Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

O MUNDO RICO DE HOJE PODE E DEVE ACABAR COM A POBREZA




Afirmou o Papa Francisco no seminário

Novas Formas de Solidariedade
   
   
O seminário “Novas Formas de Solidariedade”, organizado pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais, teve como relatores participantes a directora operativa do Fundo Monetário Internacional, ministros da Economia de países como a Argentina, México, Colômbia, Paraguai, Equador e El Salvador, bem como expoentes da economia mundial, como Joseph Stiglitz, vencedor do Prémio Nobel de Economia em 2001.

O encontro, realizado no Vaticano esta Quarta-feira 5 de Fevereiro, teve como objectivo elaborar propostas para uma melhor distribuição da riqueza.
No decorrer das conferências, os relatores ressaltaram dois pilares fundamentais para construir um sistema económico sustentável que não oprima as classes sociais mais pobres e que procure valorizar a pessoa humana: a fraternidade e a solidariedade, dois elementos que na sua natureza mais profunda são contrários a uma das principais causas que promovem a pobreza: a corrupção.


No seu discurso aos participantes no seminário e depois dos cumprimentos iniciais, referiu o Papa Francisco:

Gostaria de começar com um dado factual.
O mundo é rico e, no entanto, os pobres aumentam à nossa volta.
Segundo informações oficiais, a receita global deste ano será de quase 12 000 dólares per capita.
No entanto, centenas de milhões de pessoas ainda estão atoladas em extrema pobreza e carecem de comida, moradia, assistência médica, escolas, electricidade, água potável e serviços de saneamento adequados e indispensáveis.
Estima-se que aproximadamente cinco milhões de crianças com menos de 5 anos morrerão este ano por causa da pobreza.
Outros 260 milhões de crianças carecerão de educação devido à falta de recursos, às guerras e às migrações.
Isto num mundo rico, porque o mundo é rico.

Essa situação levou milhões de pessoas a serem vítimas de tráfico e novas formas de escravidão, como trabalho forçado, prostituição e tráfico de órgãos.
Eles não têm direitos e garantias; Nem sequer podem desfrutar da amizade ou da família.

Essas realidades não devem ser motivo de desespero, não, mas de acção.
São realidades que nos levam a que façamos algo.”

Referiu depois que “um mundo rico e uma economia vibrante podem e devem acabar com a pobreza” e que “todos somos responsáveis por fazer algo”.

E voltou aos factos:

Se existe pobreza extrema no meio da riqueza - e também riqueza extrema - é porque permitimos que a lacuna aumente e se torne a maior da história.
Estes são dados quase oficiais: as 50 pessoas mais ricas do mundo possuem um património equivalente a 2 000 000 000 de dólares.
Somente essas cinquenta pessoas poderiam financiar os cuidados médicos e a educação de todas as crianças pobres do mundo, seja através de impostos, iniciativas filantrópicas ou ambas.
Essas cinquenta pessoas poderiam salvar milhões de vidas todos os anos.”

Referiu-se à globalização da indiferençaestruturas de pecado, como disse São João Paulo II; às dívidas públicas; à indústria da guerra; aos paraísos fiscais; à corrupção.

E exortou os participantes, líderes financeiros e especialistas em economia do mundo:

Vocês conhecem em primeira mão quais são as injustiças da nossa economia global actual, ou as injustiças de cada país.

Vamos trabalhar juntos para acabar com essas injustiças.”



Por sua vez, o Prémio Nobel de Economia da Economia, Joseph Stiglitz, um dos principais economistas críticos da gestão da globalização e do mercado livre, destacou no seu discurso que o sistema capitalista está em crise: “uma crise que se estende também em outros âmbitos, como a ética e a moral”.

Assinalou que é essencial trabalhar começando pela educação, em sistemas alternativos que não tenham como premissa a ideia de idolatrar o dinheiro.
Para isso, concluiu,

Uma das chaves é colocar as pessoas em primeiros lugar.”


Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano


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