Celebra-se
hoje, Festa de Nossa Senhora de Lurdes, o Dia Mundial do Doente instituído por João Paulo II em 13 de Maio de 1992
Na
nossa Paróquia a Eucaristia do Doente é celebrada no próximo Domingo às
15H00
Como
refere São João Paulo II na carta que institui a data,
A
celebração deste dia tem como objectivo manifesto sensibilizar o
povo de Deus e, por consequência, as múltiplas instituições de
saúde católicas e a própria sociedade civil, para a necessidade de
assegurar a melhor assistência possível aos doentes; ajudar quem é
doente a valorizar o sofrimento no plano humano, e sobretudo,
sobrenatural; envolver de maneira particular as dioceses, as
comunidades cristãs, as famílias religiosas na pastoral da saúde;
favorecer o compromisso cada vez mais valioso do voluntariado; chamar
a atenção para a importância da formação espiritual e moral dos
agentes da saúde e fazer compreender melhor a importância da
assistência religiosa aos doentes por parte dos sacerdotes
diocesanos e regulares, assim como todos os que vivem e actuam ao
lado de quem sofre.
MENSAGEM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA
O XXIII DIA MUNDIAL DO DOENTE 2015
Tema:
«Sapientia cordis. “Eu era os olhos do cego e servia de pés
para o coxo” (Job 29, 15)»
Queridos
irmãos e irmãs,
Por
ocasião do XXIII Dia Mundial do Doente, instituído por São João
Paulo II, dirijo-me a todos vós que carregais o peso da doença,
encontrando-vos de várias maneiras unidos à carne de Cristo
sofredor, bem como a vós, profissionais e voluntários no campo da
saúde.
O
tema deste ano convida-nos a meditar uma frase do livro de Job: «Eu
era os olhos do cego e servia de pés para o coxo» (29, 15).
Gostaria de o fazer na perspectiva da «sapientia cordis», da
sabedoria do coração.
1.
Esta sabedoria não é um conhecimento teórico, abstracto, fruto de
raciocínios; antes, como a descreve São Tiago na sua Carta, é
«pura (…), pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia
e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia» (3, 17). Trata-se,
por conseguinte, de uma disposição infundida pelo Espírito Santo
na mente e no coração de quem sabe abrir-se ao sofrimento dos
irmãos e neles reconhece a imagem de Deus. Por isso, façamos nossa
esta invocação do Salmo: «Ensina-nos a contar assim os nossos
dias, / para podermos chegar à sabedoria do coração» (Sal 90/89,
12). Nesta sapientia cordis, que é dom de Deus, podemos
resumir os frutos do Dia Mundial do Doente.
2.
Sabedoria do coração é servir o irmão. No discurso de Job
que contém as palavras «eu era os olhos do cego e servia de pés
para o coxo», evidencia-se a dimensão de serviço aos necessitados
por parte deste homem justo, que goza duma certa autoridade e ocupa
um lugar de destaque entre os anciãos da cidade. A sua estatura
moral manifesta-se no serviço ao pobre que pede ajuda, bem como no
cuidado do órfão e da viúva (cf. 29, 12-13).
Também
hoje quantos cristãos dão testemunho – não com as palavras mas
com a sua vida radicada numa fé genuína – de ser «os olhos do
cego» e «os pés para o coxo»! Pessoas que permanecem junto dos
doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se
lavar, vestir e alimentar. Este serviço, especialmente quando se
prolonga no tempo, pode tornar-se cansativo e pesado; é
relativamente fácil servir alguns dias, mas torna-se difícil cuidar
de uma pessoa durante meses ou até anos, inclusive quando ela já
não é capaz de agradecer. E, no entanto, que grande caminho de
santificação é este! Em tais momentos, pode-se contar de modo
particular com a proximidade do Senhor, sendo também de especial
apoio à missão da Igreja.
3.
Sabedoria do coração é estar com o irmão. O tempo gasto
junto do doente é um tempo santo. É louvor a Deus, que nos
configura à imagem do seu Filho, que «não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão» (Mt 20,
28). Foi o próprio Jesus que o disse: «Eu estou no meio de vós
como aquele que serve» (Lc 22, 27).
