Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

DO CONFLITO À COMUNHÃO. JUNTOS NA ESPERANÇA

O Papa Francisco visitou a Suécia por ocasião da celebração ecuménica dos 500 anos da Reforma protestante e em agradecimento pelos 50 anos de diálogo oficial entre as duas Confissões
 
 
Do conflito à comunhão. Juntos na esperança” foi o lema da 17ª Viagem Apostólica internacional do Santo Padre realizada à Suécia nos passados dias 31 de Outubro e 1 de Novembro, para assinalar o início da histórica Comemoração Conjunta Luterano-Católica nos 500 anos da Reforma que se celebram em 2017 mas também os 50 anos de diálogo entre luteranos e católicos, iniciado em 1967.

A Reforma começou quando Martinho Lutero, monge agostiniano alemão e professor de teologia, pregou as suas 95 teses em 1517 contestando, em particular, a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências.
O Papa Leão X pediu-lhe para se retratar, mas em 1520 perante a recusa de Lutero foi decretada a sua excomunhão da Igreja Romana.

A Suécia, que se separou da Igreja Católica no século XVI, tem uma forte herança luterana e uma minoria católica sendo, contudo, um dos países mais secularizados do mundo.

A propósito desta viagem apostólica o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin referiu ao Centro Televisivo Vaticano:

Em 1517, o monge Lutero, na cidade de Wittemberg, contestou publicamente a venda de indulgências, e também num contexto de grandes mudanças políticas, sociais e económicas da sociedade daquele tempo, deu início a um processo de transformações que levou, infelizmente, à divisão e à separação das Igrejas no Ocidente, e acompanhado por lutas pelo poder, por violência, guerras, as famosas guerras de religiões que depois se seguiram.
E a partir daquela época, praticamente os centenários da Reforma foram sempre recordados, foram sempre comemorados de forma polémica, com um espírito de confronto e talvez se possa falar mesmo de hostilidades.
Esta vez, pelo contrário, não é assim...
Pela primeira vez católicos com a presença do Papa e luteranos, celebram juntos este quinto centenário da Reforma.
E eu penso realmente que se possa falar de um momento histórico, se possa falar realmente de um marco no caminho da reconciliação e da busca comum da unidade entre as Igrejas e as comunidades eclesiais.
E este momento assim tão importante é fruto do diálogo que se desenvolveu nestes 50 anos, a partir da solicitação do Concílio Vaticano II.
Um diálogo que buscou superar as dificuldades, buscou criar confiança entre as partes e buscou esclarecer, segundo o princípio enunciado já por São João XXIII, aquilo que une, mais do que aquilo que divide e separa.
Um diálogo em que um dos pontos centrais foi precisamente a assinatura, em 1999, da Declaração Comum sobre a Doutrina da Justificação, um dos pontos que estavam na origem e que se tornaram precisamente o centro da polémica.
Portanto, é de agradecer ao Senhor por se ter chegado a este ponto, que é o fruto de um caminho que se está levando em frente há tempos, e pedir a Ele para nos ajudar, também por meio deste momento de comemoração comum, de prosseguir no caminho do diálogo e da busca da unidade da Igreja”.

Durante a Oração Ecuménica Comum na Catedral de Lund, o Papa reconheceu que a Reforma contribuiu para dar maior centralidade à Sagrada Escritura na vida da Igreja e exortou a caminhar em direcção à plena unidade.

"Dou graças a Deus por esta comemoração conjunta..., é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa", disse o Papa no Encontro Ecuménico realizado na Malmö Arena, no dia 31 de Outubro de 2016.

No segundo e último dia da sua visita à Suécia o Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Swedbank Stadion de Malmö.
Na homilia, centrada na solenidade de Todos os Santos que a Igreja celebra a 1 de Novembro, o Papa recordou os santos, não só os proclamados ao longo da história, mas também muitos irmãos e irmãs nossos que viveram a vida cristã através duma existência simples e reservada, entre os quais se contam certamente (disse) muitos dos nossos parentes, amigos e conhecidos.
Celebramos, portanto, a festa da santidade – sublinhou o Santo Padre - uma santidade que não se manifesta em grandes obras nem em sucessos extraordinários, mas que sabe viver, fiel e diariamente, as exigências do Baptismo:

Uma santidade feita de amor a Deus e aos irmãos.
Amor fiel até ao esquecimento de si mesmo e à entrega total aos outros, como a vida daquelas mães e pais que se sacrificam pelas suas famílias sabendo renunciar de boa vontade, embora nem sempre seja fácil, a tantas coisas, tantos projectos ou programas pessoais”.


Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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