Na
sua mensagem para a Quaresma intitulada
”Abre
a tua porta à alegria do Evangelho”
Caminhada para uma Quaresma com Páscoa
Caminhada para uma Quaresma com Páscoa
D.
António Francisco diz-nos que este tempo é “para
os cristãos, e deve ser através deles para todo o mundo, um convite
a abrir a porta do nosso coração à alegria do evangelho”
MENSAGEM
DE D. ANTÓNIO FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2015
“Abre
a tua porta à alegria do Evangelho”
Caminhada
para uma Quaresma com Páscoa
Mensagem
de Abertura
Na
mensagem que nos dirige para esta Quaresma, o Papa Francisco
apresenta a Quaresma como um tempo favorável de graça e um percurso
de formação do coração.
O
Papa Francisco sugere, para a formação do coração, os caminhos da
oração, da caridade e da conversão, de modo que a oração nos
abra à comunhão, e, pela caridade, na Igreja “tudo seja de
todos”, até sermos capazes de fazer das paróquias “ilhas
de misericórdia no meio do mar da indiferença”.
Importa
cultivar um clima de fraternidade e de esperança que transforme e
abra o coração humano, tantas vezes indiferente ao mistério de
Deus, à presença de Jesus e à acção da Igreja.
Estava
já preparada esta Caminhada da Quaresma – Páscoa e escolhida a
imagem da “porta”, quando, ontem mesmo, recebemos esta
belíssima mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano.
É
com muita alegria que vemos como esta imagem da “porta”
serve também na mensagem do Papa este desafio para a abertura do
nosso coração ao amor de Deus e à missão da Igreja.
É
com este mesmo espírito e usando a mesma imagem da “porta”
que apresento à Diocese a Caminhada da Quaresma – Páscoa,
inspirada na Exortação apostólica “A alegria do evangelho”
e integrada no ritmo da dinâmica pastoral proposta à Diocese ao
apresentar, no passado dia 9 de setembro, na celebração de Abertura
do Ano pastoral o lema: “A alegria do Evangelho é a nossa
missão”.
Quero
agradecer e louvar o belo acolhimento oferecido a este lema
diocesano, e a quanto ele significa de mobilização pastoral, assim
como o grande interesse encontrado em toda a diocese pela Caminhada
de Advento – Natal, em que nos propusemos construir: “Uma
casa para a alegria do evangelho”.
Urge
agora abrirmos nesta “casa construída para a alegria do
evangelho”, juntamente com a “porta” do nosso
coração as “portas” que nos façam entrar na Igreja e
daí partir em missão: “Abre a tua porta à alegria do
Evangelho”.
Na
linguagem da fé, a “porta” é um dos símbolos com o qual
Jesus se identifica. “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim,
será salvo” (Jo 10, 7 ss).
Na
arquitectura das igrejas, a “porta” é o elemento de
passagem que projeta para o mistério e envia para a missão.
A
Quaresma é um belo e necessário itinerário de sete semanas que nos
conduz pelos caminhos da oração, da conversão, do jejum e da
partilha fraterna rumo à Páscoa.
Depois,
a partir da Páscoa, outras sete semanas nos levam, durante o tempo
pascal, a irradiar a alegria da ressurreição.
Assim,
outras tantas portas se abrem pela mão da mesma Igreja, que nos
preparou durante o tempo quaresmal para irmos em missão ao encontro
do Mundo.
A
Quaresma é, assim, para os cristãos, e deve ser através deles para
todo o mundo, um convite a abrir a porta do nosso coração à
alegria do evangelho.
A
Páscoa, por seu lado, vai conduzir-nos à casa das famílias da
nossa Diocese, a partir das “portas” da Igreja, abertas no
domingo da ressurreição. Levaremos connosco a cruz florida com o
belo e feliz anúncio da ressurreição e o convite a vivermos, no
espírito da alegria do evangelho, a partilha de bens que queremos
recolher na renúncia quaresmal, como dom da generosidade de todos,
para repartir por aqueles que deles precisam, sobretudo os mais
pobres, sós e esquecidos.
Vivamos
todos, desde as crianças da catequese, aos jovens dos grupos
paroquiais e das escolas, às famílias, às paróquias, às
comunidades religiosas e aos movimentos apostólicos esta proposta de
itinerário espiritual e de dinâmica pastoral. Só assim a Igreja
será “a mão que abre a porta através da qual Deus entra no
mundo e o mundo n’Ele”.
Cabe
à Igreja, lembra-nos o Papa Francisco, ser “como a mão que
mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da
celebração dos Sacramentos, do testemunho da fé que se torna
eficaz pelo amor”.
E
o Papa adverte que, se a Igreja não for esta mão “não deve
jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida”.
Por
isso, “cada comunidade cristã é chamada a atravessar o
limiar [o limiar desta porta, poderíamos acrescentar] que
a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com
os incrédulos.”
Não
deixemos de abrir a “porta” do nosso coração! Só um
coração forte, pobre e misericordioso, vigilante e generoso que se
abre à oração, à conversão e à reconciliação compreende como
é importante viver e ser Igreja de portas franqueadas a todos,
aberta para a todos receber e por todos rezar, vencendo a indiferença
com o amor.
Mais
do que lamentarmo-nos pelo declínio de uma civilização em fim de
ciclo, que a violência, o terror, o medo e a pobreza indiciam,
devemos ser capazes de iluminar o mundo com a luz transformadora que
nos vem do amor misericordioso de Deus e renasce em cada Páscoa.
Importa
sentir que um futuro justo e solidário, de que a unidade dos
cristãos e a comunhão da Igreja devem ser sinal e anúncio, não é
um destino distante nem um caminho inacessível.
O
Papa Francisco lembra-nos que “na encarnação, na vida
terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus, abre-se
definitivamente a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a
terra”.
Centramos
esta Caminhada da Quaresma – Páscoa na liturgia de cada domingo.
Aí
se inspiram os desafios semanais a pormos em prática, os gestos
significativos e os compromissos de acção a realizar.
Aí
encontramos a “chave da porta” que nos abre o coração
para a mensagem inspiradora para a semana e para a oração pessoal,
familiar e comunitária de cada dia.
Aí
sentiremos os apelos de Deus à renovação espiritual, que está ao
alcance de todos nós, sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos, e
de todos faz testemunhas da ressurreição e mensageiros felizes do
evangelho.
Vamos
transformar estes apelos de Deus em imperativos de conversão e em
compromissos de missão, para que o mundo sinta a ternura do amor de
Deus.
Coloco
esta mensagem no coração de cada um dos diocesanos e de todas as
famílias, paróquias, comunidades religiosas e movimentos
apostólicos, para que em todos se reavive a bela experiência
quaresmal e pascal, que nos leva, a partir do encontro com Cristo, ao
encontro de quantos habitam esta mesma casa, que é a diocese do
Porto.
Faço
meus os votos, os desafios e os sentimentos do Papa Francisco que
conclui assim a sua mensagem da Quaresma para este ano: “Com
estes votos, asseguro a minha oração por cada crente e cada
comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente este
itinerário, enquanto, por minha vez, vos peço que rezeis por mim.
Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!”
Com
afecto fraterno desejo a todos uma abençoada Quaresma e uma santa e
feliz Páscoa.
Porto,
28 de Janeiro, festa de S. Tomás de Aquino, de 2015
António
Francisco, Bispo de Porto
Fonte:
Diocese do Porto
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