No
Encontro de Oração no Vaticano com os Presidentes Shimon Peres e
Mahmoud Abbas, o Papa Convidou à "coragem de fazer a paz"
A
‘Invocação pela paz’ com os presidentes de Israel e da
Palestina teve momentos de oração de judeus, cristãos e
muçulmanos.
Além
dos três responsáveis esteve presente Bartolomeu, o patriarca
ecuménico de Constantinopla (da Igreja Ortodoxa).
A
invocação começou com uma peça musical e a explicação, em
inglês, da forma como a mesma iria decorrer, respeitando a ordem
cronológica das três religiões: Judaísmo, Cristianismo e
Islamismo.
Na
parte final o Papa Francisco concluiu com palavras de oração,
invocando a paz:
Senhores
Presidentes,
Com
grande alegria vos saúdo e desejo oferecer, a vós e às ilustres
Delegações que vos acompanham, a mesma recepção calorosa que me
reservastes na minha peregrinação há pouco concluída à Terra
Santa. Agradeço-vos do fundo do coração por terdes aceite o meu
convite para vir aqui a fim de, juntos, implorarmos de Deus o dom da
paz. Espero que este encontro seja o início de um caminho novo à
procura do que une para superar aquilo que divide. E agradeço a
Vossa Santidade, venerado Irmão Bartolomeu, por estar aqui comigo a
acolher estes hóspedes ilustres. A sua participação é um grande
dom, um apoio precioso, e é testemunho do caminho que estamos a
fazer, como cristãos, rumo à plena unidade.
A
vossa presença, Senhores Presidentes, é um grande sinal de
fraternidade, que realizais como filhos de Abraão, e expressão
concreta de confiança em Deus, Senhor da história, que hoje nos
contempla como irmãos um do outro e deseja conduzir-nos pelos seus
caminhos. Este nosso encontro de imploração da paz para a Terra
Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro é acompanhado pela oração
de muitíssimas pessoas, pertencentes a diferentes culturas, pátrias,
línguas e religiões: pessoas que rezaram por este encontro e agora
estão unidas connosco na mesma imploração. É um encontro que
responde ao ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um
mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não
como adversários ou como inimigos.
Senhores
Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos nossos
antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos
que estão cansados e desfalecidos pelos conflitos e desejosos de
alcançar a aurora da paz; filhos que nos pedem para derrubar os
muros da inimizade e percorrer a estrada do diálogo e da paz a fim
de que triunfem o amor e a amizade. Muitos, demasiados destes filhos
caíram vítimas inocentes da guerra e da violência, plantas
arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu
sacrifício não seja em vão. A sua memória infunda em nós a
coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo, a
paciência de tecer dia após dia a trama cada vez mais robusta de
uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o
bem de todos.
Para
fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a
guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não à
briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e
não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às
provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo
isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A
história ensina-nos que as nossas meras forças não bastam. Já
mais de uma vez estivemos perto da paz, mas o maligno, com diversos
meios, conseguiu impedi-la. Por isso estamos aqui, porque sabemos e
acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às
nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como acto de suprema
responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos
povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder: a chamada a romper a
espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra:
«irmão». Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os
olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um único Pai. A Ele, no
Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da
Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor
Deus de Paz, escutai a nossa súplica!
Tentámos
tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com
as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de
hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas
despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos
esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós
a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os
nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer:
«nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»!
Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir
a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos
criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos
cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com
benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho.
Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que
nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os
nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende
acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente
perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença
finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas
estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e
as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que
nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se
torne: shalom, paz, salam! Amen.
Fonte:
Rádio Vaticano
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