Visitou neste sábado de manhã o maior cemitério militar da Itália, para “rezar pelas vítimas de todas as guerras”.
A iniciativa visa assinalar o centenário do início da I Guerra Mundial (1914-1918), que causou a morte a nove milhões de pessoas, entre soldados e civis.
Foi
“como peregrino” que o Papa se deslocou ao chamado Santuário
militar de Redipuglia, região próxima da fronteira de Itália com a
Eslovénia, visitando um cemitério inaugurado em 1938 para dar
sepultura a 100 mil italianos que tombaram no decurso da I Grande
Guerra.
Na homilia, num tom meditativo, directo, evocando a beleza daquela região, com a vida quotidiana das pessoas, na tranquilidade da paz, o Papa Francisco declarou sem meios termos:
A guerra é
uma loucura:
A guerra
destrói; destrói até mesmo o que Deus criou de mais belo: o ser
humano.
A guerra tudo
transtorna, incluindo a ligação entre irmãos.
A guerra é
louca: como plano de desenvolvimento, propõe a destruição!
Apontando
como motivos que impelem à opção bélica a ganância, a
intolerância, a ambição do poder, o Papa observou que tais motivos
são muitas vezes justificados por uma ideologia; mas, antes desta,
existe a paixão, o impulso desordenado.
A
ideologia é uma justificação e, mesmo quando não há uma
ideologia, há a resposta de Caim: «A mim, que me importa? Sou,
porventura, guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). A guerra não respeita
ninguém: nem idosos, nem crianças, nem mães, nem pais... «A mim,
que me importa?»
Todas
as pessoas, cujos restos repousam nestes cemitérios
tinham
projectos, sonhos, mas as suas vidas foram ceifadas. Porquê?!
Aqui
e no outro cemitério há aqui muitas vítimas.
Hoje
recordamo-las: há o pranto, o luto, o sofrimento...
Daqui
recordamos todas as vítimas de todas as guerras.
Também
hoje as vítimas são tantas...
Isto
é possível, porque ainda hoje, nos bastidores, existem interesses,
planos geopolíticos, avidez de dinheiro e poder; e há a indústria
das armas, que parece ser tão importante!
E
estes planificadores do terror, estes organizadores do conflito, bem
como os fabricantes das armas escreveram no coração: «A mim, que
me importa?»
É
próprio das pessoas sensatas reconhecer os erros, sentir tristeza
por os ter cometido, arrepender-se, pedir perdão e chorar.
Com
o «a mim, que me importa?» que têm no coração, os negociantes da
guerra talvez ganhem muito, mas o seu coração corrupto perdeu a
capacidade de chorar.
Caim
não chorou, não conseguiu chorar.
Hoje
a sombra de Caim estende-se sobre nós aqui, neste cemitério.
Vê-se
aqui!
Vê-se
na história que vem de 1914 até aos dias de hoje; e vê-se também
em nossos dias.
Irmãos, a
humanidade precisa de chorar; e esta é a hora do pranto.
Fonte:
Rádio Vaticano
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