Foi
o pedido do Papa Francisco aos peregrinos pobres provenientes da
Diocese de Lyon que ontem recebeu em audiência
Realizada
na manhã de ontem, 6 de Julho, na Sala Paulo VI, foi uma audiência
excepcional dado que neste período não está prevista a realização
das habituais audiências das Quartas-feiras com a catequese do Papa.
Os
duzentos participantes na peregrinação vieram a Roma numa
iniciativa da organização Amigos do padre Jospeh Wresinski
por ocasião do centenário do nascimento deste sacerdote que dedicou
a sua vida aos pobres.
Acompanhados
por seu Arcebispo, os peregrinos representavam pessoas que vivem em
condições de precariedade; são franceses desempregados, que vivem
nas ruas ou doentes.
O
Santo Padre no pequeno discurso que lhes dirigiu afirmou que,
independentemente da condição de cada um, estava muito contente por
acolhê-los, frisando que
“a
Igreja, que ama e prefere o que Jesus amou e preferiu, não pode
estar tranquila enquanto não alcançar todos quantos experimentam a
rejeição, a exclusão e que não contam para ninguém.”
E
fez um pedido, uma verdadeira «missão» confiada pelo Papa
Francisco aos participantes na peregrinação:
“Peço-vos
também para rezar pelos culpados da vossa pobreza, a fim de que se
convertam!”
DISCURSO
DO PAPA FRANCISCO
À
PEREGRINAÇÃO DAS DIOCESES DA PROVÍNCIA FRANCESA DE LYON
Sala
Paulo VI
Quarta-feira,
6 de Julho de 2016
Queridos
amigos!
Sinto-me
muito feliz por vos receber.
Qualquer
que seja a vossa condição, a vossa história, o peso que carregais,
é Jesus que nos reúne ao seu redor.
De
uma coisa Jesus tem muita capacidade: acolher.
Ele
acolhe cada um tal como é.
N’Ele
somos irmãos, e gostaria que sentísseis quanto sois bem-vindos; a
vossa presença é importante para mim, e também é importante que
vos sentis em casa.
Juntamente
com os responsáveis que vos acompanham, dais um bom testemunho de
fraternidade evangélica neste caminhar juntos em peregrinação.
Com
efeito, viestes acompanhando-vos reciprocamente.
Os
responsáveis, ajudando-vos generosamente, oferecendo recursos e
tempo para vos fazer vir; e vós, doando-lhes, doando a nós, a mim,
o próprio Jesus.
Dado
que Jesus quis partilhar a vossa condição, fez-se, por amor, um de
vós: desprezado pelos homens, esquecido, alguém que nada contava.
Quando
acontece que sentis tudo isto, não vos esqueçais que também Jesus
se sentiu como vós.
É
a prova de que sois preciosos aos seus olhos e que Ele vos está
próximo.
Estais
no coração da Igreja, como dizia o padre José Wresinski, porque
Jesus na sua vida sempre deu a prioridade a pessoas como vós, que
viviam situações semelhantes.
E
a Igreja, que ama e prefere o que Jesus amou e preferiu, não pode
estar tranquila enquanto não alcançar todos quantos experimentam a
rejeição, a exclusão e que não contam para ninguém.
No
coração da Igreja, permitis que encontremos Jesus, porque nos
falais d’Ele não tanto com as palavras, mas com toda a vossa vida.
E
testemunhais a importância dos pequenos gestos, ao alcance de cada
um, que contribuem para construir a paz, recordando-nos que somos
irmãos e que Deus é Pai de todos nós.
Procuro
imaginar o que pensaram quando viram Maria, José e Jesus pelas
estradas, fugindo do Egipto.
Eles
eram pobres, atormentados pela perseguição: mas ali estava Deus.
Caros
acompanhantes, gostaria de vos agradecer tudo o que fazeis, fiéis à
intuição do padre José Wresinski, que desejava iniciar da vida
partilhada e não de teorias abstractas.
As
teorias abstractas levam-nos às ideologias e as ideologias levam-nos
a negar que Deus se fez carne, um de nós!
Porque
é a vida partilhada com os pobres que nos transforma e converte.
Pensai
bem nisto!
Não
só ide ao encontro deles — inclusive ao encontro de quem sente
vergonha e se esconde — não só caminhais com eles, esforçando-vos
por compreender o seu sofrimento, por entrar na sua disposição de
espírito; mas esforçais-vos por entrar no seu desespero.
Além
disso, suscitais em volta deles uma comunidade, restituindo-lhes
deste modo uma existência, uma identidade, uma dignidade.
E
o Ano da Misericórdia é a ocasião para redescobrir e viver esta
dimensão de solidariedade, fraternidade, ajuda e apoio recíproco.
Amados
irmãos, peço-vos sobretudo para conservar a coragem e, precisamente
no meio das vossas angústias, conservar a alegria da esperança.
A
chama que habita em vós não se apague.
Porque
nós cremos num Deus que repara todas as injustiças, que consola
todas as penas e sabe recompensar quantos mantêm a confiança n’Ele.
Na
expectativa daquele dia de paz e luz, o vosso contributo é essencial
para a Igreja e o mundo: sois testemunhas de Cristo, sois
intercessores junto de Deus que atende de modo totalmente particular
as vossas orações.
Pedistes-me
para recordar à Igreja na França que Jesus sofre à porta das
nossas igrejas se não houver os pobres.
Se
não houver os pobres... «o tesouro da Igreja são os pobres»,
dizia o diácono romano são Lourenço.
E,
por fim, gostaria de vos pedir um favor, mais do que um favor,
confiar-vos uma missão: uma missão que só vós, na vossa pobreza,
sereis capazes de cumprir.
Explico-me:
às vezes Jesus era muito severo e repreendia vigorosamente pessoas
que não acolhiam a mensagem do Pai.
Assim,
como ele pronunciou aquela linda expressão «bem-aventurados» os
pobres, os famintos, quantos choram, quantos são odiados e
perseguidos, disse outra que, pronunciada por ele, dá medo! Disse:
«Ai de vós!», dirigindo-se aos ricos, aos saciados, a quantos
agora riem, a quantos sentiam prazer em ser adulados, aos hipócritas.
Confio-vos
a missão de rezar por eles, para que o Senhor mude o seu coração.
Peço-vos
também para rezar pelos culpados da vossa pobreza, a fim de que se
convertam!
Para
rezar por tantos ricos que se vestem de púrpura e de escarlate e
fazem festa com grandes banquetes, sem se dar conta de que à sua
porta estão tantos Lázaros, ansiosos por comer dos restos da
sua mesa.
Rezai
também pelos sacerdotes, pelos levitas, que — vendo aquele homem
espancado e meio morto — passavam longe, olhando para o outro lado,
porque não tinham compaixão.
A
todas estas pessoas, e também certamente a outras que estão unidas
negativamente à vossa pobreza e a tantas dores, sorri-lhes de
coração, desejai-lhes o bem e pedi a Jesus que se convertam.
E
garanto-vos que se fizerdes isto, haverá grande alegria na Igreja,
no vosso coração e também na amada França.
Agora,
todos juntos, sob o olhar do nosso Pai celeste, confio-vos à
protecção da Mãe de Deus e de são José, e concedo-vos de coração
a Bênção Apostólica.
E
todos rezemos o Pai-Nosso.
Papa
Francisco
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano
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