Concluída a Viagem Apostólica à RD do Congo
o Santo Padre seguiu para o Sudão do Sul
A Missa privada na Nunciatura Apostólica, seguida pelo encontro com os bispos do país na Conferência Episcopal Nacional do Congo, concluíram a visita do Papa Francisco à República Democrática do Congo, antes de seguir para o Aeroporto Internacional N'dolo de Kinshasa, a menos de trinta quilómetros da capital, onde teve lugar a cerimónia de despedida.
Depois de percorrer 2.265 km, em 3H20 de voo, às 12H45 - hora de Lisboa,o Santo Padre foi recebido no aeroporto de Juba dando início à Visita Apostólica ao Sudão do Sul, uma visita que pretende ser uma peregrinação ecuménica de paz e que terá juntamente com o Papa Francisco, o arcebispo de Cantuária, Justin Welby e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, o pastor Ian Greenshields. O Sudão do Sul, tem sido marcado pela violência desde sua independência. Somente ontem, véspera da chegada do Papa, 27 pessoas foram mortas no Estado da Equatória Central, estado do Sudão do Sul, num confronto entre pastores de gado e membros de uma milícia.
Após as boas-vindas no aeroporto, o Papa seguiu para o Palácio Presidencial, distante 5 km, para o encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, ocasião em que proferiu seu primeiro discurso em terras sul-sudanesas.
O presidente do Sudão do Sul recordou o retiro espiritual no Vaticano em 2019, no qual o Papa Francisco beijou seus pés e os dos vice-presidentes designados presentes, entre os quais Riek Machar, para pedir a paz. Este último – recorda Salva Kiir Mayardit – “estava fora do país quando ele nos beijou os pés. Hoje, dr. Riek e eu estamos sentados aqui trabalhando juntos para implementar o Acordo de Paz revitalizado, assinado em 2018".
Não obstante as conversações que têm sido mediadas pela Comunidade de Sant'Egídio, o período de transição que deveria levar o país às eleições de 2023, após vários adiamentos, foi prorrogado por mais 24 meses no início de Agosto devido à falta de avanços substanciais em muitas disposições do acordo, enquanto os combates recomeçaram no mesmo mês entre milícias rivais nos Estados do Alto Nilo e Jonglei. Em Novembro passado, o governo de Juba anunciou a “suspensão de sua participação nas negociações de paz em Roma”, acusando os grupos de oposição sul-sudaneses não signatários de “falta de empenho”.
No seu primeiro discurso em terras sul-sudanesas, o Papa Francisco recordou que o povo "chora pela violência que padece, pela perene falta de segurança, pela pobreza que o aflige e pelos desastres naturais". "Que não seja em vão este sofrimento extenuante; que a paciência e os sacrifícios do povo sul-sudanês vejam desabrochar rebentos de paz que produzam fruto", disse o Papa.
“Empreendemos esta peregrinação ecuménica de paz depois de ter escutado o clamor de um povo inteiro que, com grande dignidade, chora pela violência que padece, pela perene falta de segurança, pela pobreza que o aflige e pelos desastres naturais que o assolam.”
“Senhor presidente, senhores vice-presidentes, em nome de Deus, do Deus a Quem rezamos juntos em Roma, do Deus manso e humilde de coração em Quem tanta gente deste querido país acredita, é a hora de dizer chega… sem «se» nem «mas»: chega de sangue derramado, chega de conflitos, chega de violência e recíprocas acusações sobre quem as comete, chega de deixar à mingua de paz este povo dela sedento. Chega de destruição; é a hora de construir! Deixe-se para trás o tempo da guerra e surja um tempo de paz!”
“Em primeiro lugar há que impedir a chegada de armas que, não obstante todas as proibições, continuam a surgir em muitos países da área, incluindo o Sudão do Sul: aqui há necessidade certamente de muitas coisas, mas não de mais instrumentos de morte.”
“Desejamos sinceramente oferecer a nossa oração e o nosso apoio para que o Sudão do Sul se reconcilie e mude de rumo, a fim de que o seu curso vital deixe de ser impedido pelas cheias da violência, obstaculizado pelos pântanos da corrupção e malogrado pelo transbordamento da pobreza. O Senhor do Céu, que ama esta terra, conceda-lhe um tempo novo de paz e prosperidade. Deus abençoe a República do Sudão do Sul!”
Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano
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