Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 14 de janeiro de 2017

ESCUTAI A VOZ DE DEUS, FAZEI OUVIR O VOSSO GRITO

Não tenhais medo de ouvir o Espírito que vos sugere escolhas audazes”, diz o Papa Francisco na carta que enviou aos jovens como apresentação do documento preparatório do Sínodo dos Bispos de 2018
 
 
O Santo Padre inicia a carta manifestando a sua alegria de anunciar aos jovens que, em Outubro de 2018, se realizará a 15ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

O documento preparatório foi apresentado, nesta sexta-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé.
Um dos objectivos do texto é encontrar as melhores maneiras para acompanhar os jovens a reconhecer e acolher o chamamento à vida plena e anunciar o Evangelho de maneira eficaz.
O documento que tem como objectivo recolher informações sobre a actual condição sociocultural dos jovens de 16 a 29 anos, nos vários contextos em que vivem, a fim de entendê-la, em vista dos passos preparatórios sucessivos para a assembleia dos bispos.
O texto é dividido em três partes: ver a realidade, a importância do discernimento, e acção pastoral da comunidade eclesial.
A Igreja deseja acompanhar os jovens na descoberta e realização de sua vocação.


O texto integral da carta do Papa Francisco dirigida aos jovens:

CARTA DO PAPA FRANCISCO AOS JOVENS
POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO PREPARATÓRIO PARA A XV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS

Caríssimos jovens!

É-me grato anunciar-vos que em Outubro de 2018 se celebrará o Sínodo dos Bispos sobre o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional».
Eu quis que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração.
Exactamente hoje é apresentado o Documento preparatório, que confio também a vós como «bússola» ao longo deste caminho.

Vêm-me à mente as palavras que Deus dirigiu a Abraão: «Sai da tua terra, deixa a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te mostrar!» (Gn 12, 1).
Hoje estas palavras são dirigidas também a vós: são palavras de um Pai que vos convida a «sair» a fim de vos lançardes em direcção de um futuro desconhecido, mas portador de realizações seguras, ao encontro do qual Ele mesmo vos acompanha.
Convido-vos a ouvir a voz de Deus que ressoa nos vossos corações através do sopro do Espírito Santo.

Quando Deus disse a Abraão «Sai!», o que é que lhe queria dizer? Certamente, não para fugir dos seus, nem do mundo.
O seu foi um convite forte, uma provocação, a fim de que deixasse tudo e partisse para uma nova terra.
Qual é para nós hoje esta nova terra, a não ser uma sociedade mais justa e fraterna, à qual vós aspirais profundamente e que desejais construir até às periferias do mundo?

Mas hoje, infelizmente, o «Sai!» adquire inclusive um significado diferente.
O da prevaricação, da injustiça e da guerra.
Muitos de vós, jovens, estão submetidos à chantagem da violência e são forçados a fugir da sua terra natal.
O seu clamor sobe até Deus, como aquele de Israel, escravo da opressão do Faraó (cf. Êx 2, 23).

Desejo recordar-vos também as palavras que certo dia Jesus dirigiu aos discípulos, que lhe perguntavam: «Rabi, onde moras?».
Ele respondeu: «Vinde e vede!» (cf. Jo 1, 38-39).
Jesus dirige o seu olhar também a vós, convidando-vos a caminhar com Ele.
Caríssimos jovens, encontrastes este olhar? Ouvistes esta voz? Sentistes este impulso a pôr-vos a caminho?
Estou convicto de que, não obstante a confusão e o atordoamento dêem a impressão de reinar no mundo, este apelo continua a ressoar no vosso espírito para o abrir à alegria completa.
Isto será possível na medida em que, inclusive através do acompanhamento de guias especializados, souberdes empreender um itinerário de discernimento para descobrir o projecto de Deus na vossa vida.
Mesmo quando o vosso caminho estiver marcado pela precariedade e pela queda, Deus rico de misericórdia estende a sua mão para vos erguer.

Na inauguração da última Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, perguntei-vos várias vezes: «As coisas podem mudar?».
E juntos, vós gritastes um «Sim!» retumbante.
Aquele brado nasce do vosso jovem coração, que não suporta a injustiça e não pode submeter-se à cultura do descartável, nem ceder à globalização da indiferença.
Escutai aquele clamor que provém do vosso íntimo!
Mesmo quando sentirdes, como o profeta Jeremias, a inexperiência da vossa jovem idade, Deus encoraja-vos a ir para onde Ele vos envia: «Não deves ter [...] porque Eu estarei contigo para te libertar» (cf. Jr 1, 8).

Um mundo melhor constrói-se também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e à vossa generosidade.
Não tenhais medo de ouvir o Espírito que vos sugere escolhas audazes, não hesiteis quando a consciência vos pedir que arrisqueis para seguir o Mestre.
Também a Igreja deseja colocar-se à escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até das vossas dúvidas e das vossas críticas.
Fazei ouvir o vosso grito, deixai-o ressoar nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores.
São Bento recomendava aos abades que, antes de cada decisão importante, consultassem também os jovens porque «muitas vezes é exactamente ao mais jovem que o Senhor revela a melhor solução» (Regra de São Bento III, 3).

Assim, inclusive através do caminho deste Sínodo, eu e os meus irmãos Bispos queremos, ainda mais, «contribuir para a vossa alegria» (2 Cor 1, 24).
Confio-vos a Maria de Nazaré, uma jovem como vós, à qual Deus dirigiu o seu olhar amoroso, a fim de que vos tome pela mão e vos guie para a alegria de um «Eis-me!» pleno e generoso (cf. Lc 1, 38).

Com afecto paterno,

FRANCISCO

Vaticano, 13 de Janeiro de 2017.


Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano


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