O
Papa regressa da ilha grega de Lesbos com doze refugiados sírios que
serão hospedados na Itália
Trata-se
de três famílias que fugiram da guerra que continua a ensanguentar
a Síria: doze pessoas, entre as quais dois adolescentes e quatro
crianças, que chegaram à ilha grega antes do recente acordo entre
Turquia-Ue e estavam hospedados no campo de Kara Tepe.
A
hospitalidade e a ajuda às famílias ficarão a cargo do Vaticano.
A
hospitalidade inicial será garantida pela Comunidade de Santo
Egídio.
Um
gesto sem precedentes que encerrou o espírito de uma visita breve
efectuada durante o dia de hoje, mas muito intensa, empreendida no
sinal da proximidade e da partilha.
Na
visita aos refugiados no Campo de Refugiados de Moira
em Lesbos o Santo Padre começou por dizer:
“Queridos
irmãos e irmãs!
Desejei
vir estar convosco hoje.
Quero
dizer-vos que não estais sozinhos.
Ao
longo destes meses e semanas, sofrestes inúmeras tribulações na
vossa busca duma vida melhor.
Muitos
de vós sentiram-se obrigados a escapar de situações de conflito e
perseguição, sobretudo por amor dos vossos filhos, dos vossos
pequeninos.
Suportastes
grandes sacrifícios por amor das vossas famílias.
Experimentastes
a amargura de ter deixado para trás tudo o que vos era querido e –
o que é talvez mais difícil – sem saber o que o futuro vos
reservava.
Há
ainda muitos outros, como vós, que se encontram à espera, em campos
de refúgio ou na cidade, ansiando construir uma nova vida neste
continente.”
E,
mais adiante:
“Viemos
a fim de chamar a atenção do mundo para esta grave crise
humanitária e implorar a sua resolução.”
“Deus
criou o género humano para ser uma única família; quando sofre
algum dos nossos irmãos ou irmãs, todos nos ressentimos.”
“Esta
é a mensagem que, hoje, vos quero deixar: não percais a esperança!
O maior presente que podemos oferecer uns aos outros é o amor: um
olhar misericordioso, a solicitude por nos ouvirmos e compreendermos,
uma palavra de encorajamento, uma oração.”
Na
declaração conjunta de Papa Francisco, Patriarca
Bartolomeu e Arcebispo Hieronymos, referiram:
“Hoje,
a Europa enfrenta uma das suas crises humanitárias mais sérias
desde o fim da II Guerra Mundial.
Para
vencer este grave desafio, fazemos apelo a todos os seguidores de
Cristo para que tenham em mente as palavras do Senhor, segundo as
quais seremos um dia julgados: «Porque tive fome e destes-me de
comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e
recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e
visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.
(…)
Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos
mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 35-36.40).”
Do
encontro com as autoridades e a população, registamos
a Oração do Santo Padre em memória das vítimas das migrações:
Deus
de misericórdia,
pedimo-Vos
por todos os homens, mulheres e crianças,
que
morreram depois de ter deixado as suas terras
à
procura duma vida melhor.
Embora
muitos dos seus túmulos não tenham nome,
cada
um é conhecido, amado e querido por Vós.
Que
nunca sejam esquecidos por nós, mas possamos honrar
o
seu sacrifício mais com as obras do que com as palavras.
Confiamo-Vos
todos aqueles que realizaram esta viagem,
suportando
medos, incertezas e humilhações,
para
chegar a um lugar seguro e esperançoso.
Como
Vós não abandonastes o vosso Filho
quando
foi levado para um lugar seguro por Maria e José,
assim
agora mantende-Vos perto destes vossos filhos e filhas
através
da nossa ternura e protecção.
Fazei
que, cuidando deles, possamos promover um mundo
onde
ninguém seja forçado a deixar a sua casa
e
onde todos possam viver em liberdade, dignidade e paz.
Deus
de misericórdia e Pai de todos,
acordai-nos
do sono da indiferença,
abri
os nossos olhos às suas tribulações
e
libertai-nos da insensibilidade,
fruto
do bem-estar mundano e do confinamento em nós mesmos.
Dai
inspiração a todos nós, nações, comunidades e indivíduos,
para
reconhecer que, quantos atingem as nossas costas,
são
nossos irmãos e irmãs.
Ajudai-nos
a partilhar com eles as bênçãos
que
recebemos das vossas mãos
e
a reconhecer que juntos, como uma única família humana,
somos
todos migrantes, viajantes de esperança rumo a Vós,
que
sois a nossa verdadeira casa,
onde
todas as lágrimas serão enxugadas,
onde
estaremos na paz, seguros no vosso abraço.
Fonte:
Santa Sé; L'Osservatore Romano; Rádio Vaticano
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