Admirabile
Signum
A
Carta Apostólica que o Papa Francisco dedica ao presépio para
ressaltar o seu significado e valor
A
Carta Apostólica de Francisco sobre o significado do Presépio é um
convite à simplicidade e um apelo a seguir pelo caminho da humildade
e do despojamento que parte da manjedoura de Belém.
É
dirigida a todo o povo de Deus, sobretudo ao núcleo familiar, como
uma forma de valorizar a transmissão da fé entre avós, pais,
filhos e netos.
“Com
esta Carta, quero apoiar a tradição bonita das nossas famílias
prepararem o Presépio, nos dias que antecedem o Natal, e também o
costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos
hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças…”
CARTA
APOSTÓLICA
ADMIRABILE
SIGNUM
DO
SANTO PADRE FRANCISCO
SOBRE
O SIGNIFICADO E VALOR DO PRESÉPIO
1.
O SINAL ADMIRÁVEL do Presépio, muito amado pelo povo cristão, não
cessa de suscitar maravilha e enlevo.
Representar
o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com
simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus.
De
facto, o Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das
páginas da Sagrada Escritura.
Ao
mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos
convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela
humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo
o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para
podermos, também nós, unir-nos a Ele.
Com
esta Carta, quero apoiar a tradição bonita das nossas famílias
prepararem o Presépio, nos dias que antecedem o Natal, e também o
costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos
hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças…
Trata-se
verdadeiramente dum exercício de imaginação criativa, que recorre
aos mais variados materiais para produzir, em miniatura, obras-primas
de beleza.
Aprende-se
em criança, quando o pai e a mãe, juntamente com os avós,
transmitem este gracioso costume, que encerra uma rica
espiritualidade popular.
Almejo
que esta prática nunca desapareça; mais, espero que a mesma, onde
porventura tenha caído em desuso, se possa redescobrir e
revitalizar.
2.
A origem do Presépio fica-se a dever, antes de mais nada, a alguns
pormenores do nascimento de Jesus em Belém, referidos no Evangelho.
O
evangelista Lucas limita-se a dizer que, tendo-se completado os dias
de Maria dar à luz, «teve o seu filho primogénito, que envolveu em
panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na
hospedaria» (2, 7).
Jesus
é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium,
donde vem a nossa palavra presépio.
Ao
entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais
vão comer.
A
palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar
como «o pão vivo, o que desceu do céu» (Jo 6, 51).
Uma
simbologia, que já Santo Agostinho, a par doutros Padres da Igreja,
tinha entrevisto quando escreveu: «Deitado numa manjedoura, torna-Se
nosso alimento».[1]
Na
realidade, o Presépio inclui vários mistérios da vida de Jesus,
fazendo-os aparecer familiares à nossa vida diária.
Passemos
agora à origem do Presépio, tal como nós o entendemos.
A
mente leva-nos a Gréccio, na Valada de Rieti; aqui se deteve São
Francisco, provavelmente quando vinha de Roma onde recebera, do Papa
Honório III, a aprovação da sua Regra em 29 de Novembro de 1223.
Aquelas
grutas, depois da sua viagem à Terra Santa, faziam-lhe lembrar de
modo particular a paisagem de Belém.
E
é possível que, em Roma, o «Poverello» de Assis tenha ficado
encantado com os mosaicos, na Basílica de Santa Maria Maior, que
representam a natividade de Jesus e se encontram perto do lugar onde,
segundo uma antiga tradição, se conservam precisamente as tábuas
da manjedoura.
As
Fontes Franciscanas narram, de forma detalhada, o que
aconteceu em Gréccio.
Quinze
dias antes do Natal, Francisco chamou João, um homem daquela terra,
para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: «Quero
representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os
olhos do corpo os incómodos que Ele padeceu pela falta das coisas
necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma
manjedoura, entre o boi e o burro».[2]
Mal
acabara de o ouvir, o fiel amigo foi preparar, no lugar designado,
tudo o que era necessário segundo o desejo do Santo.
No
dia 25 de Dezembro, chegaram a Gréccio muitos frades, vindos de
vários lados, e também homens e mulheres das casas da região,
trazendo flores e tochas para iluminar aquela noite santa.
Francisco,
ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro.
À
vista da representação do Natal, as pessoas lá reunidas
manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido
antes.
Depois
o sacerdote celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura,
mostrando também deste modo a ligação que existe entre a
Encarnação do Filho de Deus e a Eucaristia.
Em
Gréccio, naquela ocasião, não havia figuras; o Presépio foi
formado e vivido pelos que estavam presentes.[3]
Assim
nasce a nossa tradição: todos à volta da gruta e repletos de
alegria, sem qualquer distância entre o acontecimento que se realiza
e as pessoas que participam no mistério.
