Apresentamos
uma primeira abordagem da nova Encíclica do Papa Francisco
«Que
tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças
que estão a crescer?»
Adicionado
vídeo às 19H30
«Que
tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças
que estão a crescer?»
Esta
interrogação é o âmago da Laudato si’, a aguardada Encíclica
do Papa Francisco.
O
nome foi inspirado na invocação de São Francisco «Louvado sejas,
meu Senhor», que no Cântico das Criaturas recorda que a terra «se
pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência,
ora a uma mãe, que nos acolhe nos seus braços».
Agora,
esta terra maltratada e saqueada se lamenta e os seus gemidos se unem
aos de todos os abandonados do mundo.
No
decorrer de seis capítulos, o Papa convida a ouvir esses gemidos,
exortando todos a uma «conversão ecológica», a «mudar de rumo»,
assumindo a responsabilidade de um compromisso para o «cuidado da
casa comum».
O
Pontífice se dirige certamente aos católicos, aos cristãos de
outras confissões, mas não só: quer entrar em diálogo com todos,
como instrumento para enfrentar e resolver os problemas.
Alguns temas analisados na Encíclica:
As
mudanças climáticas
«As
mudanças climáticas são um problema global com graves implicações
ambientais, sociais, económicas, distributivas e políticas, e
constituem um dos principais desafios actuais para a humanidade».
Se
«o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos», o impacto
mais pesado da sua alteração recai sobre os mais pobres.
A
questão da água
O
Pontífice afirma claramente que «o acesso à água potável e
segura é um direito humano essencial, fundamental e universal,
porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é
condição para o exercício dos outros direitos humanos».
Privar
os pobres do acesso à água significa «negar-lhes o direito à vida
radicado na sua dignidade inalienável».
A
dívida ecológica
No
âmbito de uma ética das relações internacionais, a Encíclica
indica que existe uma verdadeira “dívida ecológica”, sobretudo
do Norte em relação ao Sul do mundo.
Diante
das mudanças climáticas, há «responsabilidades diversificadas»,
e as dos países desenvolvidos são maiores.
O
Papa Francisco se mostra impressionado com a «fraqueza das reacções»
diante dos dramas de tantas pessoas e populações.
A
raiz humana da crise ecológica
O
ser humano não reconhece mais a sua correcta posição em relação
ao mundo e assume uma posição auto-referencial, centrada
exclusivamente em si mesmo e no próprio poder.
Deriva
então uma lógica do «descartável» que justifica todo tipo de
descarte, ambiental ou humano que seja.
Mudança
nos estilos de vida
A
Encíclica retoma a linha proposta na Evangelii Gaudium: «A
sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora».
O
Papa propõe mudanças nos estilos de vida, através da educação e
da espiritualidade.
Uma
educação ambiental que incida sobre gestos e hábitos quotidianos,
da redução do consumo de água, à separação do lixo até «apagar
luzes desnecessárias».
Para
Francisco, «uma ecologia integral é feita também de simples gestos
quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da
exploração, do egoísmo».
O
Pontífice recorda, porém, que tudo isto será mais fácil a partir
de um olhar contemplativo que vem da fé: «O crente contempla o
mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro,
reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres».
O
coração da proposta da Encíclica é a ecologia integral como novo
paradigma de justiça; uma ecologia «que integre o lugar específico
que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a
realidade que o circunda».
A
esperança permeia todo o texto e, segundo Francisco, não se deve
pensar que esses esforços não mudarão o mundo.
A
crise ecológica, portanto, é um apelo a uma profunda conversão
interior.
Pode-se
necessitar pouco e viver muito.
Fontes:
Rádio Vaticano; Agência Ecclesia
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