O Papa Francisco destacou
a importância da presença
e acção do Espírito Santo
na vida da Igreja e dos fiéis
Na catequese de hoje, o Papa Francisco continuou o ciclo de ensinamentos sobre o Espírito Santo, concentrando-se em como Ele se manifesta nas Escrituras e actua na Igreja ao longo da história. O Santo Padre destacou que, durante os primeiros três séculos, a Igreja não havia formulado explicitamente sua fé no Espírito Santo, até que as heresias obrigaram os concílios a esclarecer a doutrina.
O Papa Francisco recordou o Concílio de Constantinopla, em 381, que definiu a divindade do Espírito Santo, afirmando: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai [e do Filho]; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”. Com isso, o Papa sublinhou a importância de reconhecer que o Espírito Santo compartilha da mesma divindade do Pai e do Filho, sendo Ele adorado e glorificado na mesma medida.
A vida nova no Espírito, segundo o Papa, é a grande esperança dos cristãos, pois trata-se de vida eterna. Destacou que o Espírito Santo liberta os fiéis do medo de que tudo termine com a morte terrena:
“Onde está, em tudo isto, a grande e consoladora notícia para nós? É que a vida que nos é dada pelo Espírito Santo é vida eterna! A fé liberta-nos do horror de ter que admitir que tudo acaba aqui, que não há resgate algum para o sofrimento e a injustiça que reinam soberanas na terra.”
PAPA FRANCISCO - AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro, Quarta-feira, 16 de Outubro de 2024
Ciclo de Catequese. O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança.
9. "Eu acredito no Espírito Santo". O Espírito Santo na fé da Igreja
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Com a catequese de hoje, passamos daquilo que nos foi revelado sobre o Espírito Santo na Sagrada Escritura, para o modo como Ele está presente e age na vida da Igreja, na nossa vida cristã.
Nos primeiros três séculos, a Igreja não sentiu a necessidade de formular explicitamente a sua fé no Espírito Santo. Por exemplo, no mais antigo Credo da Igreja, o chamado Símbolo apostólico, depois de proclamar: “Creio em Deus Pai, criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, que nasceu, morreu, desceu aos infernos, ressuscitou e subiu aos céus”, acrescenta-se: “[Creio] no Espírito Santo”, nada mais, sem especificação alguma.
Mas foi a heresia que impeliu a Igreja a definir esta sua fé. Quando este processo teve início - com Santo Atanásio, no século IV - foi precisamente a sua experiência da acção santificadora e divinizadora do Espírito Santo que levou a Igreja à certeza da plena divindade do Espírito Santo. Isto aconteceu no Concílio Ecuménico de Constantinopla, em 381, que definiu a divindade do Espírito Santo com as conhecidas palavras que ainda hoje repetimos no Credo: «Creio no Espírito Santo, que é Senhor e dá a vida, e procede do Pai e do Filho. Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, e falou por meio dos profetas».
Dizer que o Espírito Santo “é Senhor” era como afirmar que Ele compartilha o “Senhorio” de Deus, que pertence ao mundo do Criador, não ao das criaturas. A afirmação mais vigorosa é que a Ele são devidas as mesmas glória e adoração que ao Pai e ao Filho. É o argumento da igualdade na honra, caro a São Basílio Magno, que foi o principal artífice desta fórmula: o Espírito Santo é Senhor, é Deus!
A definição conciliar não era um ponto de chegada, mas de partida. E, com efeito, uma vez superados os motivos históricos que tinham impedido uma afirmação mais explícita da divindade do Espírito Santo, ela foi tranquilamente proclamada no culto da Igreja e na sua teologia. Já São Gregório de Nazianzo, após aquele Concílio, afirmará sem ulterior hesitação: «O Espírito Santo é, então, Deus? Certamente! É consubstancial? Sim, se é verdadeiro Deus» (Oratio 31, 5.10).
O que nos diz, a nós crentes de hoje, o artigo de fé que proclamamos todos os domingos na Missa: “Creio no Espírito Santo”? Dele, no passado, falava-se principalmente a propósito da afirmação de que o Espírito Santo “procede do Pai”. A Igreja latina completou depressa esta afirmação, acrescentando, no Credo da Missa, que o Espírito Santo procede “também do Filho”. Dado que em latim a expressão “e do Filho” se chama “Filioque”, daqui surgiu a disputa conhecida com este nome, que foi a razão (ou o pretexto) de muitas contendas e divisões entre a Igreja do Oriente e a Igreja do Ocidente. Certamente não é o caso de abordar aqui esta questão que, de resto, no clima de diálogo que se estabeleceu entre as duas Igrejas, perdeu a dureza do passado e hoje permite esperar numa plena aceitação recíproca, como uma das principais “diferenças reconciliadas”. Gosto de dizer isto: “diferenças reconciliadas”. Entre os cristãos, existem muitas diferenças: este é desta escola, da outra; este é protestante, aquele... O importante é que estas diferenças sejam reconciliadas, no amor de caminhar juntos.
Superado este obstáculo, hoje podemos valorizar a prerrogativa mais importante para nós, proclamada no artigo do Credo, ou seja, que o Espírito Santo é “vivificante”, isto é, dá a vida. Perguntemo-nos: que vida dá o Espírito Santo? No início, na criação, o sopro de Deus dá a Adão a vida natural; de uma estátua de barro, faz dele “um ser vivo” (cf. Gn 2, 7). Agora, na nova criação, é o Espírito Santo que dá aos crentes uma vida nova, a vida de Cristo, a vida sobrenatural de filhos de Deus. Paulo pode exclamar: «A lei do Espírito, que dá vida em Cristo Jesus, libertou-vos da lei do pecado e da morte» (Rm 8, 2).
Onde está, em tudo isto, a grande e consoladora notícia para nós? É que a vida que nos é dada pelo Espírito Santo é vida eterna! A fé liberta-nos do horror de ter que admitir que tudo acaba aqui, que não há resgate algum para o sofrimento e a injustiça que reinam soberanas na terra. É o que nos garante outra palavra do Apóstolo: «Se o Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus de entre os mortos, habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo de entre os mortos também dará vida aos vossos corpos mortais pelo seu Espírito, que habita em vós» (Rm 8, 11). O Espírito habita em nós, está dentro de nós.
Cultivemos esta fé também por aqueles que, muitas vezes sem culpa própria, estão desprovidos dela e não conseguem dar um sentido à vida. E não nos esqueçamos de dar graças Àquele que, com a sua morte, nos alcançou esta dádiva inestimável!
Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano
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