pelas ondas, ou lidar com a
frustração de estar com as redes vazias.
Como
na história de cada vocação, também neste caso acontece um
encontro. Jesus vai pelo caminho, vê aqueles pescadores e
aproxima-Se…
Sucedeu
assim com a pessoa que escolhemos para compartilhar a vida no
matrimónio, ou quando sentimos o fascínio da vida consagrada:
vivemos a surpresa dum encontro e, naquele momento, vislumbramos a
promessa duma alegria capaz de saciar a nossa vida.
De
igual modo naquele dia, junto do lago da Galileia, Jesus foi ao
encontro daqueles pescadores, quebrando a «paralisia da normalidade»
(Homilia no XXII Dia Mundial da Vida Consagrada, 2/II/2018).
E
não tardou a fazer-lhes uma promessa: «Farei de vós pescadores de
homens» (Mc 1, 17).
Sendo
assim, o apelo do Senhor não é uma ingerência de Deus na nossa
liberdade; não é uma «jaula» ou um peso que nos é colocado às
costas.
Pelo
contrário, é a iniciativa amorosa com que Deus vem ao nosso
encontro e nos convida a entrar num grande projecto, do qual nos quer
tornar participantes, apresentando-nos o horizonte dum mar mais amplo
e duma pesca superabundante.
Com
efeito, o desejo de Deus é que a nossa vida não se torne
prisioneira do banal, não se deixe arrastar por inércia nos hábitos
de todos os dias, nem permaneça inerte perante aquelas opções que
lhe poderiam dar significado.
O
Senhor não quer que nos resignemos a viver o dia a dia, pensando que
afinal de contas não há nada por que valha a pena comprometer-se
apaixonadamente e apagando a inquietação interior de procurar novas
rotas para a nossa navegação.
Se
às vezes nos faz experimentar uma «pesca miraculosa», é porque
nos quer fazer descobrir que cada um de nós é chamado – de
diferentes modos – para algo de grande, e que a vida não deve
ficar presa nas redes do sem-sentido e daquilo que anestesia o
coração.
Em
suma, a vocação é um convite a não ficar parado na praia com as
redes na mão, mas seguir Jesus pelo caminho que Ele pensou para nós,
para a nossa felicidade e para o bem daqueles que nos rodeiam.
Naturalmente,
abraçar esta promessa requer a coragem de arriscar uma escolha.
Sentindo-se
chamados por Ele a tomar parte num sonho maior, os primeiros
discípulos, «deixando logo as redes, seguiram-No» (Mc 1, 18).
Isto
significa que, para aceitar o apelo do Senhor, é preciso deixar-se
envolver totalmente e correr o risco de enfrentar um desafio inédito;
é preciso deixar tudo o que nos poderia manter amarrados ao nosso
pequeno barco, impedindo-nos de fazer uma escolha definitiva; é-nos
pedida a audácia que nos impele com força a descobrir o projecto
que Deus tem para a nossa vida.
Substancialmente,
quando estamos colocados perante o vasto mar da vocação, não
podemos ficar a reparar as nossas redes no barco que nos dá
segurança, mas devemos fiar-nos da promessa do Senhor.
Penso,
antes de mais nada, no apelo à vida cristã, que todos recebemos com
o Baptismo e que nos lembra como a nossa vida não é fruto do acaso,
mas uma dádiva a filhos amados pelo Senhor, reunidos na grande
família da Igreja.
É
precisamente na comunidade eclesial que nasce e se desenvolve a
existência cristã, sobretudo por meio da Liturgia que nos introduz
na escuta da Palavra de Deus e na graça dos Sacramentos; é nela que
somos, desde tenra idade, iniciados na arte da oração e na partilha
fraterna.
Precisamente
porque nos gera para a vida nova e nos leva a Cristo, a Igreja é
nossa mãe; por isso devemos amá-la, mesmo quando vislumbramos no
seu rosto as rugas da fragilidade e do pecado, e devemos contribuir
para a tornar cada vez mais bela e luminosa, para que possa ser um
testemunho do amor de Deus no mundo.
Depois,
a vida cristã encontra a sua expressão naquelas opções que,
enquanto conferem uma direcção concreta à nossa navegação,
contribuem também para o crescimento do Reino de Deus na sociedade.
Penso
na opção de se casar em Cristo e formar uma família, bem como nas
outras vocações ligadas ao mundo do trabalho e das profissões, no
compromisso no campo da caridade e da solidariedade, nas
responsabilidades sociais e políticas, etc.
