A
catequese ontem do Papa Francisco foi dedicada ao último dos sete
dons do Espírito Santo: o temor de Deus.
Transcrevemos
as palavras do Santo Padre:
Prezados
irmãos e irmãs, bom dia!
O
dom do temor de Deus, do qual hoje falamos, conclui a série
dos sete dons do Espírito Santo.
Não
significa ter medo de Deus: sabemos que Deus é Pai e nos ama, quer a
nossa salvação e nos perdoa sempre; por isso, não há motivo para
ter medo dele!
Ao
contrário, o temor de Deus é o dom do Espírito que nos recorda
como somos pequenos diante de Deus e do seu amor, e que o nosso bem
está no nosso abandono com humildade, respeito e confiança nas suas
mãos.
Este
é o temor de Deus: o abandono à bondade do nosso Pai, que nos ama
imensamente.
Quando
o Espírito Santo faz a sua morada no nosso coração, infunde-nos
consolação e paz, levando-nos a sentir-nos como somos, isto é
pequeninos, com aquela atitude — tão recomendada por Jesus no
Evangelho — de quem põe todas as suas preocupações e
expectativas em Deus, sentindo-se abraçado e sustentado pelo seu
calor e pela sua salvaguarda, precisamente como uma criança com o
seu pai!
É
isto que faz o Espírito Santo nos nossos corações: leva-nos a
sentir-nos como crianças no colo do nosso pai.
Então,
neste sentido compreendemos bem que o temor de Deus assume em nós a
forma da docilidade, do reconhecimento e do louvor, enchendo de
esperança o nosso coração.
Com
efeito, muitas vezes não conseguimos entender o desígnio de Deus e
damo-nos conta de que não somos capazes de assegurar sozinhos a
nossa felicidade e a vida eterna.
Mas
é precisamente na experiência dos nossos limites e da nossa pobreza
que o Espírito nos conforta e nos leva a sentir que a única coisa
importante é deixar-nos conduzir por Jesus para os braços do seu
Pai.
Eis
por que motivo temos tanta necessidade deste dom do Espírito Santo.
O
temor de Deus faz-nos ter consciência de que tudo é graça e que a
nossa verdadeira força consiste unicamente em seguir o Senhor Jesus
e em deixar que o Pai possa derramar sobre nós a sua bondade e
misericórdia.
Abramos
o coração, para receber a bondade e a misericórdia de Deus.
É
isto que faz o Espírito Santo mediante o dom do temor de Deus: abre
os corações.
Mantenhamos
o coração aberto para deixar entrar o perdão, a misericórdia, a
bondade e os afagos do Pai, porque nós somos filhos infinitamente
amados.
Quando
estamos cheios do temor de Deus, então somos levados a seguir o
Senhor com humildade, docilidade e obediência.
Mas
isto não com atitude resignada e passiva, até lamentosa, mas com a
admiração e a alegria de um filho que se reconhece servido e amado
pelo Pai.
Portanto,
o temor de Deus não faz de nós cristãos tímidos e remissivos, mas
gera em nós coragem e força!
É
uma dádiva que faz de nós cristãos convictos e entusiastas, que
não permanecem submetidos ao Senhor por medo, mas porque se sentem
comovidos e conquistados pelo seu amor!
Ser
conquistado pelo amor de Deus! Isto é bom!
Deixemo-nos
conquistar por este amor de pai, que nos ama muito, que nos ama com
todo o seu coração.
Mas
estejamos atentos, pois a dádiva de Deus, o dom do temor de Deus
constitui também um «alarme» diante da obstinação do pecado.
Quando
uma pessoa vive no mal, quando blasfema contra Deus, quando explora o
próximo, quando tiraniza contra ele, quando vive só para o
dinheiro, a vaidade, o poder ou o orgulho, então o santo temor de
Deus alerta-nos: atenção!
Com
todo este poder, com todo este dinheiro, com todo o teu orgulho, com
toda a tua vaidade não serás feliz!
Ninguém
consegue levar consigo para o além o dinheiro, o poder, a vaidade ou
o orgulho.
Nada!
Só
podemos levar o amor que Deus Pai nos concede, as carícias de Deus,
aceites e recebidas por nós com amor.
E
podemos levar aquilo que fizermos pelo próximo.
Estejamos
atentos a não pôr a esperança no dinheiro, no orgulho, no poder e
na vaidade, pois tudo isto não nos pode prometer nada de bom!
Por
exemplo, penso nas pessoas que têm responsabilidades sobre os outros
e se deixam corromper; pensais que uma pessoa corrupta será feliz no
além?
Não,
todo o fruto do seu suborno corrompeu o seu coração e será difícil
alcançar o Senhor.
Penso
em quantos vivem do tráfico de pessoas e do trabalho escravo;
pensais que quantos traficam pessoas, que exploram o próximo com o
trabalho escravo têm o amor de Deus no seu coração?
Não,
não têm temor de Deus e não são felizes.
Não
o são!
Penso
naqueles que fabricam armas para fomentar as guerras; mas que
profissão é esta!
Estou
convicto de que se agora eu vos dirigir a pergunta: quantos de vós
sois fabricantes de armas?
Nenhum,
ninguém!
Estes
fabricantes de armas não vêm para ouvir a Palavra de Deus!
Eles
fabricam a morte, são mercantes de morte, fazem da morte mercadoria.
Que
o temor de Deus os leve a compreender que um dia tudo acaba e que
deverão prestar contas a Deus.
Caros
amigos, o Salmo 34 leva-nos a rezar assim:
«Quando
um pobre invoca o Senhor, Ele atende-o e liberta-o de todas as suas
angústias. O anjo do Senhor assenta os seus arraiais em redor dos
que O temem e os salva» (vv.
7-8).
Peçamos
ao Senhor a graça de unir a nossa voz à dos pobres, para acolher o
dom do temor de Deus e poder reconhecer-nos, juntamente com eles,
revestidos de misericórdia e de amor a Deus, que é o nosso Pai, o
nosso pai.
Assim
seja!
Fontes:
Santa Sé e Rádio Vaticano
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