Esta
tarde o Papa Francisco celebrou as vésperas de início do Mês
Missionário na Basílica de São Pedro
O
Mês Missionário Extraordinário foi convocado pelo Papa Francisco
em 22 de Outubro de 2017, após a Oração do Ângelus, com o
objectivo de “nutrir o ardor da actividade evangelizadora da Igreja
ad gentes”.
A
celebração também servirá para festejar o centenário da Carta
Apostólica do Papa Bento XV "Maximum
Illud",
sobre o trabalho desenvolvido pelos missionários no mundo.
“Hoje,
entramos no Outubro Missionário acompanhados por três «servos»
que ostentaram muito fruto",
disse o Papa Francisco na homilia que pronunciou esta tarde,
referindo-se a Santa Teresa do Menino Jesus, São Francisco Xavier e
à Venerável Paulina Jaricot.
“Este
Mês Missionário extraordinário quer ser uma sacudidela que nos
provoca a ser activos no bem.
Não
notários da fé e guardiões da graça, mas missionários.”
Torna-se
missionário, vivendo como testemunha: testemunhando com a vida que
se conhece Jesus.
É
a vida que fala.
Testemunha
é a palavra-chave; uma palavra que tem a mesma raiz e significado de
mártir.
E
os mártires são as primeiras testemunhas da fé: não por palavras,
mas com a vida.
Sabem
que a fé não é propaganda nem proselitismo, mas um respeitoso dom
de vida.”
VÉSPERAS
PARA O INÍCIO DO MÊS MISSIONÁRIO
HOMILIA
DO PAPA FRANCISCO
Basílica
do Vaticano
Terça-feira,
1 de Outubro de 2019
Na
parábola que ouvimos, o Senhor apresenta-Se como um homem que, antes
de partir, chama os servos para lhes entregar os seus bens (cf. Mt
25, 14).
Deus
confiou-nos os seus bens maiores: a nossa vida, a vida dos outros,
tantos dons diferentes a cada um.
E
estes bens, estes talentos não representam algo que se deve guardar
no cofre, representam uma chamada: o Senhor chama-nos a fazer render
os talentos com ousadia e criatividade.
Deus
perguntar-nos-á se entramos em jogo, arriscando e acabando talvez
mal vistos.
Este
Mês Missionário extraordinário quer ser uma sacudidela que nos
provoca a ser activos no bem.
Não
notários da fé e guardiões da graça, mas missionários.
Torna-se
missionário, vivendo como testemunha: testemunhando com a vida que
se conhece Jesus.
É
a vida que fala.
Testemunha
é a palavra-chave; uma palavra que tem a mesma raiz e significado de
mártir.
E
os mártires são as primeiras testemunhas da fé: não por palavras,
mas com a vida.
Sabem
que a fé não é propaganda nem proselitismo, mas um respeitoso dom
de vida.
Vivem
espalhando paz e alegria, amando a todos, incluindo os inimigos, por
amor de Jesus.
Deste
modo nós, que descobrimos ser filhos do Pai celeste, como podemos
ocultar a alegria de ser amados, a certeza de ser sempre preciosos
aos olhos de Deus?
É
o anúncio que muitas pessoas aguardam.
E
é nossa responsabilidade levá-lo.
Neste
mês, perguntemo-nos: Como é o meu testemunho?
No
final da parábola, o Senhor chama «bom e fiel» quem foi
empreendedor; e, ao contrário, «mau e preguiçoso» o servo que se
colocou na defensiva (cf. 25, 21.23.26).
Por
que razão Deus é tão severo com este servo que teve medo?
Que
mal fez ele?
O
seu mal foi não ter feito bem, pecou por omissão.
Santo
Alberto Hurtado dizia: «É bem não fazer mal. Mas é mal não fazer
bem».
Tal
é o pecado de omissão.
E
isto pode ser o pecado duma vida inteira, porque recebemos a vida,
não para enterrá-la, mas para a colocar em jogo; não para retê-la,
mas para a dar.
Quem
está com Jesus sabe que tem aquilo que se dá, possui aquilo que se
doa; e o segredo para possuir a vida é doá-la.
