Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 7 de abril de 2016

JESUS É A MISERICÓRDIA, NÃO TEMAMOS AS NOSSAS MISÉRIAS

O Papa Francisco após ter reflectido nas últimas semanas sobre a misericórdia de Deus no Antigo Testamento, iniciou nesta quarta-feira um ciclo de catequeses sobre o cumprimento da misericórdia de Deus em Jesus Cristo
   
   
Texto integral da catequese do Santo Padre na Audiência Geral de Quarta-feira dia 6 de Abril:


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Depois de ter reflectido sobre a misericórdia de Deus no Antigo Testamento, hoje iniciamos a meditar sobre o modo como o próprio Jesus a levou ao seu pleno cumprimento.
Uma misericórdia que Ele expressou, realizou e comunicou sempre, em cada momento da sua vida terrena.
Encontrando-se com as multidões, anunciando o Evangelho, curando os doentes, aproximando-se dos últimos, perdoando os pecadores, Jesus torna visível um amor aberto a todos: sem excluir ninguém!
Aberto a todos sem confins.
Um amor puro, gratuito e absoluto.
Um amor que alcança o seu ápice no Sacrifício da cruz.
Sim, o Evangelho é deveras o «Evangelho da Misericórdia», porque Jesus é a Misericórdia!

Os quatro Evangelhos afirmam que Jesus, antes de empreender o seu ministério, quis receber o baptismo de João Baptista (cf. Mt 3, 13-17; Mc 1, 9-11; Lc 3, 21-22; Jo 1, 29-34).
Este evento imprime uma orientação decisiva a toda a missão de Cristo.
Com efeito, Ele não se apresentou ao mundo no esplendor do templo: podia fazê-lo.
Não se fez anunciar pelo retumbar de trombas: podia fazê-lo.
E nem sequer veio nas vestes de um juiz: podia fazê-lo.
Ao contrário, depois de trinta anos de vida escondida em Nazaré, Jesus foi até ao rio Jordão, juntamente com muitas pessoas do seu povo e pôs-se em fila com os pecadores.
Não sentiu vergonha: estava ali com todos, com os pecadores, para ser baptizado.
Portanto, desde o início do seu ministério, Ele manifestou-se como Messias que assume a condição humana, movido pela solidariedade e pela compaixão.
Como Ele mesmo afirma na sinagoga de Nazaré, identificando-se com a profecia de Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor» (Lc 4, 18-19).
Tudo o que Jesus realizou depois do baptismo foi o cumprimento do programa inicial: anunciar a todos o amor de Deus que salva.
Jesus não anunciou o ódio nem a inimizade: anunciou-nos o amor! Um amor grande, um coração aberto a todos, a todos nós!
Um amor que salva!

Ele fez-se próximo aos últimos, comunicando-lhes a misericórdia de Deus que é perdão, alegria e vida nova.
Jesus, o Filho enviado pelo Pai, é realmente o início do tempo da misericórdia para toda a humanidade!
Quantos estavam presentes nas margens do Jordão não compreenderam imediatamente a importância do gesto de Jesus.
O próprio João Baptista admirou-se com a sua decisão (cf. Mt 3, 14).
Mas não o Pai celeste! Ele fez ouvir a sua voz do alto: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti ponho minha afeição» (Mc 1, 11).
De tal modo o Pai confirma o caminho que o Filho empreendeu como Messias, enquanto sobre Ele desce como uma pomba o Espírito Santo.
Então o coração de Jesus bate, por assim dizer, em uníssono com o coração do Pai e do Espírito, mostrando a todos os homens que a salvação é fruto da misericórdia de Deus.

Podemos contemplar ainda mais claramente o grande mistério deste amor dirigindo o olhar para Jesus crucificado.
Enquanto inocente está para morrer por nós, pecadores, suplica ao Pai: «Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem» (Lc 23, 34).
É na cruz que Jesus apresenta à misericórdia do Pai o pecado do mundo: o pecado de todos, os meus, os teus, os vossos.
É na cruz que Ele os apresenta ao Pai.
E com o pecado do mundo todos os nossos pecados são perdoados.
Nada e ninguém permanece excluído desta oração sacrifical de Jesus.
Isto significa que não devemos temer reconhecer-nos e confessar-nos pecadores.
Quantas vezes dizemos: «Mas, ele é um pecador, fez isto e aquilo...», e julgamos os outros.
E tu?
Cada um de nós deveria perguntar-se: «Sim, ele é um pecador. E eu?».
Todos somos pecadores, mas todos fomos perdoados: temos a possibilidade de receber este perdão que é a misericórdia de Deus.
Portanto, não devemos temer reconhecer-nos e confessar-nos pecadores, porque todo o pecado foi levado à Cruz pelo Filho.
E quando nos confessamos arrependidos confiando-nos a Ele, temos a certeza de que somos perdoados.
O sacramento da Reconciliação torna actual para cada um a força do perdão que brota da Cruz e renova na nossa vida a graça da misericórdia que Jesus nos conquistou!
Não devemos temer as nossas misérias: cada um tem as próprias.
O poder do amor do Crucificado não conhece obstáculos e nunca se esgota.
E esta misericórdia cancela as nossas misérias.

Caríssimos, neste Ano jubilar peçamos a Deus a graça de fazer a experiência do poder do Evangelho: Evangelho da misericórdia que transforma, que faz entrar no coração de Deus, que nos torna capazes de perdoar e olhar para o mundo com mais bondade.
Se acolhermos o Evangelho do Crucificado Ressuscitado, toda a nossa vida será plasmada pela força do seu amor que renova.


Depois da audiência geral o Papa Francisco encontrou-se com a menina Lizzy Myers (na fotografia), norte-americana de cinco anos, que tem a síndrome de Usher tipo 2, doença genética rara caracterizada pela deficiência auditiva e perda progressiva da visão.
Acompanhada pelos seus pais e irmã a pequena Lizzy, do Ohio, realizou, assim, um desejo pessoal de encontrar o Papa Francisco.
Os seus pais programaram uma série de acontecimentos para ela ver e ouvir antes que perca completamente a audição e a visão.
O Papa Francisco abraçou Lizzy carinhosamente, abençoou os seus olhos e ouvidos, e garantiu a sua oração por ela e pela sua família.



Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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