O
Papa Francisco visitou a Suécia por ocasião da celebração
ecuménica dos 500 anos da Reforma protestante e em agradecimento
pelos 50 anos de diálogo oficial entre as duas Confissões
“Do
conflito à comunhão. Juntos na esperança”
foi o lema da 17ª Viagem Apostólica internacional do Santo Padre
realizada à Suécia nos passados dias 31 de Outubro e 1 de Novembro,
para assinalar o início da histórica Comemoração Conjunta Luterano-Católica
nos 500 anos da Reforma que se celebram em 2017 mas também os 50
anos de diálogo entre luteranos e católicos, iniciado em 1967.
A
Reforma começou quando Martinho Lutero, monge agostiniano alemão e
professor de teologia, pregou as suas 95 teses em 1517 contestando,
em particular, a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser
adquirido pelo comércio das indulgências.
O
Papa Leão X pediu-lhe para se retratar, mas em 1520 perante a recusa
de Lutero foi decretada a sua excomunhão da Igreja Romana.
A
Suécia, que se separou da Igreja Católica no século XVI, tem uma
forte herança luterana e uma minoria católica sendo, contudo, um
dos países mais secularizados do mundo.
A
propósito desta viagem apostólica o Cardeal Secretário de Estado
Pietro Parolin referiu ao Centro Televisivo Vaticano:
“Em
1517, o monge Lutero, na cidade de Wittemberg, contestou publicamente
a venda de indulgências, e também num contexto de grandes mudanças
políticas, sociais e económicas da sociedade daquele tempo, deu
início a um processo de transformações que levou, infelizmente, à
divisão e à separação das Igrejas no Ocidente, e acompanhado por
lutas pelo poder, por violência, guerras, as famosas guerras de
religiões que depois se seguiram.
E
a partir daquela época, praticamente os centenários da Reforma
foram sempre recordados, foram sempre comemorados de forma polémica,
com um espírito de confronto e talvez se possa falar mesmo de
hostilidades.
Esta
vez, pelo contrário, não é assim...
Pela
primeira vez católicos com a presença do Papa e luteranos, celebram
juntos este quinto centenário da Reforma.
E
eu penso realmente que se possa falar de um momento histórico, se
possa falar realmente de um marco no caminho da reconciliação e da
busca comum da unidade entre as Igrejas e as comunidades eclesiais.
E
este momento assim tão importante é fruto do diálogo que se
desenvolveu nestes 50 anos, a partir da solicitação do Concílio
Vaticano II.
Um
diálogo que buscou superar as dificuldades, buscou criar confiança
entre as partes e buscou esclarecer, segundo o princípio enunciado
já por São João XXIII, aquilo que une, mais do que aquilo que
divide e separa.
Um
diálogo em que um dos pontos centrais foi precisamente a assinatura,
em 1999, da Declaração Comum sobre a Doutrina da Justificação,
um dos pontos que estavam na origem e que se tornaram precisamente o
centro da polémica.
Portanto,
é de agradecer ao Senhor por se ter chegado a este ponto, que é o
fruto de um caminho que se está levando em frente há tempos, e
pedir a Ele para nos ajudar, também por meio deste momento de
comemoração comum, de prosseguir no caminho do diálogo e da busca
da unidade da Igreja”.
Durante
a Oração Ecuménica
Comum na Catedral de Lund, o Papa reconheceu que a Reforma contribuiu
para dar maior centralidade à Sagrada Escritura na vida da Igreja e
exortou a caminhar em direcção à plena unidade.
"Dou
graças a Deus por esta comemoração conjunta..., é muito mais o
que nos une do que aquilo que nos separa", disse o Papa no
Encontro Ecuménico
realizado na Malmö Arena, no dia 31 de Outubro de 2016.
No
segundo e último dia da sua visita à Suécia o Papa Francisco
celebrou a Santa Missa no Swedbank Stadion de Malmö.
Na
homilia, centrada na
solenidade de Todos os Santos que a Igreja celebra a 1 de Novembro, o
Papa recordou os santos, não só os proclamados ao longo da
história, mas também muitos irmãos e irmãs nossos que viveram a
vida cristã através duma existência simples e reservada, entre os
quais se contam certamente (disse) muitos dos nossos parentes, amigos
e conhecidos.
Celebramos,
portanto, a festa da santidade – sublinhou o Santo Padre - uma
santidade que não se manifesta em grandes obras nem em sucessos
extraordinários, mas que sabe viver, fiel e diariamente, as
exigências do Baptismo:
“Uma
santidade feita de amor a Deus e aos irmãos.
Amor
fiel até ao esquecimento de si mesmo e à entrega total aos outros,
como a vida daquelas mães e pais que se sacrificam pelas suas
famílias sabendo renunciar de boa vontade, embora nem sempre seja
fácil, a tantas coisas, tantos projectos ou programas pessoais”.
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano
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