Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

1 de Setembro - DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA CRIAÇÃO



Numa mensagem conjunta o Papa Francisco e o Patriarca Ecuménico Bartolomeu apelam a uma responsabilidade partilhada perante a actual crise ecológica
   
   
No mundo inteiro os cristãos celebram hoje, 1 de Setembro, o Dia Mundial de Oração pela Criação.

A iniciativa promovida em 1989 pela Igreja ortodoxa foi acolhida e partilhada pelo Papa Francisco que, com uma carta de 6 de Agosto de 2015, estabeleceu também para os católicos este compromisso anual como «contributo para a superação da crise ecológica que a humanidade está a viver» e ocasião de esforço comum entre todos os cristãos.

O evento tem também o apoio do World Council of Churches, da Comunhão anglicana e de outras comunidades cristãs.
De resto, há tempos que católicos e protestantes estão unidos para enfrentar os desafios ambientais e sociais, respondendo ao espírito de partilha e proximidade sobre a qual cada confissão cristã se funda.


O Papa Francisco e o Patriarca Ecuménico Bartolomeu convidam "ardorosamente todas as pessoas de boa vontade a dedicar, no dia 1 de Setembro, um tempo de oração pelo ambiente", a agradecer a Deus pelo "magnífico dom da criação" e a empenhar-se a cuidá-lo e preservá-lo "para o bem das gerações futuras".

E apelam "a quantos ocupam uma posição de relevo no âmbito social, económico, político e cultural”, para que escutem "o grito da terra" e "as necessidades de quem está marginalizado", mas acima de tudo apoiem "o consenso global", para que sejam sanadas as feridas causadas à criação.



MENSAGEM CONJUNTA
DE PAPA FRANCISCO E DO PATRIARCA ECUMÉNICO BARTOLOMEU
NO DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA CRIAÇÃO

A narração da criação oferece-nos uma visão panorâmica do mundo.
A Sagrada Escritura revela que, «no princípio», Deus designou a humanidade como cooperadora na guarda e protecção do ambiente natural.
Ao início, como lemos no Génesis (2, 5), «ainda não havia arbusto algum pelos campos, nem sequer uma planta germinara ainda, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para a cultivar».
A terra foi-nos confiada como dom sublime e como herança, cuja responsabilidade todos compartilhamos até que, «no fim», todas as coisas no céu e na terra sejam restauradas em Cristo (cf. Ef 1, 10).
A dignidade e a prosperidade humanas estão profundamente interligadas com a solicitude por toda a criação.

«No período intermédio», porém, a história do mundo apresenta uma situação muito diferente.
Revela-nos um cenário moralmente decadente, onde as nossas atitudes e comportamentos para com a criação ofuscam a vocação de ser cooperadores de Deus.
A nossa tendência a romper os delicados e equilibrados ecossistemas do mundo, o desejo insaciável de manipular e controlar os limitados recursos do planeta, a avidez de retirar do mercado lucros ilimitados: tudo isto nos alienou do desígnio original da criação.
Deixamos de respeitar a natureza como um dom compartilhado, considerando-a, ao invés, como posse privada.
O nosso relacionamento com a natureza já não é para a sustentar, mas para a subjugar a fim de alimentar as nossas estruturas.

As consequências desta visão alternativa do mundo são trágicas e duradouras.
O ambiente humano e o ambiente natural estão a deteriorar-se conjuntamente, e esta deterioração do planeta pesa sobre as pessoas mais vulneráveis.
O impacto das mudanças climáticas repercute-se, antes de mais nada, sobre aqueles que vivem pobremente em cada ângulo do globo.
O dever que temos de usar responsavelmente dos bens da terra implica o reconhecimento e o respeito por cada pessoa e por todas as criaturas vivas.
O apelo e o desafio urgentes a cuidar da criação constituem um convite a toda a humanidade para trabalhar por um desenvolvimento sustentável e integral.

Por isso, unidos pela mesma preocupação com a criação de Deus e reconhecendo que a terra é um bem dado em comum, convidamos ardorosamente todas as pessoas de boa vontade a dedicar, no dia 1 de Setembro, um tempo de oração pelo ambiente.
Nesta ocasião, desejamos elevar uma acção de graças ao benévolo Criador pelo magnífico dom da criação e comprometer-nos a cuidar dele e preservá-lo para o bem das gerações futuras.
Sabemos que, no fim de contas, é em vão que nos afadigamos, se o Senhor não estiver ao nosso lado (cf. Sal 126/127), se a oração não estiver no centro das nossas reflexões e celebrações.
Na verdade, um dos objectivos da nossa oração é mudar o modo como percebemos o mundo, para mudar a forma como nos relacionamos com o mundo.
O fim que nos propomos é ser audazes em abraçar, nos nossos estilos de vida, uma maior simplicidade e solidariedade.

A quantos ocupam uma posição de relevo em âmbito social, económico, político e cultural, dirigimos um apelo urgente a prestar responsavelmente ouvidos ao grito da terra e a cuidar das necessidades de quem está marginalizado, mas sobretudo a responder à súplica de tanta gente e apoiar o consenso global para que seja sanada a criação ferida.
Estamos convencidos de que não poderá haver uma solução genuína e duradoura para o desafio da crise ecológica e das mudanças climáticas, sem uma resposta concertada e colectiva, sem uma responsabilidade compartilhada e capaz de prestar contas do seu agir, sem dar prioridade à solidariedade e ao serviço.

Do Vaticano e do Fanar, 1 de Setembro de 2017.

Papa Francisco e Patriarca Ecuménico Bartolomeu



Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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