Viver
de omissões é renegar a nossa vocação: a omissão é o contrário
da missão.
Pecamos
por omissão, isto é, contra a missão, quando, em vez de espalhar a
alegria, nos fechamos numa triste vitimização, pensando que ninguém
nos ama nem compreende.
Pecamos
contra a missão, quando cedemos à resignação: «Não consigo
fazer isto, não sou capaz».
Mas
como é possível?
Deus
deu-te talentos, e tu consideras-te assim tão pobre que não podes
enriquecer ninguém?
Pecamos
contra a missão, quando, num lamento sem fim, continuamos a dizer
que está tudo mal, no mundo e na Igreja.
Pecamos
contra a missão, quando caímos escravos dos medos que imobilizam, e
nos deixamos paralisar pelo «sempre se fez assim».
E
pecamos contra a missão, quando vivemos a vida como um peso e não
como um dom; quando, no centro, estamos nós com as nossas fadigas,
não os irmãos e irmãs que esperam ser amados.
«Deus
ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7).
Ama
uma Igreja que vive em saída.
Mas
estejamos atentos: se não vive em saída, não é Igreja.
A
Igreja está feita para a estrada, a Igreja caminha.
Uma
Igreja em saída, missionária é uma Igreja que não perde tempo a
lamentar-se pelas coisas que não funcionam, pelos fiéis que
diminuem, pelos valores de outrora que já não existem.
Uma
Igreja que não procura oásis protegidos para estar tranquila;
deseja apenas ser sal da terra e fermento para o mundo.
Esta
Igreja sabe que a sua força é a mesma de Jesus: não a relevância
social ou institucional, mas o amor humilde e gratuito.
Hoje
entramos no Outubro Missionário acompanhados por três «servos»
que ostentaram muito fruto.
Mostra-nos
o caminho Santa Teresa do Menino Jesus, que fez da oração o
combustível da acção missionária no mundo.
Este
é também o mês do Rosário: Quanto rezamos nós pela difusão do
Evangelho, para nos convertermos da omissão à missão?
Temos
depois São Francisco Xavier, um dos grandes missionários da Igreja.
Também
ele nos sacode: Saímos da nossa concha, somos capazes de deixar as
nossas comodidades pelo Evangelho?
E
há a Venerável Paulina Jaricot, uma operária que apoia as missões
com o seu trabalho diário: com as parcelas que deduzia do salário,
deu início às Obras Missionárias Pontifícias.
E
nós, fazemos de cada dia um dom para superar a fractura entre
Evangelho e vida?
Por
favor, não vivamos uma fé «de sacristia».
Acompanham-nos
uma religiosa, um sacerdote e uma leiga.
Dizem-nos
que ninguém está excluído da missão da Igreja.
Sim,
neste mês, o Senhor chama-te também a ti.
Chama
a ti, pai e mãe de família; a ti, jovem que sonhas com grandes
coisas; a ti, que trabalhas numa fábrica, numa loja, num banco, num
restaurante; a ti, que estás sem trabalho; a ti, que estás numa
cama de hospital…
O
Senhor pede que te faças dom no lugar onde estás, assim como estás,
com quem está ao teu lado; que não te limites a sofrer a vida, mas
a dês; que não te limites a chorar os teus infortúnios, mas
deixa-te levar pelas lágrimas de quem sofre.
Coragem!
O Senhor espera muito de ti.
Espera
também que alguém tenha a coragem de partir, ir aonde há mais
falta de esperança e dignidade, aonde tantas pessoas vivem ainda sem
a alegria do Evangelho.
«Mas
tenho de ir sozinho?» Não! Isso é errado.
Se
temos em mente fazer a missão com organizações empresariais, com
planos de trabalho, é errado.
O
protagonista da missão é o Espírito Santo.
Ele
é o protagonista da missão.
Tu
vais com o Espírito Santo. Vai!
O
Senhor não te deixará sozinho; dando testemunho, descobrirás que o
Espírito Santo chegou antes de ti para te preparar o caminho.
Coragem,
irmãos e irmãs!
Coragem,
Mãe Igreja: reencontra a tua fecundidade na alegria da missão!
Papa
Francisco
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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