O
primeiro biógrafo de São Francisco, Tomás de Celano, lembra que
naquela noite, à simples e comovente representação se veio juntar
o dom duma visão maravilhosa: um dos presentes viu que jazia na
manjedoura o próprio Menino Jesus.
Daquele
Presépio do Natal de 1223, «todos voltaram para suas casas cheios
de inefável alegria»[4].
3.
Com a simplicidade daquele sinal, São Francisco realizou uma grande
obra de evangelização.
O
seu ensinamento penetrou no coração dos cristãos, permanecendo até
aos nossos dias como uma forma genuína de repropor, com
simplicidade, a beleza da nossa fé.
Aliás,
o próprio lugar onde se realizou o primeiro Presépio sugere e
suscita estes sentimentos.
Gréccio
torna-se um refúgio para a alma que se esconde na rocha, deixando-se
envolver pelo silêncio.
Por
que motivo suscita o Presépio tanto enlevo e nos comove?
Antes
de mais nada, porque manifesta a ternura de Deus.
Ele,
o Criador do universo, abaixa-Se até à nossa pequenez.
O
dom da vida, sempre misterioso para nós, fascina-nos ainda mais ao
vermos que Aquele que nasceu de Maria é a fonte e o sustento de toda
a vida.
Em
Jesus, o Pai deu-nos um irmão, que vem procurar-nos quando estamos
desorientados e perdemos o rumo, e um amigo fiel, que está sempre ao
nosso lado; deu-nos o seu Filho, que nos perdoa e levanta do pecado.
Armar
o Presépio em nossas casas ajuda-nos a reviver a história sucedida
em Belém.
Naturalmente
os Evangelhos continuam a ser a fonte, que nos permite conhecer e
meditar aquele Acontecimento; mas, a sua representação no Presépio
ajuda a imaginar as várias cenas, estimula os afectos, convida a
sentir-nos envolvidos na história da salvação, contemporâneos
daquele evento que se torna vivo e actual nos mais variados contextos
históricos e culturais.
De
modo particular, desde a sua origem franciscana, o Presépio é um
convite a «sentir», a «tocar» a pobreza que escolheu, para Si
mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação, tornando-se assim,
implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade,
da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva
até à Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com
misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados (cf. Mt
25, 31-46).
4.
Gostava agora de repassar os vários sinais do Presépio para
apreendermos o significado que encerram.
Em
primeiro lugar, representamos o céu estrelado na escuridão e no
silêncio da noite.
Fazemo-lo
não apenas para ser fiéis às narrações do Evangelho, mas também
pelo significado que possui.
Pensemos
nas vezes sem conta que a noite envolve a nossa vida.
Pois
bem, mesmo em tais momentos, Deus não nos deixa sozinhos, mas faz-Se
presente para dar resposta às questões decisivas sobre o sentido da
nossa existência:
Quem
sou eu?
Donde
venho?
Por
que nasci neste tempo?
Por
que amo?
Por
que sofro?
Por
que hei de morrer?
Foi
para dar uma resposta a estas questões que Deus Se fez homem.
A
sua proximidade traz luz onde há escuridão, e ilumina a quantos
atravessam as trevas do sofrimento (cf. Lc 1, 79).
Merecem
também uma referência as paisagens que fazem parte do Presépio;
muitas vezes aparecem representadas as ruínas de casas e palácios
antigos que, nalguns casos, substituem a gruta de Belém tornando-se
a habitação da Sagrada Família.
Parece
que estas ruínas se inspiram na Legenda Áurea, do dominicano
Jacopo de Varazze (século XIII), onde se refere a crença pagã
segundo a qual o templo da Paz, em Roma, iria desabar quando desse à
luz uma Virgem.
Aquelas
ruínas são sinal visível sobretudo da humanidade decaída, de tudo
aquilo que cai em ruína, que se corrompe e definha.
Este
cenário diz que Jesus é a novidade no meio dum mundo velho, e veio
para curar e reconstruir, para reconduzir a nossa vida e o mundo ao
seu esplendor originário.
5.
Uma grande emoção se deveria apoderar de nós, ao colocarmos no
Presépio as montanhas, os riachos, as ovelhas e os pastores!
Pois
assim lembramos, como pré-anunciaram os profetas, que toda a criação
participa na festa da vinda do Messias.
Os
anjos e a estrela-cometa são o sinal de que também nós somos
chamados a pôr-nos a caminho para ir até à gruta adorar o Senhor.
«Vamos
a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer» (Lc
2, 15): assim falam os pastores, depois do anúncio que os anjos lhes
fizeram.
É
um ensinamento muito belo, que nos é dado na simplicidade da
descrição.
