No
dia de Natal o Papa pronunciou a sua Mensagem de Natal e concedeu à
cidade e ao mundo a Benção Urbi et Orbi
Na
sua mensagem de Natal, o Papa Francisco mencionou uma série de
situações da actualidade em que podemos identificar Jesus:
Vemos
Jesus nas crianças do Médio Oriente; no rosto das
crianças sírias; nas crianças do Iraque e do Iémen; nas crianças
da África; nas crianças de todo o mundo ameaçadas pelo perigo de
tensões e novos conflitos; nas crianças que padecem as violências
do conflito na Ucrânia; nas crianças cujos pais não têm emprego;
nas inúmeras crianças constrangidas a deixar o seu país.
Confiou
ao Deus Menino a Venezuela; e teve presente a península coreana e as
crianças que encontrou durante a minha última viagem a Mianmar e ao
Bangladesh.
“Que
o nosso coração não fique fechado como ficaram as casas de Belém.”
MENSAGEM
URBI ET ORBI DO PAPA FRANCISCO
NATAL
2017
Sacada
Central da Basílica Vaticana
Segunda-feira,
25 de Dezembro de 2017
Queridos
irmãos e irmãs, feliz Natal!
Em
Belém, da Virgem Maria, nasceu Jesus.
Não
foi por vontade humana que nasceu, mas por um dom de amor de Deus
Pai, que «tanto amou o mundo, que lhe entregou o seu Filho
Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas
tenha a vida eterna» (Jo 3, 16).
Este
acontecimento renova-se hoje na Igreja, peregrina no tempo: a fé do
povo cristão revive, na liturgia do Natal, o mistério de Deus que
vem e assume a nossa carne mortal, fazendo-Se pequenino e pobre para
nos salvar.
E
isto enche-nos de comoção, porque é demasiado grande a ternura do
nosso Pai.
Os
primeiros, depois de Maria e José, a ver a glória humilde do
Salvador foram os pastores de Belém.
Reconheceram
o sinal que lhes fora anunciado pelos anjos e adoraram o Menino.
Aqueles
homens, humildes mas vigilantes, são um exemplo para os crentes de
todos os tempos que, diante do mistério de Jesus, não se
escandalizam da sua pobreza, mas, como Maria, fiam-se da palavra de
Deus e, com olhos simples, contemplam a sua glória.
Perante
o mistério do Verbo encarnado, os cristãos de toda a parte
confessam, com as palavras do evangelista João: «contemplamos a sua
glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de
graça e de verdade» (1, 14).
Hoje,
enquanto sopram no mundo ventos de guerra e um modelo de progresso já
ultrapassado continua a produzir degradação humana, social e
ambiental, o Natal lembra-nos o sinal do Menino convidando-nos a
reconhecê-Lo no rosto das crianças, especialmente daquelas para as
quais, como sucedeu a Jesus, «não há lugar na hospedaria» (Lc 2,
7).
Vemos
Jesus nas crianças do Médio Oriente, que continuam a sofrer pelo
agravamento das tensões entre israelitas e palestinianas.
Neste
dia de festa, imploramos do Senhor a paz para Jerusalém e para toda
a Terra Santa; rezamos para que prevaleça, entre as Partes, a
vontade de retomar o diálogo e se possa finalmente chegar a uma
solução negociada que permita a coexistência pacífica de dois
Estados dentro de fronteiras mutuamente concordadas e
internacionalmente reconhecidas.
O
Senhor sustente também os esforços de quantos, na Comunidade
Internacional, se sentem animados pela boa vontade de ajudar aquela
martirizada terra a encontrar – não obstante os graves obstáculos
– a concórdia, a justiça e a segurança por que há muito
aguarda.
Vemos
Jesus no rosto das crianças sírias, ainda feridas pela guerra que
ensanguentou o país nestes anos.
Possa
a Síria amada encontrar, finalmente, o respeito pela dignidade de
todos, através dum esforço concorde por reconstruir o tecido
social, independentemente da pertença étnica e religiosa.
Vemos
Jesus nas crianças do Iraque, ainda contuso e dividido pelas
hostilidades que o afectaram nos últimos quinze anos, e nas crianças
do Iémen, onde perdura um conflito em grande parte esquecido, mas
com profundas implicações humanitárias sobre a população que
padece a fome e a propagação de doenças.
Vemos
Jesus nas crianças da África, sobretudo nas que sofrem no Sudão do
Sul, na Somália, no Burundi, na República Democrática do Congo, na
República Centro-Africana e na Nigéria.
Vemos
Jesus nas crianças de todo o mundo, onde a paz e a segurança se
encontram ameaçadas pelo perigo de tensões e novos conflitos.
Rezamos
para que se possam superar, na península coreana, as contraposições
e aumentar a confiança mútua, no interesse do mundo inteiro. Ao
Deus Menino, confiamos a Venezuela, para que possa retomar um
confronto sereno entre os diversos componentes sociais em benefício
de todo o amado povo venezuelano.
Vemos
Jesus nas crianças que padecem, juntamente com suas famílias, as
violências do conflito na Ucrânia e as suas graves repercussões
humanitárias, e rezamos para que o Senhor conceda, o mais depressa
possível, a paz àquele querido país.
Vemos
Jesus nas crianças, cujos pais não têm emprego, provando
dificuldade em oferecer aos filhos um futuro seguro e tranquilo; e
naquelas cuja infância foi roubada, obrigadas a trabalhar desde
tenra idade ou alistadas como soldados por mercenários sem
escrúpulos.
Vemos
Jesus nas inúmeras crianças constrangidas a deixar o seu país,
viajando sozinhas em condições desumanas, presa fácil dos
traficantes de seres humanos.
Através
dos seus olhos, vemos o drama de tantos migrantes forçados que
chegam a pôr a vida em risco, enfrentando viagens extenuantes que
por vezes acabam em tragédia.
Revejo
Jesus nas crianças que encontrei durante a minha última viagem ao
Mianmar e ao Bangladesh, e espero que a Comunidade Internacional não
cesse de trabalhar para que seja adequadamente tutelada a dignidade
das minorias presentes na região.
Jesus
conhece bem a tribulação de não ser acolhido e a dificuldade de
não ter um lugar onde poder reclinar a cabeça.
Que
o nosso coração não fique fechado como ficaram as casas de Belém.
Queridos
irmãos e irmãs!
Também
a nós é indicado, como sinal do Natal, «um menino envolto em
panos» (Lc 2, 12).
Como
a Virgem Maria e São José, como os pastores de Belém, acolhamos no
Menino Jesus o amor de Deus feito homem por nós e comprometamo-nos,
com a sua graça, a tornar o nosso mundo mais humano, mais digno das
crianças de hoje e de amanhã.
A
vós, queridos irmãos e irmãs, congregados de todo o mundo nesta
Praça e a quantos estão unidos connosco, nos vários países,
através do rádio, televisão e outros meios de comunicação,
dirijo cordiais votos de Boas Festas.
Que
o nascimento de Cristo Salvador renove os corações, suscite o
desejo de construir um futuro mais fraterno e solidário, conceda
alegria e esperança a todos. Feliz Natal!
Fontes:
Santa Sé; Vatican News
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