Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 4 de fevereiro de 2023

VIAGEM APOSTÓLICA AO SUDÃO DO SUL

 




O segundo dia em Juba

   


O primeiro compromisso do Papa Francisco na manhã deste Sábado em Juba, foi o encontro com os bispos, os sacerdotes, os diáconos, os consagrados e as consagradas e seminaristas na Catedral de Santa Teresa.

Pastores e testemunhas, armados apenas de oração e caridade, que docilmente se deixam surpreender pela graça de Deus e se tornam instrumentos de salvação para os outros”.

Após os agradecimentos Francisco recordou que no discurso às autoridades feito no dia anterior, buscando inspiração no curso das águas do Nilo. “Agora”, disse o Papa, “quero olhar de novo para as águas do Nilo mas numa perspectiva bíblica. Por um lado, no leito deste curso de água, vertem-se as lágrimas dum povo imerso no sofrimento e na dor, torturado pela violência; mas, por outro lado, as águas do grande rio fazem-nos lembrar a história de Moisés e, por isso, são sinal de libertação e salvação. Na verdade”, continuou, “Moisés foi salvo daquelas águas e, conduzindo o seu povo pelo meio do Mar Vermelho, tornou-se instrumento de libertação, ícone do socorro de Deus que vê a aflição dos seus filhos, ouve o seu clamor e desce para os libertar”. Seguindo seu discurso o Papa explicou:

Tendo diante dos olhos a história de Moisés, que guiou o Povo de Deus através do deserto, perguntemo-nos que significa ser ministros de Deus numa história permeada pela guerra, o ódio, a violência e a pobreza.”

O Papa conclui seu discurso afirmando:

Faço votos, queridos irmãos e irmãs, de que sejais sempre generosos Pastores e testemunhas, armados apenas de oração e caridade, que docilmente se deixam surpreender pela graça de Deus e se tornam instrumentos de salvação para os outros; profetas de proximidade que acompanham o povo, intercessores com os braços erguidos.”

Perante o Santo Padre foram recordadas as irmãs Maria e Regina que foram mortas numa emboscada em meados de Agosto de 2021, e apresentado o testemunho de um padre local: a Igreja aqui tem pouco, mas estamos próximos de nossos irmãos e irmãs.



Na tarde deste Sábado, na Freedom Hall, em Juba, o Papa Francisco encontrou-se com os deslocados internos sul-sudaneses. No seu discurso, lembrou que no país sul-sudanês "perdura a maior crise de refugiados do continente, pelo menos com quatro milhões de filhos desta terra deslocados, com a insegurança alimentar e desnutrição que afectam dois terços da população". Se às mulheres forem "concedidas as justas oportunidades, elas, com a sua laboriosidade e destreza para guardar a vida, terão a capacidade de mudar a fisionomia do Sudão do Sul, de lhe dar um desenvolvimento sereno e coeso".

"Devido às devastações provocadas pela violência humana e também pelas inundações, milhões de nossos irmãos e irmãs como vós, incluindo tantas mães com os filhos, tiveram que deixar as suas terras e abandonar as suas aldeias, as suas casas. Infelizmente, neste martirizado país, ser deslocado ou refugiado tornou-se uma experiência habitual e colectiva."

Renovo com todas as forças o mais sentido apelo para que se faça cessar todo o conflito, se retome seriamente o processo de paz, para que acabem as violências e o povo possa voltar a viver dignamente. Só com a paz, a estabilidade e a justiça poderá haver desenvolvimento e reintegração social.”

Mas não se pode esperar mais: um número enorme de crianças nascidas nos últimos anos só conheceu a realidade dos campos de deslocados, esquecendo-se do ambiente de casa, perdendo a ligação com a própria terra de origem, com as raízes, com as tradições.”

A par das ajudas urgentes, considero que seja muito importante, numa perspectiva futura, acompanhar a população na via do desenvolvimento, por exemplo ajudando-a a aprender técnicas actualizadas de agricultura e pecuária, de modo a facilitar um crescimento mais autónomo.”

Crianças e jovens de tantos campos internos contaram suas histórias ao Papa Francisco. Palavras de gratidão e esperança, que não escondem as muitas dificuldades que eles, como milhares de outros colegas, experimentam diariamente: falta de espaço, falta de educação, solidão, sonhos de um futuro melhor.

Queremos a paz para voltarmos para casa.”



O último compromisso do Papa Francisco neste Sábado em Juba, no Sudão do Sul, foi a Oração Ecuménica junto ao Mausoléu “John Garang”, com a presença do Arcebispo de Cantuária Justin Welby e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields. O Papa iniciou seu discurso recordando as orações das confissões cristãs presentes: “Acabam de se elevar, desta amada e atribulada terra, para o Céu tantas orações: vozes diferentes uniram-se, formando uma só voz. Juntos, como Povo santo de Deus, rezamos por este povo ferido”.

E disse que como cristãos, a primeira coisa – e a mais importante – que somos chamados a fazer é rezar, para podermos trabalhar bem e termos a força de caminhar. Rezar, trabalhar e caminhar, disse o Papa: “três verbos sobre os quais precisamos de reflectir”.

Irmãos, irmãs, apoiemo-nos nisto: nas nossas várias Confissões, sintamo-nos unidos entre nós, como uma só família; e sintamo-nos encarregados de rezar por todos”.

Rezemos assíduos e concordes para que o Sudão do Sul, como o povo de Deus na Escritura, ‘alcance a terra prometida’.”

O Papa Francisco concluiu seu discurso com um agradecimento:

Obrigado! Continuai assim: nunca concorrentes, mas familiares; irmãos e irmãs que, através da compaixão pelos que sofrem, os predilectos de Jesus, dão glória a Deus e testemunham a comunhão que Ele ama.”



Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano


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