Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 2 de abril de 2016

TRASLADAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DA VENERÁVEL SÍLVIA CARDOSO



Dia 3 de Abril, Domingo da Divina Misericórdia, a Vigararia de Paços de Ferreira e a Diocese do Porto promovem a trasladação dos restos mortais da venerável Sílvia Cardoso
   
   
A trasladação dos restos mortais da «missionária itinerante» da misericórdia D. Sílvia está prevista para as 15H00, com a saída dos restos mortais do cemitério paroquial para o pavilhão municipal de Paços de Ferreira onde será celebrada a Eucaristia, presidida por D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto.
No final da Eucaristia, organiza-se um cortejo litúrgico para a igreja paroquial, onde os restos mortais serão depositados na nova capela tumular.


À Agência Ecclesia, o nosso Bispo D. António realçou as três dimensões da personalidade de Sílvia Cardoso: a caridade, a formação e a itinerância:

A caridade, ela procurou fazer o bem aos pobres: D. Sílvia era de família com recursos económicos, mas soube reparti-los e distribuí-los, soube colocar a fortuna de família ao serviço dos que mais precisavam”;

Na formação, ela sentia que Portugal precisava de formação dos leigos, sobretudo das gerações mais novas, e dedicou-se à iniciativa de retiros espirituais e aos centros de formação”;

Depois a terceira dimensão, muito particular, ela era itinerante, ela sabia que a Igreja é missão e isso vem ao encontro do lema do nosso plano pastoral diocesano: fazer da “alegria do evangelho” a nossa missão e proclamar as bem-aventuranças”.


Da vida e obra de D. Sílvia Cardoso, transcrevemos o DECRETO SOBRE AS VIRTUDES publicado pela Congregação para as Causas dos Santos:

DECRETO SOBRE AS VIRTUDES
«A minha alma suspira e anseia pelos átrios do Senhor. O meu coração e o meu ser exultaram no Deus vivo». (Sl 84, 3)

A Serva de Deus Sílvia Cardoso Ferreira da Silva, com o coração imerso no mistério divino, progrediu no caminho da santidade e exerceu um apostolado múltiplo e variegado para o bem da Igreja e da sociedade.

Esta fervorosa cristã leiga nasceu na vila de Paços de Ferreira, perto do Porto, no dia 26 de Julho de 1882, numa família bastante rica e muito católica.
No ano seguinte foi levada com os pais para o Brasil, onde viveu até 1889, ano em que a família regressou à pátria.
Desde a adolescência a Serva de Deus manifestou apreço à oração e dedicação ao próximo, particularmente aos mais carenciados.
No ano de 1912, por influência da família, ficou noiva de um primo descrente, mas este tendo-se convertido a Deus, morreu repentinamente, deixando à noiva todos os seus bens e propriedades.
Então, provida também de património, a Serva de Deus aplicou-se com mais intensidade às obras de caridade para com os pobres e carenciados, de tal modo que foi contagiada pela “febre espanhola”.
No ano de 1917, durante uns Exercícios Espirituais, emitiu o voto de castidade perpétua.
E, recordada dos muitos frutos que neles tinha alcançado, compreendeu que os Exercícios Espirituais eram da maior importância para os leigos.
Por isso em 1923 fundou a primeira casa de Retiros para leigos na povoação de Sequeiros, perto do Porto.
Dois anos mais tarde inscreveu-se na “Liga dos Servos de Jesus”, que era uma associação laical fundada pelo Servo de Deus D. João de Oliveira Matos, bispo auxiliar da Guarda, com o fim de animar a santificação e o apostolado dos membros, e de se tornarem animadores das obras e associações já existentes nas paróquias.

No ano de 1926, no decorrer de uma peregrinação a Lourdes e a Lisieux, foi movida por um impulso divino a oferecer a sua vida para a instituição de uma obra para a salvação das almas.
No ano de 1928, na sequência dos Exercícios Espirituais, quis emitir o “voto de vítima”, que consistia em dedicar muitas horas à oração e à penitência, e a deslocar-se por vilas e aldeias a animar a conversão dos pecadores.

Nessa altura conheceu a Comunidade chamada “Obra de Cedofeita” (do nome de uma antiga rua do Porto), fundada pelo P. Pinto da Rocha e sua irmã, e quis fundar uma obra nova para a pregação de missões e para promover os Exercícios Espirituais.
Com este fim comprou uma casa chamada “Quinta Amarela”, que seria o centro principal das missões.
Encarregou das obras sociais a sua primeira companheira e reservou para si o apostolado e os Exercícios Espirituais.

