Comissão Independente
entregou relatório
sobre abusos na Igreja à CEP
A Presidência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recebeu ontem, dia 12, o relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica, elaborado a partir de testemunhos sobre casos ocorridos nos últimos 70 anos.
“Recebemos com profunda emoção e agradecimento o vosso relatório”, disse o presidente da CEP, D. José Ornelas, ao receber o documento, em formato digital, de Pedro Strecht, coordenador da CI.
A Conferência Episcopal Portuguesa decidiu criar, na Assembleia Plenária de Novembro de 2021, uma comissão para estudar os casos de abuso sexual na Igreja Católica.
A Comissão Independente foi apresentada publicamente no dia 10 de Janeiro de 2022 e revelou, dez meses depois, ter validado até então 424 testemunhos, apontando para um “número significativo” de abusadores entre 1950 e 2022.
Esta segunda-feira, dia 13, a Comissão Independente apresentou publicamente o relatório final sobre os casos de abuso sexual na Igreja Católica entre 1950 e 2022, entre 09h30 às 12h30, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian e transmitido em directo pelos Meios de Comunicação Social.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal apresentou hoje o resultado de um ano de estudo, afirmando que recolheu 512 testemunhos validados, num total de 564 recebidos, relativos a casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando para uma rede de 4815 vítimas. Até ao fim do mês, vai entregar à Igreja Católica e à justiça uma lista de nomes de sacerdotes alegadamente abusadores ainda no activo.
“É uma ferida aberta que nos dói e nos envergonha. Pedimos perdão a todas as vitimas: às que deram corajosamente o seu testemunho, calado durante tantos anos, e às que ainda convivem com a sua dor no íntimo do coração, sem a partilharem com ninguém”, afirmou D. José Ornelas.
O presidente da CEP disse que na vida da Igreja Católica se atravessou a “perversidade onde não deveria ter estado”, acrescentando que a denúncia das vitimas é “um alerta e um pedido de ajuda”.
“Temos consciência de que nada pode reparar o sofrimento e a humilhação que foram provocados, a vós e às vossas famílias, mas estamos disponíveis para vos acolher e acompanhar na superação das feridas que vos foram causadas e na recuperação da vossa dignidade e do vosso futuro”, afirmou.
“Os abusos de menores são crimes hediondos. Quem os comete tem de assumir as consequências dos seus actos e as responsabilidades civis, criminais e morais daí decorrentes”.
“A realidade dos abusos não pode fazer esquecer o imenso bem, tantas vezes silencioso, de sacerdotes, religiosos/as e leigos/as empenhados em tantas situações, a quem queremos dar uma palavra de conforto e coragem”, referiu.
A 3 de Março, em Fátima, vai decorrer uma Assembleia Plenária extraordinária da CEP, para analisar o relatório.
Fonte: Agência Ecclesia
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