Ao
contrário de tanta gente ocupada a fazer muitas outras coisas, os
pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da
salvação que nos é oferecida.
São
os mais humildes e os mais pobres que sabem acolher o acontecimento
da Encarnação.
A
Deus, que vem ao nosso encontro no Menino Jesus, os pastores
respondem, pondo-se a caminho rumo a Ele, para um encontro de amor e
de grata admiração.
É
precisamente este encontro entre Deus e os seus filhos, graças a
Jesus, que dá vida à nossa religião e constitui a sua beleza
singular, que transparece de modo particular no Presépio.
6.
Nos nossos Presépios, costumamos colocar muitas figuras simbólicas.
Em
primeiro lugar, as de mendigos e pessoas que não conhecem outra
abundância a não ser a do coração.
Também
estas figuras estão próximas do Menino Jesus de pleno direito, sem
que ninguém possa expulsá-las ou afastá-las dum berço de tal modo
improvisado que os pobres, ao seu redor, não destoam absolutamente.
Antes,
os pobres são os privilegiados deste mistério e, muitas vezes,
aqueles que melhor conseguem reconhecer a presença de Deus no meio
de nós.
No
Presépio, os pobres e os simples lembram-nos que Deus Se faz homem
para aqueles que mais sentem a necessidade do seu amor e pedem a sua
proximidade.
Jesus,
«manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), nasceu pobre,
levou uma vida simples, para nos ensinar a identificar e a viver do
essencial.
Do
Presépio surge, clara, a mensagem de que não podemos deixar-nos
iludir pela riqueza e por tantas propostas efémeras de felicidade.
Como
pano de fundo, aparece o palácio de Herodes, fechado, surdo ao
jubiloso anúncio.
Nascendo
no Presépio, o próprio Deus dá início à única verdadeira
revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos
marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura.
Do
Presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com
os últimos como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde
ninguém seja excluído e marginalizado.
Muitas
vezes, as crianças (mas os adultos também!) gostam de acrescentar,
no Presépio, outras figuras que parecem não ter qualquer relação
com as narrações do Evangelho.
Contudo
esta imaginação pretende expressar que, neste mundo novo inaugurado
por Jesus, há espaço para tudo o que é humano e para toda a
criatura.
Do
pastor ao ferreiro, do padeiro aos músicos, das mulheres com a bilha
de água ao ombro às crianças que brincam… tudo isso representa a
santidade do dia a dia, a alegria de realizar de modo extraordinário
as coisas de todos os dias, quando Jesus partilha connosco a sua vida
divina.
7.
A pouco e pouco, o Presépio leva-nos à gruta, onde encontramos as
figuras de Maria e de José.
Maria
é uma mãe que contempla o seu Menino e O mostra a quantos vêm
visitá-Lo.
A
sua figura faz pensar no grande mistério que envolveu esta jovem,
quando Deus bateu à porta do seu coração imaculado.
Ao
anúncio do anjo que Lhe pedia para Se tornar a mãe de Deus, Maria
responde com obediência plena e total.
As
suas palavras – «eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a
tua palavra» (Lc 1, 38) – são, para todos nós, o
testemunho do modo como abandonar-se, na fé, à vontade de Deus.
Com
aquele «sim», Maria tornava-Se mãe do Filho de Deus, sem perder –
antes, graças a Ele, consagrando – a sua virgindade.
N’Ela,
vemos a Mãe de Deus que não guarda o seu Filho só para Si mesma,
mas pede a todos que obedeçam à palavra d’Ele e a ponham em
prática (cf. Jo 2, 5).
Ao
lado de Maria, em atitude de quem protege o Menino e sua mãe, está
São José.
Geralmente,
é representado com o bordão na mão e, por vezes, também segurando
um lampião.
São
José desempenha um papel muito importante na vida de Jesus e Maria.
É
o guardião que nunca se cansa de proteger a sua família.
Quando
Deus o avisar da ameaça de Herodes, não hesitará a pôr-se em
viagem emigrando para o Egipto (cf. Mt 2, 13-15).
E
depois, passado o perigo, reconduzirá a família para Nazaré, onde
será o primeiro educador de Jesus, na sua infância e adolescência.
José
trazia no coração o grande mistério que envolvia Maria, sua
esposa, e Jesus; homem justo que era, sempre se entregou à vontade
de Deus e pô-la em prática.
8.
O coração do Presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, no
Natal, a figura do Menino Jesus.
Assim
Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher nos nossos
braços.
Naquela
fraqueza e fragilidade, esconde o seu poder que tudo cria e
transforma.
Parece
impossível, mas é assim: em Jesus, Deus foi criança e, nesta
condição, quis revelar a grandeza do seu amor, que se manifesta num
sorriso e nas suas mãos estendidas para quem quer que seja.
