Afirmou
o Papa Francisco no seminário
Novas
Formas de Solidariedade
O
seminário “Novas Formas de Solidariedade”, organizado pela
Pontifícia Academia das Ciências Sociais, teve como relatores
participantes a directora operativa do Fundo Monetário
Internacional, ministros da Economia de países como a Argentina,
México, Colômbia, Paraguai, Equador e El Salvador, bem como
expoentes da economia mundial, como Joseph Stiglitz, vencedor do
Prémio Nobel de Economia em 2001.
O
encontro, realizado no Vaticano esta Quarta-feira 5 de Fevereiro,
teve como objectivo elaborar propostas para uma melhor distribuição
da riqueza.
No
decorrer das conferências, os relatores ressaltaram dois pilares
fundamentais para construir um sistema económico sustentável que
não oprima as classes sociais mais pobres e que procure valorizar a
pessoa humana: a fraternidade e a solidariedade, dois elementos que
na sua natureza mais profunda são contrários a uma das principais
causas que promovem a pobreza: a corrupção.
No
seu discurso aos participantes no seminário e depois dos
cumprimentos iniciais, referiu o Papa Francisco:
“Gostaria
de começar com um dado factual.
O
mundo é rico e, no entanto, os pobres aumentam à nossa
volta.
Segundo
informações oficiais, a receita global deste ano será de quase 12
000 dólares per capita.
No
entanto, centenas de milhões de pessoas ainda estão atoladas em
extrema pobreza e carecem de comida, moradia, assistência médica,
escolas, electricidade, água potável e serviços de saneamento
adequados e indispensáveis.
Estima-se
que aproximadamente cinco milhões de crianças com menos de 5 anos
morrerão este ano por causa da pobreza.
Outros
260 milhões de crianças carecerão de educação devido à falta de
recursos, às guerras e às migrações.
Isto
num mundo rico, porque o mundo é rico.
Essa
situação levou milhões de pessoas a serem vítimas de tráfico e
novas formas de escravidão, como trabalho forçado, prostituição e
tráfico de órgãos.
Eles
não têm direitos e garantias; Nem sequer podem desfrutar da amizade
ou da família.
Essas
realidades não devem ser motivo de desespero, não, mas de acção.
São
realidades que nos levam a que façamos algo.”
Referiu
depois que “um mundo rico e uma economia vibrante podem e devem
acabar com a pobreza” e que “todos somos responsáveis por fazer
algo”.
E voltou aos factos:
“Se
existe pobreza extrema no meio da riqueza - e também riqueza extrema
- é porque permitimos que a lacuna aumente e se torne a maior da
história.
Estes
são dados quase oficiais: as 50 pessoas mais ricas do mundo possuem
um património equivalente a 2 000 000 000 de dólares.
Somente
essas cinquenta pessoas poderiam financiar os cuidados médicos e a
educação de todas as crianças pobres do mundo, seja através de
impostos, iniciativas filantrópicas ou ambas.
Essas
cinquenta pessoas poderiam salvar milhões de vidas todos os anos.”
Referiu-se
à globalização da indiferença – estruturas de pecado,
como disse São João Paulo II; às dívidas públicas; à indústria
da guerra; aos paraísos fiscais; à corrupção.
E
exortou os participantes, líderes financeiros e especialistas em
economia do mundo:
“Vocês
conhecem em primeira mão quais são as injustiças da nossa economia
global actual, ou as injustiças de cada país.
Vamos
trabalhar juntos para acabar com essas injustiças.”
Por
sua vez, o Prémio Nobel de Economia da Economia, Joseph Stiglitz, um
dos principais economistas críticos da gestão da globalização e
do mercado livre, destacou no seu discurso que o sistema capitalista
está em crise: “uma crise que se estende também em outros
âmbitos, como a ética e a moral”.
Assinalou
que é essencial trabalhar começando pela educação, em sistemas
alternativos que não tenham como premissa a ideia de idolatrar o
dinheiro.
Para
isso, concluiu,
“Uma
das chaves é colocar as pessoas em primeiros lugar.”
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
Sem comentários:
Enviar um comentário