Com
fé viva, peçamos ao Espírito Santo que nos conceda a graça de
compreender o valor do acompanhamento, muitas vezes silencioso, que
nos leva a dedicar tempo a estas irmãs e a estes irmãos que, graças
à nossa proximidade e ao nosso afecto, se sentem mais amados e
confortados. E, ao invés, que grande mentira se esconde por trás de
certas expressões que insistem muito sobre a «qualidade da vida»
para fazer crer que as vidas gravemente afectadas pela doença não
mereceriam ser vividas!
4.
Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão. Às
vezes, o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à
cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesim do
fazer e do produzir, esquece-se a dimensão da gratuitidade, do
prestar cuidados, do encarregar-se do outro. No fundo, por detrás
desta atitude, há muitas vezes uma fé morna, que esqueceu a palavra
do Senhor que diz: «a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).
Por
isso, gostaria de recordar uma vez mais a «absoluta prioridade da
“saída de si próprio para o irmão”, como um dos dois
mandamentos principais que fundamentam toda a norma moral e como o
sinal mais claro para discernir sobre o caminho de crescimento
espiritual em resposta à doação absolutamente gratuita de Deus»
(Exort. ap. Evangelii gaudium, 179). É da própria natureza
missionária da Igreja que brotam «a caridade efectiva para com o
próximo, a compaixão que compreende, assiste e promove» (Ibid.,
179).
5.
Sabedoria do coração é ser solidário com o irmão, sem o
julgar. A caridade precisa de tempo. Tempo para cuidar dos
doentes e tempo para os visitar. Tempo para estar junto deles, como
fizeram os amigos de Job: «Ficaram sentados no chão, ao lado dele,
sete dias e sete noites, sem lhe dizer palavra, pois viram que a sua
dor era demasiado grande» (Job 2, 13). Mas, dentro de si mesmos, os
amigos de Job escondiam um juízo negativo acerca dele: pensavam que
a sua infelicidade fosse o castigo de Deus por alguma culpa dele.
Pelo contrário, a verdadeira caridade é partilha que não julga,
que não tem a pretensão de converter o outro; está livre daquela
falsa humildade que, fundamentalmente, busca aprovação e se compraz
com o bem realizado.
A
experiência de Job só encontra a sua resposta autêntica na Cruz de
Jesus, acto supremo de solidariedade de Deus para connosco,
totalmente gratuito, totalmente misericordioso. E esta resposta de
amor ao drama do sofrimento humano, especialmente do sofrimento
inocente, permanece para sempre gravada no corpo de Cristo
ressuscitado, naquelas suas chagas gloriosas que são escândalo para
a fé, mas também verificação da fé (cf. Homilia na
canonização de João XXIII e João Paulo II, 27 de Abril de 2014).
Mesmo
quando a doença, a solidão e a incapacidade levam a melhor sobre a
nossa vida de doação, a experiência do sofrimento pode tornar-se
lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e
fortalecer a sapientia cordis. Por isso se compreende como
Job, no fim da sua experiência, pôde afirmar dirigindo-se a Deus:
«Os meus ouvidos tinham ouvido falar de Ti, mas agora vêem-Te os
meus próprios olhos»(42, 5). Também as pessoas imersas no mistério
do sofrimento e da dor, se acolhido na fé, podem tornar-se
testemunhas vivas duma fé que permite abraçar o próprio
sofrimento, ainda que o homem não seja capaz, pela própria
inteligência, de o compreender até ao fundo.
6.
Confio este Dia Mundial do Doente à protecção materna de Maria,
que acolheu no ventre e gerou a Sabedoria encarnada, Jesus Cristo,
nosso Senhor.
Ó
Maria, Sede da Sabedoria, intercedei como nossa Mãe por todos os
doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos, no serviço ao
próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento,
acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração.
Acompanho
esta súplica por todos vós com a minha Bênção Apostólica.
Vaticano,
3 de Dezembro – Memória de São Francisco Xavier – do ano 2014.
Franciscus
Fontes:
Santa Sé, Rádio Vaticano
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