O
nascimento duma criança suscita alegria e encanto, porque nos coloca
perante o grande mistério da vida.
Quando
vemos brilhar os olhos dos jovens esposos diante do seu filho
recém-nascido, compreendemos os sentimentos de Maria e José que,
olhando o Menino Jesus, entreviam a presença de Deus na sua vida.
«De
facto, a vida manifestou-se» (1 Jo 1, 2): assim o apóstolo
João resume o mistério da Encarnação.
O
Presépio faz-nos ver, faz-nos tocar este acontecimento único e
extraordinário que mudou o curso da história e a partir do qual
também se contam os anos, antes e depois do nascimento de Cristo.
O
modo de agir de Deus quase cria vertigens, pois parece impossível
que Ele renuncie à sua glória para Se fazer homem como nós.
Que
surpresa ver Deus adoptar os nossos próprios comportamentos: dorme,
mama ao peito da mãe, chora e brinca, como todas as crianças.
Como
sempre, Deus gera perplexidade, é imprevisível, aparece
continuamente fora dos nossos esquemas.
Assim
o Presépio, ao mesmo tempo que nos mostra Deus tal como entrou no
mundo, desafia-nos a imaginar a nossa vida inserida na de Deus;
convida a tornar-nos seus discípulos, se quisermos alcançar o
sentido último da vida.
9.
Quando se aproxima a festa da Epifania, colocam-se no Presépio as
três figuras dos Reis Magos.
Tendo
observado a estrela, aqueles sábios e ricos senhores do Oriente
puseram-se a caminho rumo a Belém para conhecer Jesus e oferecer-Lhe
de presente ouro, incenso e mirra.
Estes
presentes têm também um significado alegórico: o ouro honra a
realeza de Jesus; o incenso, a sua divindade; a mirra, a sua
humanidade sagrada que experimentará a morte e a sepultura.
Ao
fixarmos esta cena no Presépio, somos chamados a reflectir sobre a
responsabilidade que cada cristão tem de ser evangelizador.
Cada
um de nós torna-se portador da Boa-Nova para as pessoas que
encontra, testemunhando a alegria de ter conhecido Jesus e o seu
amor; e fá-lo com acções concretas de misericórdia.
Os
Magos ensinam que se pode partir de muito longe para chegar a Cristo:
são homens ricos, estrangeiros sábios, sedentos de infinito, que
saem para uma viagem longa e perigosa e que os leva até Belém (cf.
Mt 2, 1-12).
À
vista do Menino Rei, invade-os uma grande alegria. Não se deixam
escandalizar pela pobreza do ambiente; não hesitam em pôr-se de
joelhos e adorá-Lo.
Diante
d’Ele compreendem que Deus, tal como regula com soberana sabedoria
o curso dos astros, assim também guia o curso da história,
derrubando os poderosos e exaltando os humildes.
E
de certeza, quando regressaram ao seu país, falaram deste encontro
surpreendente com o Messias, inaugurando a viagem do Evangelho entre
os gentios.
10.
Diante do Presépio, a mente corre de bom grado aos tempos em que se
era criança e se esperava, com impaciência, o tempo para começar a
construí-lo.
Estas
recordações induzem-nos a tomar consciência sempre de novo do
grande dom que nos foi feito, transmitindo-nos a fé; e ao mesmo
tempo, fazem-nos sentir o dever e a alegria de comunicar a mesma
experiência aos filhos e netos.
Não
é importante a forma como se arma o Presépio; pode ser sempre igual
ou modificá-la cada ano.
O
que conta, é que fale à nossa vida.
Por
todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o
Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada
ser humano, independentemente da condição em que este se encontre.
Queridos
irmãos e irmãs, o Presépio faz parte do suave e exigente processo
de transmissão da fé.
A
partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para
contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar
que Deus está connosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos
graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria.
E
educa para sentir que nisto está a felicidade.
Na
escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples,
deixemos que do encanto nasça uma prece humilde: o nosso «obrigado»
a Deus, que tudo quis partilhar connosco para nunca nos deixar
sozinhos.
Dado
em Gréccio, no Santuário do Presépio, a 1 de Dezembro de 2019,
sétimo do meu pontificado.
Franciscus
[1]
Santo Agostinho, Sermão 189, 4.
[2]
Tomás de Celano, Vita Prima, 85: Fontes Franciscanas,
468.
[3]
Cf. ibid., 85: o. c., 469.
[4]
Ibid., 86: o. c., 470.
No
Santuário Franciscano de Greccio, Celebração do Santo Padre da
Palavra e assinatura da Carta sobre o Presépio.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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