O
tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta
Quarta-feira de Cinzas
O
Santo Padre falou sobre o significado espiritual do deserto - o que o
deserto significa espiritualmente para todos nós, mesmo para os que
moram na cidade.
“Hoje,
Quarta-feira de Cinzas , começamos a jornada quaresmal, uma jornada
de quarenta dias em direcção à Páscoa, em direcção ao coração
do ano litúrgico e da fé.
É
um caminho que segue o de Jesus, que no início de seu ministério se
retirou por quarenta dias para rezar e jejuar, tentado pelo diabo, no
deserto.”
O
deserto é o lugar da Palavra de Deus
O
Papa convidou os presentes a imaginarem estar num deserto.
“A
primeira sensação seria a de estarmos envolvidos num grande
silêncio: sem barulho, a não ser do vento e da nossa respiração.
O
deserto é o lugar em que se toma distância do barulho que nos
circunda.
É
ausência de palavras para dar espaço a outra Palavra, a Palavra de
Deus, que acaricia o nosso coração como a brisa suave.
O
deserto é o lugar da Palavra, com letra maiúscula.
Na
Bíblia, o Senhor gosta de conversar connosco no deserto.
No
deserto, ele entrega a Moisés as “dez palavras", os dez
mandamentos.
E
quando o povo se afasta Dele, tornando-se como uma noiva infiel, Deus
diz: «Vou levá-la ao deserto e conquistar seu coração. Lá me
responderá, como nos dias de sua juventude».
No
deserto, ouve-se a Palavra de Deus, que é como um som suave.”
“A
Quaresma é o tempo propício para abrir espaço à Palavra de Deus.
É
o tempo para desligar a televisão e abrir a Bíblia.
É
o tempo para desligar o telemóvel e nos ligarmos ao Evangelho.
É
o tempo de renunciar a palavras inúteis, críticas e mexericos e nos
aproximarmos do Senhor.
É
o tempo de nos dedicarmos a uma ecologia saudável do coração,
fazer uma limpeza.
Vivemos
num ambiente poluído por muita violência verbal, por muitas
palavras ofensivas e nocivas que a rede amplifica.”
O
deserto é o lugar do essencial
Ao
diabo que o tentou, Jesus respondeu: “O homem não viverá somente
de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.
“Mais
que o pão, precisamos da Palavra de Deus, precisamos falar com Deus:
rezar”, disse o Papa.
“O
deserto é o lugar do essencial.
Olhemos
para as nossas vidas: quantas coisas inúteis nos circundam.
Seguimos
mil coisas que parecem necessárias, mas na realidade não são.
Como
nos faria bem libertar-nos de tantas realidades supérfluas para mais
facilmente identificarmos aquilo que interessa e reencontrar o rosto
de quem está ao nosso lado.”
“Jejuar
é saber renunciar às coisas vãs, supérfluas, para ir ao
essencial.
Jejuar
não é apenas para emagrecer, jejuar é ir ao essencial, é buscar a
beleza de uma vida mais simples.”
O
deserto é o lugar da solidão
Por
fim, o Papa disse que o deserto “é o lugar da solidão”.
“Ainda
hoje, perto de nós, existem muitos desertos, muitas pessoas
sozinhas.
São
pessoas sós e abandonadas.
Quantos
pobres e idosos estão ao nosso lado e vivem em silêncio, sem fazer
barulho, marginalizados e descartados!”
“Falar
sobre eles não faz audiência.
Mas
o deserto leva-nos a eles, àqueles que, em silêncio, pedem a nossa
ajuda.
Muitos
olhares silenciosos que pedem a nossa ajuda.
O
caminho no deserto quaresmal é um caminho da caridade para com os
vulneráveis.
Oração,
jejum e obras de caridade: eis o caminho no deserto quaresmal.”
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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