Trata-se
de vocações que nos tornam portadores duma promessa de bem, amor e
justiça, não só para nós mesmos, mas também para os contextos
sociais e culturais onde vivemos, que precisam de cristãos corajosos
e testemunhas autênticas do Reino de Deus.
No
encontro com o Senhor, alguém pode sentir o fascínio duma chamada à
vida consagrada ou ao sacerdócio ordenado.
Trata-se
duma descoberta que entusiasma e, ao mesmo tempo, assusta,
sentindo-se chamado a tornar-se «pescador de homens» no barco da
Igreja através duma oferta total de si mesmo e do compromisso dum
serviço fiel ao Evangelho e aos irmãos.
Esta
escolha inclui o risco de deixar tudo para seguir o Senhor e de
consagrar-se completamente a Ele para colaborar na sua obra.
Muitas
resistências interiores podem obstaculizar uma tal decisão, mas
também, em certos contextos muito secularizados onde parece não
haver lugar para Deus e o Evangelho, pode-se desanimar e cair no
«cansaço da esperança» (Homilia na Missa com sacerdotes,
pessoas consagradas e movimentos laicais, Panamá, 26/I/2019).
E,
todavia, não há alegria maior do que arriscar a vida pelo Senhor!
Particularmente
a vós, jovens, gostaria de dizer: não sejais surdos à chamada do
Senhor!
Se
Ele vos chamar por esta estrada, não vos oponhais e confiai n’Ele.
Não
vos deixeis contagiar pelo medo, que nos paralisa à vista dos altos
cumes que o Senhor nos propõe.
Lembrai-vos
sempre que o Senhor, àqueles que deixam as redes e o barco para O
seguir, promete a alegria duma vida nova, que enche o coração e
anima o caminho.
Queridos
amigos, nem sempre é fácil discernir a própria vocação e
orientar justamente a vida.
Por
isso, há necessidade dum renovado esforço por parte de toda a
Igreja – sacerdotes, religiosos, animadores pastorais, educadores –
para que se proporcionem, sobretudo aos jovens, ocasiões de escuta e
discernimento.
Há
necessidade duma pastoral juvenil e vocacional que ajude a descobrir
o projecto de Deus, especialmente através da oração, meditação
da Palavra de Deus, adoração eucarística e direcção espiritual.
Como
várias vezes se assinalou durante a Jornada Mundial da Juventude do
Panamá, precisamos de olhar para Maria.
Na
história daquela jovem, a vocação também foi uma promessa e,
simultaneamente, um risco.
A
sua missão não foi fácil, mas Ela não permitiu que o medo A
vencesse.
O
d’Ela «foi o “sim” de quem quer comprometer-se e arriscar, de
quem quer apostar tudo, sem ter outra garantia para além da certeza
de saber que é portadora duma promessa. Pergunto a cada um de vós:
sentes-te portador duma promessa? Que promessa trago no meu coração,
devendo dar-lhe continuidade? Maria teria, sem dúvida, uma missão
difícil, mas as dificuldades não eram motivo para dizer “não”.
Com certeza teria complicações, mas não haveriam de ser idênticas
às que se verificam quando a covardia nos paralisa por não vermos,
antecipadamente, tudo claro ou garantido» (Vigília com os
jovens, Panamá, 26/I/2019).
Neste
Dia, unimo-nos em oração pedindo ao Senhor que nos faça descobrir
o seu projecto de amor para a nossa vida, e que nos dê a coragem de
arriscar no caminho que Ele, desde sempre, pensou para nós.
Vaticano,
Memória de São João Bosco, 31 de Janeiro de 2019.
FRANCISCO
Oração
Deus,
nosso Pai,
ao
enviares o Teu Filho Jesus,
quiseste
vir ao nosso encontro.
Queremos
agradecer-Te, hoje,
por
continuares a chamar,
no
barco da Igreja,
pescadores
para o alto mar,
para
a missão de chegar a todos.
Concede-nos,
pela
graça do Baptismo,
o
dom da escuta da Tua voz
e
da resposta generosa.
Desejamos
abrir-nos ao “sonho maior”:
discernir
a vocação
que
nos torna servidores
da
alegria do Evangelho.
Dá-nos
a coragem de arriscar,
como
a jovem Maria,
para
sermos portadores da Tua promessa.
Ámen.
Fontes:
Diocese do Porto; Santa Sé
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