O
Papa Francisco após ter reflectido nas últimas semanas sobre a
misericórdia de Deus no Antigo Testamento, iniciou nesta
quarta-feira um ciclo de catequeses sobre o cumprimento da
misericórdia de Deus em Jesus Cristo
Texto
integral da catequese do Santo Padre na Audiência Geral de
Quarta-feira dia 6 de Abril:
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
Depois
de ter reflectido sobre a misericórdia de Deus no Antigo Testamento,
hoje iniciamos a meditar sobre o modo como o próprio Jesus a levou
ao seu pleno cumprimento.
Uma
misericórdia que Ele expressou, realizou e comunicou sempre, em cada
momento da sua vida terrena.
Encontrando-se
com as multidões, anunciando o Evangelho, curando os doentes,
aproximando-se dos últimos, perdoando os pecadores, Jesus torna
visível um amor aberto a todos: sem excluir ninguém!
Aberto
a todos sem confins.
Um
amor puro, gratuito e absoluto.
Um
amor que alcança o seu ápice no Sacrifício da cruz.
Sim,
o Evangelho é deveras o «Evangelho da Misericórdia», porque Jesus
é a Misericórdia!
Os
quatro Evangelhos afirmam que Jesus, antes de empreender o seu
ministério, quis receber o baptismo de João Baptista (cf. Mt 3,
13-17; Mc 1, 9-11; Lc 3, 21-22; Jo 1, 29-34).
Este
evento imprime uma orientação decisiva a toda a missão de Cristo.
Com
efeito, Ele não se apresentou ao mundo no esplendor do templo: podia
fazê-lo.
Não
se fez anunciar pelo retumbar de trombas: podia fazê-lo.
E
nem sequer veio nas vestes de um juiz: podia fazê-lo.
Ao
contrário, depois de trinta anos de vida escondida em Nazaré, Jesus
foi até ao rio Jordão, juntamente com muitas pessoas do seu povo e
pôs-se em fila com os pecadores.
Não
sentiu vergonha: estava ali com todos, com os pecadores, para ser
baptizado.
Portanto,
desde o início do seu ministério, Ele manifestou-se como Messias
que assume a condição humana, movido pela solidariedade e pela
compaixão.
Como
Ele mesmo afirma na sinagoga de Nazaré, identificando-se com a
profecia de Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque
me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar
os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção,
aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os
cativos, para publicar o ano da graça do Senhor» (Lc 4, 18-19).
Tudo
o que Jesus realizou depois do baptismo foi o cumprimento do programa
inicial: anunciar a todos o amor de Deus que salva.
Jesus
não anunciou o ódio nem a inimizade: anunciou-nos o amor! Um amor
grande, um coração aberto a todos, a todos nós!
Um
amor que salva!
Ele
fez-se próximo aos últimos, comunicando-lhes a misericórdia de
Deus que é perdão, alegria e vida nova.
Jesus,
o Filho enviado pelo Pai, é realmente o início do tempo da
misericórdia para toda a humanidade!
Quantos
estavam presentes nas margens do Jordão não compreenderam
imediatamente a importância do gesto de Jesus.
O
próprio João Baptista admirou-se com a sua decisão (cf. Mt 3, 14).
Mas
não o Pai celeste! Ele fez ouvir a sua voz do alto: «Tu és o meu
Filho muito amado; em ti ponho minha afeição» (Mc 1, 11).
De
tal modo o Pai confirma o caminho que o Filho empreendeu como
Messias, enquanto sobre Ele desce como uma pomba o Espírito Santo.
Então
o coração de Jesus bate, por assim dizer, em uníssono com o
coração do Pai e do Espírito, mostrando a todos os homens que a
salvação é fruto da misericórdia de Deus.
Podemos
contemplar ainda mais claramente o grande mistério deste amor
dirigindo o olhar para Jesus crucificado.
Enquanto
inocente está para morrer por nós, pecadores, suplica ao Pai: «Pai,
perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem» (Lc 23, 34).
É
na cruz que Jesus apresenta à misericórdia do Pai o pecado do
mundo: o pecado de todos, os meus, os teus, os vossos.
É
na cruz que Ele os apresenta ao Pai.
E
com o pecado do mundo todos os nossos pecados são perdoados.
Nada
e ninguém permanece excluído desta oração sacrifical de Jesus.
Isto
significa que não devemos temer reconhecer-nos e confessar-nos
pecadores.
Quantas
vezes dizemos: «Mas, ele é um pecador, fez isto e aquilo...», e
julgamos os outros.
E
tu?
Cada
um de nós deveria perguntar-se: «Sim, ele é um pecador. E eu?».
Todos
somos pecadores, mas todos fomos perdoados: temos a possibilidade de
receber este perdão que é a misericórdia de Deus.
Portanto,
não devemos temer reconhecer-nos e confessar-nos pecadores, porque
todo o pecado foi levado à Cruz pelo Filho.
E
quando nos confessamos arrependidos confiando-nos a Ele, temos a
certeza de que somos perdoados.
O
sacramento da Reconciliação torna actual para cada um a força do
perdão que brota da Cruz e renova na nossa vida a graça da
misericórdia que Jesus nos conquistou!
Não
devemos temer as nossas misérias: cada um tem as próprias.
O
poder do amor do Crucificado não conhece obstáculos e nunca se
esgota.
E
esta misericórdia cancela as nossas misérias.
Caríssimos,
neste Ano jubilar peçamos a Deus a graça de fazer a experiência do
poder do Evangelho: Evangelho da misericórdia que transforma, que
faz entrar no coração de Deus, que nos torna capazes de perdoar e
olhar para o mundo com mais bondade.
Se
acolhermos o Evangelho do Crucificado Ressuscitado, toda a nossa vida
será plasmada pela força do seu amor que renova.
Depois
da audiência geral o Papa Francisco encontrou-se com a menina Lizzy
Myers (na fotografia), norte-americana de cinco anos, que tem a
síndrome de Usher tipo 2, doença genética rara caracterizada pela
deficiência auditiva e perda progressiva da visão.
Acompanhada
pelos seus pais e irmã a pequena Lizzy, do Ohio, realizou, assim, um
desejo pessoal de encontrar o Papa Francisco.
Os
seus pais programaram uma série de acontecimentos para ela ver e
ouvir antes que perca completamente a audição e a visão.
O
Papa Francisco abraçou Lizzy carinhosamente, abençoou os seus olhos
e ouvidos, e garantiu a sua oração por ela e pela sua família.
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano
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