No ano de 1939, o Patriarca de Lisboa orientou-a para a Acção Católica, fundada como instrumento de formação para uma nova geração de leigos.
Naquele tempo, a Serva de Deus preparou muitos Exercícios Espirituais principalmente nas Dioceses de Coimbra, Guarda e Évora.
A vida da Serva de Deus decorria numa época singularmente difícil para Portugal, quando o liberalismo e o laicismo cresciam fortemente, sobretudo depois das perturbações devidas à instauração do regime republicano no ano de 1910, que decretou leis contra a Igreja, para que expressa e certamente afugentassem a fé Católica de Portugal.
Nestas circunstâncias a obra da Serva de Deus foi de grande valor, pois na sua condição de cristã leiga, ela agiu com todo o esforço e indústria pelo bem da Igreja e a salvação das almas; distinguiu-se pelas suas obras na Igreja portuguesa do século XX e mereceu a sua estima.

Viveu com notável piedade e sentido da religião, na oração, na participação da Eucaristia, no culto Mariano e, numa palavra, na total oblação de si mesma.
Despendeu as suas forças pelo bem espiritual e social de todas as categorias de pessoas, ajudou sempre intensa e generosamente os Pastores da Igreja na resolução das situações mais difíceis, na promoção de Exercícios Espirituais e no apostolado dos leigos.
Animou com grande envolvimento a restauração da Igreja e a acção apostólica, e depois distinguiu-se na propagação especial da Acção Católica, no que ainda hoje é tida como exemplo.

Em 1948 os médicos identificaram no seu estômago sintomas de tumor.
Desprezando a notícia, a Serva de Deus não suspendeu a sua acção evangelizadora: fundou na cidade de Espinho uma instituição chamada “Patronato da Divina Providência”, que dirigiu durante ano e meio, e depois confiou a uma comissão de leigos.
No mesmo ano, em conjunto com uma comissão de senhoras, fundou a chamada “Obra da Redenção”, para a protecção das jovens.
Em 1950 deu origem no Porto ao Lar de Santa Rita para a protecção de mulheres.
Esgotada da saúde, mas sustentada por uma fé muito forte, deixou esta vida mortal na vila de Paços de Ferreira, no dia 2 de Novembro de 1950.

A fama de santidade foi ilustrada pelo Inquérito diocesano que decorreu na Cúria do Porto de 6 de Junho de 1984 a 23 de Junho de 1992, cuja validade jurídica foi aprovada por esta Congregação para as Causas dos Santos por decreto de 22 de Outubro de 1993.
Redigida e apresentada a Positio, foi debatido segundo as normas, se a Serva de Deus cultivou as virtudes de modo heróico.
No dia 4 de Outubro de 2011, na reunião específica dos Consultores Teólogos, a resposta foi positiva.
Os Padres Cardeais e os Bispos reuniram-se em Sessão Ordinária, a 8 de Janeiro de 2013, estando eu, Cardeal Angelo Amato, como presidente, e reconheceram que a Serva de Deus tinha cultivado as virtudes teologais, cardeais e afins em grau heróico.

Por fim, feita relação cuidada de todas estas coisas ao Sumo Pontífice Francisco pelo abaixo assinado Cardeal Prefeito, Sua Santidade, tendo recebido e aprovado os pareceres da Congregação para as Causas dos Santos, no dia de hoje declarou: Que consta das virtudes teologais da Fé, Esperança e Caridade quer para com Deus quer para com o próximo, e também das virtudes cardeais da Prudência, Justiça, Temperança e Fortaleza, e afins, em grau heróico, da Serva de Deus Sílvia Cardoso Ferreira da Silva, Cristã Leiga, no caso e para o efeito de que aqui se trata.

Ordenou também que este decreto seja publicado e que seja registado nas actas da Congregação para as Causas dos Santos.

Dado em Roma, no dia 27 de Março de 2013.

ANGELO CARDEAL AMATO, S.D.B.
Prefeito

MARCELO BARTOLUCCI
Arcebispo tit. Mevaniense
Secretário


A obra de Sílvia Cardoso:




Mais informação no portal da Causa de Beatificação de Sílvia Cardoso



Pode acompanhar em directo os vários momentos desta cerimónia, assim como depoimentos sobre Sílvia Cardoso, através da transmissão da Agência Ecclesia a partir das 14H00:



Fontes: Diocese do Porto; Agência Ecclesia; Causa de Beatificação de Sílvia Cardoso

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