O
Papa Francisco dedicou a catequese de hoje à segunda Bem-aventurança
«Bem-aventurados
os que choram, porque serão consolados»
O
Santo Padre explicou que, nas Escrituras, o choro pode ter dois
aspectos: o primeiro é o sofrimento pela morte ou dor de alguém.
O
outro refere-se às lágrimas pelo pecado, quando o coração sangra
pela dor de ter ofendido Deus e o próximo.
Sobre
o primeiro aspecto, o Papa recordou que, com frequência, fala do dom
das lágrimas e de quanto este dom é precioso:
“Pode-se
amar de maneira fria?
Pode-se
amar por obrigação, por dever?
Certamente
não!
Existem
aflitos para consolar, mas às vezes existem também consolados para
afligir, para despertar, que têm um coração de pedra e
desaprenderam a chorar.
Despertar
quem não sabe comover-se com a dor dos outros.”
Já
o segundo significado é chorar pelo pecado, sobre o qual é preciso
fazer uma distinção: quem se altera porque errou e chora por
orgulho e, ao invés, quem chora pelo mal cometido, pelo bem omitido,
por ter traído a relação com Deus.
“Este
é o choro por não ter amado.
Chora-se
porque não se corresponde ao Senhor, que nos quer tão bem, e nos
entristece o pensamento do bem não feito; este é o sentido do
pecado.
Deus
seja louvado se chegarem essas lágrimas!”
Trata-se
de enfrentar os próprios erros, “difícil, mas vital”, como fez
São Pedro, cuja decepção o levou a um amor maior.
“Pedro
olhou para Jesus e chorou e o seu coração foi renovado.”
Já
Judas não aceitou seu erro e suicidou-se.
“Entender
o pecado é um dom de Deus, é uma obra do Espírito Santo.
Nós,
sozinhos, não podemos entender o pecado.
É
uma graça que devemos pedir: ‘Senhor, que eu entenda o mal que fiz
ou que posso fazer’.
É
um grande dom.
E
depois de entender isso, vem o choro do arrependimento.”
No
final da Audiência o Papa Francisco apelou à oração pela Síria e
pelas vítimas do coronavírus:
“Gostaria
que todos neste momento rezássemos pela amada e atormentada Síria.
Muitas famílias, muitos idosos, crianças, têm de fugir da guerra.
A Síria está a sangrar há anos. Vamos rezar pela Síria.
Também
uma oração pelos nossos irmãos chineses que sofrem com esta doença
cruel. Que possam encontrar o caminho da recuperação o mais rápido
possível.”
Resumo
da catequese de hoje:
«Bem-aventurados
os que choram, porque serão consolados».
Irmãos
e irmãs, como é precioso o dom das lágrimas!
Há
pessoas aflitas que precisam de consolação; mas existem também
pessoas consoladas que precisam de ser despertas, desinquietadas,
afligidas: têm um coração de pedra, já não sabem chorar.
Mantêm
os outros à larga; ora, é importante deixar os outros abrirem
brecha no meu coração.
A
segunda Bem-aventurança, sobre a qual nos debruçamos hoje, fala
sobretudo de um sofrimento, um pesar, uma tristeza interior que abre
para uma relação autêntica com o próximo e com o Senhor.
Trata-se
de querer bem ao outro, de amá-lo, solidarizando-me com ele até ao
ponto de partilhar o seu sofrimento: sofro por uma pessoa querida,
seja porque está mal ou já não se encontra junto de mim, seja
porque a fiz sofrer precisamente eu que sou seu amigo.
Este
é um sentido das lágrimas suposto nesta Bem-aventurança; mas há
um segundo sentido: chorar pelo meu pecado, lamentar os meus erros.
Pensemos
no pranto do apóstolo Pedro por ter renegado o Mestre, ou na
multidão de pessoas que, escutando Pedro no dia de Pentecostes,
«ficaram emocionadas até ao fundo do coração».
Chora-se
pelo mal feito ou pelo bem omitido, e por ter traído a relação com
Deus.
Entristece-nos
o pensamento do bem que deixamos de fazer.
Chora-se
por não ter correspondido ao Senhor que tanto nos ama.
Aqui
está o sentido do pecado: «feri a Quem me ama», e isto
entristece-me até às lágrimas.
Dizia
Efrém, o Siro, que um rosto lavado com as lágrimas é um rosto
inefavelmente belo.
É
verdade!
Feliz
a pessoa que acolhe o sofrimento que nasce do amor, porque receberá
o Consolador, o Espírito Santo que é a ternura de Deus que perdoa e
corrige.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
Sem comentários:
Enviar um comentário