Não
é uma fortaleza, mas uma tenda capaz de ampliar seu espaço para dar
acesso a todos
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o Papa Francisco na Audiência da passada Quarta-feira
Na
catequese desta semana o Papa reflectiu sobre os Actos dos Apóstolos,
partindo do versículo 14, 27, onde se lê:
"Deus
abriu a porta da fé aos pagãos": a missão de Paulo e Barnabé
e o Concílio de Jerusalém.
O
livro dos Actos dos Apóstolos narra que São Paulo, após seu
encontro transformador com Jesus, foi acolhido pela Igreja de
Jerusalém, graças à mediação de Barnabé, e começou a proclamar
a Boa Nova de Cristo.
No
entanto, devido à hostilidade de alguns, Paulo foi obrigado a
transferir-se para Tarso, sua cidade natal, seguido por Barnabé, que
também foi envolvido na pregação da Palavra de Deus.
O
evangelista Lucas diz que a sua pregação começou depois de uma
forte perseguição.
Paulo
e Barnabé estiveram um ano em Antioquia da Síria, ensinando e
ajudando a comunidade a criar raízes.
Depois,
foram "enviados pelo Espírito" a outros lugares,
anunciando a mensagem de Cristo e atraindo muitas pessoas para a fé
cristã.
Esta
foi a primeira etapa missionária de Paulo, que passou da pregação
do Evangelho nas Sinagogas da diáspora ao anúncio em ambientes
pagãos populares.
Ao
retornarem a Antioquia, Paulo e Barnabé contaram aos seus irmãos
“como Deus abriu aos pagãos a porta da fé", cumprindo a
“obra" para a qual o Espírito Santo os havia enviado.
E
o Papa explicou:
“Do
Livro dos Actos, emerge a natureza da Igreja, que não é uma
fortaleza, mas uma tenda capaz de ampliar seu espaço para dar acesso
a todos.
A
Igreja deve ser “em saída”, senão não é uma Igreja; é uma
Igreja de “portas abertas", chamada a ser sempre a Casa aberta
do Pai.
Assim,
se alguém quiser seguir a acção do Espírito e buscar a presença
de Deus, não encontrará o obstáculo de uma porta fechada”.
Porém,
disse o Papa Francisco, naquele momento começavam os problemas: a
novidade de abrir as portas aos pagãos e judeus desencadeou uma
controvérsia ferrenha.
Alguns
judeus sentiam a necessidade da circuncisão para se salvar e ser
baptizados.
Para
resolver a questão, Paulo e Barnabé pedem o parecer do conselho dos
Apóstolos e anciãos de Jerusalém, que foi considerado o primeiro
Concílio da história da Igreja: o Concílio de Jerusalém ou
Assembleia de Jerusalém, sobre o qual o Santo Padre disse:
“Foi
abordada uma questão teológica, espiritual e disciplinar muito
delicada: a relação entre a fé em Cristo e a observância da Lei
de Moisés.
Durante
a assembleia foram decisivos os discursos de Pedro e Tiago, "pilares"
da Igreja mãe.
Ambos
convidavam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a
pedir para rejeitar a idolatria, em todas as suas expressões.”
Essa
decisão, ratificada com uma Carta Apostólica, foi enviada a
Antioquia.
O
Papa perguntou qual o significado da assembleia de Jerusalém nos
nossos dias e respondeu:
“A
Assembleia de Jerusalém oferece-nos uma luz importante sobre o modo
de enfrentar as divergências e buscar a verdade na caridade.
Recorda-nos
que o método eclesial de resolver os conflitos baseia-se no diálogo
feito de escuta atenciosa e paciente e no discernimento à luz do
Espírito.
De
facto, é o Espírito que nos ajuda a superar os fechamentos e as
tensões e age nos corações para que, na verdade e no bem, chegue à
unidade.
Este
texto ajuda-nos a entender o significado de Sínodo, iluminados pelo
Espírito Santo”.
Resumo
da Catequese do Santo Padre:
Nos
Actos dos Apóstolos, vemos como Paulo, enfrentando algumas
hostilidades no seu anúncio de Cristo, teve que ir para Tarso, onde,
algum tempo depois, aceitou o convite de Barnabé de participar numa
viagem para difundir a Palavra de Deus.
Tal
viagem teve início no meio de perseguições que, longe de esmorecer
os ânimos, abriram novos horizontes para a evangelização.
Durante
esta primeira viagem apostólica de Paulo, o Espírito Santo mostrou
como os pagãos também estavam chamados à fé, pois a Igreja, longe
de ser uma realidade fechada em si mesma, é uma casa com as portas
abertas para todos.
Diante
desses acontecimentos, surgiu uma discussão acalorada sobre a
necessidade da circuncisão mosaica.
Por
isso, Paulo e Barnabé foram até Jerusalém para se reunir com os
Apóstolos.
Assim,
superando tensões e fechamentos, à luz do Espírito e na verdade da
caridade, puderam discernir juntos que a salvação se deve
exclusivamente à graça do Senhor Jesus e que a essência da Igreja
é realmente a de ser uma Mãe fecunda de muitos filhos.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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