O
pedido do Papa Francisco na homilia da Eucaristia desta manhã na
Capela da Casa Santa Marta
Foi
um verdadeiro “manual do bom político” aquele que o Papa
Francisco sugeriu na Eucaristia desta manhã.
Ao
comentar as leituras da liturgia, o Pontífice realçou imediatamente
que «no centro há os governantes».
Na
primeira leitura, tirada da primeira Carta a Timóteo (2, 1-8), Paulo
aconselha «a fazer orações pelos governantes: por todos, também
por quantos não governam».
Em
seguida, no Evangelho de Lucas (7, 1-10) «vimos um governante que
reza: este centurião é um governante, e tinha um problema com um
servo que estava doente».
Mas
«há uma frase, ali, que chama a atenção: “Ama o nosso povo”».
Portanto,
afirmou o Papa, «há o governante que ama um povo» mesmo sendo
«estrangeiro».
E
«amava o seu servo: preocupava-se porque amava e pelo facto de se
preocupar foi procurar a solução para resolver este problema da
doença.
E
foi ter com Jesus, rezou».
«Este
homem, fez notar o Santo Padre, sentiu a necessidade da oração: mas
porquê? Certamente porque amava».
Mas
também «porque tinha a consciência que não era o dono de tudo,
que não era a última instância».
Lucas
cita as palavras do centurião romano: «Com efeito, também eu estou
na condição de subalterno, e tenho subalternos que dependem de
mim».
São
palavras que, explicou o Papa, exprimem «a consciência do
governante que sabe que acima dele há outro que comanda.
E
isto leva-o a rezar».
«O
governante tem esta consciência, reza» reafirmou o Papa.
Aliás,
«se não rezasse, fechar-se-ia na própria autorreferencialidade ou
naquela do seu partido, naquele círculo do qual não pode sair: é
um homem fechado em si mesmo».
Mas
«quando vê os verdadeiros problemas, e tem esta consciência de
subalternidade, o governante reza» explicou.
Porque
está ciente de «que existe outra pessoa que tem mais poder do que
ele».
Certamente,
acrescentou, surgiria espontâneo questionar-nos «quem tem mais
poder do que um governante?».
E
a resposta, relançou o Papa Francisco, é «o povo, que lhe deu o
poder, e Deus, do qual vem o poder através do povo».
Precisamente
«por esta razão – afirmou o Papa – os governantes devem pedir
esta sabedoria: “Senhor, dá-me a sabedoria; Senhor, não me prives
da consciência de subalternidade em relação a ti e ao teu povo,
que eu possa encontrar ali a minha força e não no pequeno grupo ou
em mim mesmo”».
Por
conseguinte, reiterou o Pontífice, «é tão importante que os
governantes rezem: é tão importante».
Contudo,
prosseguiu, talvez «alguém me possa dizer: “Padre, é verdade o
que o senhor diz, mas eu não sou crente, sou agnóstico, sou ateu”».
A
resposta do Papa foi: «Está bem, mas confronta-te: se não podes
rezar, confronta-te com a tua consciência; confronta-te com os
sábios; chama os sábios do teu povo e confronta-te com eles».
Portanto,
«se não puderes rezar, faz pelo menos isto, mas não permaneças
sozinho com o pequeno grupo do teu partido.
Não,
isto é autorreferencial: sai, procura o conselho fora, na oração
ou confrontando-te com quantos podem aconselhar-te».
E
«esta é a oração do governante».
Na
primeira leitura, recordou o Papa Francisco, «Paulo fala-nos,
aconselhando-nos a rezar pelos governantes: “Que se façam –
aconselhou – perguntas, súplicas, orações e agradecimentos por
todos os homens, pelo rei – por todos os reis – e por todos os
que estão no poder, pelos governantes, para que possam levar uma
vida calma e tranquila, digna, dedicada a Deus».
Por
conseguinte, recomendou Paulo, «o povo deve rezar pelos governantes
e nós não temos uma consciência forte disto: quando um governante
faz algo do qual não gostamos, falamos mal dele; se faz algo que
apreciamos: “ah, que bom!”.
Mas
deixamo-lo sozinho, deixamo-lo com o seu partido, que se arranje com
o Parlamento, mas sozinho».
E
talvez há quem se safe dizendo: «Votei nele» ou «Não votei nele,
faça a sua parte».
Ao
contrário, insistiu o Santo Padre, «não podemos deixar os
governantes sozinhos: devemos acompanhá-los com a oração».
Os
cristãos «devem rezar pelos governantes».
E
também neste caso, frisou o Papa, alguém poderia objectar: «Padre,
como posso rezar por ele que faz muitas coisas más?».
Precisamente
neste momento «tem ainda mais necessidade: reza, faz penitência
pelo governante!».
O
Papa conclui pedindo que se faça um exame de consciência sobre a
oração pelos governantes:
«Devemos
crescer nesta consciência de rezar pelos governantes».
«Peço-vos
um favor: cada um de vós dedique cinco minutos, não mais.
Se
for governante, que se pergunte: «Será que eu rezo por quem me deu
o poder mediante o povo?».
Se
não for governante, “rezo pelos governantes?
Sim,
por este e por aquele sim, porque gosto deles; por aqueles, não”».
Mas
são precisamente estes que «mais precisam».
Portanto,
é oportuno questionar-se:
«Rezo
por todos os governantes?
E
se achardes, quando fizerdes o exame de consciência antes de vos
confessar, que não rezastes pelos governantes, confessai-o.
Porque
o facto de não rezar pelos governantes é um pecado».
E
sugeriu pedir «ao Senhor nesta missa a graça de nos ensinar a rezar
pelos nossos governantes: por todos os que estão no poder, como nos
ensina Paulo».
E
«também a graça a fim de que os governantes rezem».
Fontes:
Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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