13
de Junho é o dia de Santo António de Pádua, ou de Lisboa para os
portugueses
O
“nosso santo popular” é conhecido no resto do mundo como sendo
de Pádua, cidade italiana onde morreu.
Por
cá, as crianças já não pedem um tostão para o Santo António,
nem as solteiras lhe pedem um namorado.
Santo
António de Pádua, século XVII (© Musei Vaticani)
Seu
nome de baptismo é Fernando.
Nasceu
em Lisboa, Portugal, por volta do dia 15 de Agosto de 1125, no seio
de uma nobre família.
Com
15 anos, entra para a Ordem dos Cónegos Regulares de Santo
Agostinho.
Preparou-se
para o sacerdócio no mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.
Sendo
ordenado sacerdote, com 24 anos de idade, foi encaminhado para a
carreira de filósofo e teólogo.
Mas,
desejava uma vida religiosa mais severa.
A
reviravolta deu-se em 1220, quando chegaram à igreja de Santa Cruz
os restos mortais de cinco missionários franciscanos, torturados e
assassinados em Marrocos.
Da
regra agostiniana à regra franciscana
Fernando
decidiu deixar os Cónegos agostinianos para seguir as pegadas de São
Francisco de Assis; escolheu ser chamado António, para imitar o
santo anacoreta egípcio.
Amadureceu
um forte impulso à missão e, seguindo este ideal, partiu para
Marrocos.
Porém,
contraiu uma doença e foi obrigado a um repouso forçado, sem poder
pregar.
Não
teve outra opção a não ser ir para a Itália.
No
entanto, o navio no qual embarcou, naufragou no golfo da Sicília.
Tendo-se
restabelecido, em 1221, foi parar a Assis, onde Francisco havia
convocado todos os seus frades.
Esta
foi uma ocasião propícia para conhecê-lo pessoalmente, não
obstante tenha sido um simples encontro.
Revigorando
sua escolha de seguir a Cristo, na fraternidade Franciscana, António
foi enviado ao eremitério de Montepaolo, na Romanha.
Ali,
dedicou-se, sobretudo, à oração, meditação, penitência e
trabalhos humildes.
António
pregador
Em
Setembro de 1222, António foi enviado a fazer pregação em Forlì,
onde revelou seu talento.
Das
suas palavras emergiram uma profunda cultura bíblica e simplicidade
de expressão.
A
Assidua, a primeira biografia de Santo António, narra: “A sua
língua, movida pelo Espírito Santo, começou a raciocinar sobre
muitos assuntos, com ponderação, de modo claro e conciso”.
Desde
então, António começou a percorrer o norte da Itália e o sul da
França, pregando o Evangelho aos povos e povoados, muitas vezes
confusos pelas heresias do tempo, sem poupar críticas contra a
decadência moral de alguns expoentes da Igreja.
No
ano seguinte, em Bolonha, foi mestre de Teologia para os frades que
se formavam.
Foi
o próprio Francisco que, com uma carta, lhe conferiu este encargo,
autorizando-o a ensinar e recomendando-lhe também a não se
descuidar da oração.
A
escolha de Pádua
Pelos
seus talentos, que António demonstra saber colocar ao serviço do
Reino de Deus, com 32 anos foi nomeado superior das Fraternidades
franciscanas do norte da Itália.
Ao
cumprir tal função, visitou, incansavelmente, os numerosos
Conventos, sob a sua jurisdição, e abriu outros.
No
entanto, continuou a atrair grandes multidões com suas pregações,
passando diversas horas no confessionário e a reservar, para si,
momentos de retiro em solidão.
Decidiu
estabelecer-se em Pádua, junto à pequena comunidade franciscana da
igreja de Santa Maria Mater Domini.
Não
obstante a sua pouca presença, instaurou com a cidade um forte
ligação, prodigalizando em prol dos pobres e contra as injustiças.
Precisamente
em Pádua, teriam sido escritos os Sermones, um tratado para instruir
os co-irmãos à pregação do Evangelho e ao preceito dos
Sacramentos, sobretudo, da Penitência e da Eucaristia.
A
pregação da Quaresma, em 1231, é considerada seu testamento
espiritual, à qual se deve incluir a sua dedicação amorosa, por
horas e horas, às confissões.
Após
as celebrações pascais, abatido por problemas de saúde e consumido
pela fadiga, António aceitou retirar-se por um período de
convalescença; depois, com alguns co-irmãos, aceitou o convite de
um período de descanso e de meditação num pequeno eremitério, em
Camposampiero, a poucos quilómetros de Pádua.
Pediu
que lhe fosse adaptado um simples refúgio sob uma grande nogueira,
onde pudesse passar os dias em contemplação e em contacto com a
gente humilde da periferia do campo, só voltando para o eremitério
à noite.
Ali,
deu-se a visão do Menino Jesus.
No
dia 13 de Junho, António sentiu-se mal; entendendo que a sua hora se
aproximava, pediu para morrer em Pádua.
Foi
transportando num carro de boi, mas, ao chegar à Arcella, um bairro
às portas da cidade, expirou murmurando: “Vejo o meu Senhor!”.
Reconhecido
pela influência de Santo Agostinho, António conjugou, de modo
original, mente e coração, pesquisa teórica, prática das
virtudes, estudo e oração.
Doutor
da Igreja, Santo António é simplesmente chamado em Pádua como “o
Santo”.
Basílica
de Santo António de Pádua
A
Basílica de Santo António, o principal monumento de Pádua, é
reconhecida pela Santa Sé como Santuário Internacional.
A
sua construção terá sido iniciada em 1232, um ano após a morte do
santo.
A
Capela do Santo é uma obra do Renascimento, iniciada no ano 1500 e
concluída nos finais do mesmo século.
Igreja
de Santo António em Lisboa
Esta
Igreja ergue-se sobre o local onde nasceu Santo António, antes de
ter partido pelo mundo como pregador, acabando por morrer em Pádua.
O
templo actual foi construído em 1767 no local onde existia uma
capela desde o século XV.
Oferece
como elementos dignos de nota a imagem do santo patrono, poupada pelo
terramoto de 1755, a cripta com o seu lugar de nascimento e a tela
representando Santo António com as feições mais autênticas que se
conservam.
Foi
visitada pelo Papa São João Paulo II em 1982.
Martirológio
Romano – 13 de Junho:
Memória
de Santo António, presbítero e doutor da Igreja, natural de
Portugal, que, sendo cónego regular, ingressou na Ordem dos Menores
recentemente fundada, para se entregar à propagação da fé entre
os povos da África; mas foi na Itália e na França que, exercendo
com muito fruto o ministério da pregação, atraiu muita gente à
verdadeira doutrina.
Escreveu
sermões impregnados de doutrina e suavidade e, por ordem de São
Francisco, ensinou teologia aos seus irmãos, até que em Pádua
partiu deste mundo ao encontro do Senhor.
Fontes:
Notícias do Vaticano; Basílica de Santo António de Pádua; Igreja
de Santo António de Lisboa; Secretariado Nacional de Liturgia
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