Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 7 de julho de 2016

REZAI POR QUEM NÃO TEM COMPAIXÃO




Foi o pedido do Papa Francisco aos peregrinos pobres provenientes da Diocese de Lyon que ontem recebeu em audiência
   
   
Realizada na manhã de ontem, 6 de Julho, na Sala Paulo VI, foi uma audiência excepcional dado que neste período não está prevista a realização das habituais audiências das Quartas-feiras com a catequese do Papa.

Os duzentos participantes na peregrinação vieram a Roma numa iniciativa da organização Amigos do padre Jospeh Wresinski por ocasião do centenário do nascimento deste sacerdote que dedicou a sua vida aos pobres.

Acompanhados por seu Arcebispo, os peregrinos representavam pessoas que vivem em condições de precariedade; são franceses desempregados, que vivem nas ruas ou doentes.

O Santo Padre no pequeno discurso que lhes dirigiu afirmou que, independentemente da condição de cada um, estava muito contente por acolhê-los, frisando que

a Igreja, que ama e prefere o que Jesus amou e preferiu, não pode estar tranquila enquanto não alcançar todos quantos experimentam a rejeição, a exclusão e que não contam para ninguém.”

E fez um pedido, uma verdadeira «missão» confiada pelo Papa Francisco aos participantes na peregrinação:

Peço-vos também para rezar pelos culpados da vossa pobreza, a fim de que se convertam!”


DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
À PEREGRINAÇÃO DAS DIOCESES DA PROVÍNCIA FRANCESA DE LYON
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 6 de Julho de 2016

Queridos amigos!

Sinto-me muito feliz por vos receber.
Qualquer que seja a vossa condição, a vossa história, o peso que carregais, é Jesus que nos reúne ao seu redor.
De uma coisa Jesus tem muita capacidade: acolher.
Ele acolhe cada um tal como é.
N’Ele somos irmãos, e gostaria que sentísseis quanto sois bem-vindos; a vossa presença é importante para mim, e também é importante que vos sentis em casa.

Juntamente com os responsáveis que vos acompanham, dais um bom testemunho de fraternidade evangélica neste caminhar juntos em peregrinação.
Com efeito, viestes acompanhando-vos reciprocamente.
Os responsáveis, ajudando-vos generosamente, oferecendo recursos e tempo para vos fazer vir; e vós, doando-lhes, doando a nós, a mim, o próprio Jesus.

Dado que Jesus quis partilhar a vossa condição, fez-se, por amor, um de vós: desprezado pelos homens, esquecido, alguém que nada contava.
Quando acontece que sentis tudo isto, não vos esqueçais que também Jesus se sentiu como vós.
É a prova de que sois preciosos aos seus olhos e que Ele vos está próximo.
Estais no coração da Igreja, como dizia o padre José Wresinski, porque Jesus na sua vida sempre deu a prioridade a pessoas como vós, que viviam situações semelhantes.
E a Igreja, que ama e prefere o que Jesus amou e preferiu, não pode estar tranquila enquanto não alcançar todos quantos experimentam a rejeição, a exclusão e que não contam para ninguém.
No coração da Igreja, permitis que encontremos Jesus, porque nos falais d’Ele não tanto com as palavras, mas com toda a vossa vida.
E testemunhais a importância dos pequenos gestos, ao alcance de cada um, que contribuem para construir a paz, recordando-nos que somos irmãos e que Deus é Pai de todos nós.

Procuro imaginar o que pensaram quando viram Maria, José e Jesus pelas estradas, fugindo do Egipto.
Eles eram pobres, atormentados pela perseguição: mas ali estava Deus.

Caros acompanhantes, gostaria de vos agradecer tudo o que fazeis, fiéis à intuição do padre José Wresinski, que desejava iniciar da vida partilhada e não de teorias abstractas.
As teorias abstractas levam-nos às ideologias e as ideologias levam-nos a negar que Deus se fez carne, um de nós!
Porque é a vida partilhada com os pobres que nos transforma e converte.
Pensai bem nisto!
Não só ide ao encontro deles — inclusive ao encontro de quem sente vergonha e se esconde — não só caminhais com eles, esforçando-vos por compreender o seu sofrimento, por entrar na sua disposição de espírito; mas esforçais-vos por entrar no seu desespero.
Além disso, suscitais em volta deles uma comunidade, restituindo-lhes deste modo uma existência, uma identidade, uma dignidade.
E o Ano da Misericórdia é a ocasião para redescobrir e viver esta dimensão de solidariedade, fraternidade, ajuda e apoio recíproco.

Amados irmãos, peço-vos sobretudo para conservar a coragem e, precisamente no meio das vossas angústias, conservar a alegria da esperança.
A chama que habita em vós não se apague.
Porque nós cremos num Deus que repara todas as injustiças, que consola todas as penas e sabe recompensar quantos mantêm a confiança n’Ele.
Na expectativa daquele dia de paz e luz, o vosso contributo é essencial para a Igreja e o mundo: sois testemunhas de Cristo, sois intercessores junto de Deus que atende de modo totalmente particular as vossas orações.

Pedistes-me para recordar à Igreja na França que Jesus sofre à porta das nossas igrejas se não houver os pobres.
Se não houver os pobres... «o tesouro da Igreja são os pobres», dizia o diácono romano são Lourenço.
E, por fim, gostaria de vos pedir um favor, mais do que um favor, confiar-vos uma missão: uma missão que só vós, na vossa pobreza, sereis capazes de cumprir.
Explico-me: às vezes Jesus era muito severo e repreendia vigorosamente pessoas que não acolhiam a mensagem do Pai.
Assim, como ele pronunciou aquela linda expressão «bem-aventurados» os pobres, os famintos, quantos choram, quantos são odiados e perseguidos, disse outra que, pronunciada por ele, dá medo! Disse: «Ai de vós!», dirigindo-se aos ricos, aos saciados, a quantos agora riem, a quantos sentiam prazer em ser adulados, aos hipócritas.
Confio-vos a missão de rezar por eles, para que o Senhor mude o seu coração.
Peço-vos também para rezar pelos culpados da vossa pobreza, a fim de que se convertam!
Para rezar por tantos ricos que se vestem de púrpura e de escarlate e fazem festa com grandes banquetes, sem se dar conta de que à sua porta estão tantos Lázaros, ansiosos por comer dos restos da sua mesa.
Rezai também pelos sacerdotes, pelos levitas, que — vendo aquele homem espancado e meio morto — passavam longe, olhando para o outro lado, porque não tinham compaixão.
A todas estas pessoas, e também certamente a outras que estão unidas negativamente à vossa pobreza e a tantas dores, sorri-lhes de coração, desejai-lhes o bem e pedi a Jesus que se convertam.
E garanto-vos que se fizerdes isto, haverá grande alegria na Igreja, no vosso coração e também na amada França.

Agora, todos juntos, sob o olhar do nosso Pai celeste, confio-vos à protecção da Mãe de Deus e de são José, e concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.
E todos rezemos o Pai-Nosso.

Papa Francisco


Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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