Presidiu
à Missa com ordenações sacerdotais
Encontrou-se
com a Primeira Ministra
Esteve
com os Bispos de Bangladesh
Participou
no Encontro Inter-religioso e Ecuménico pela Paz
E
também se encontrou com refugiados Rohingya
Na
manhã desta Sexta-feira, na única Missa pública celebrada em
Bangladesh, e que reuniu 100 mil fiéis de todo o país, o Papa
Francisco ordenou 16 novos sacerdotes formados no Seminário Maior do
Espírito Santo, que actualmente acolhe 400 estudantes.
A
pequena comunidade católica neste país de maioria muçulmana é de
500 mil pessoas, cerca de 0,2% da população.
Da
Homilia do Papa Francisco:
«No
momento em que estes nossos filhos, que são familiares e amigos
vossos, vão entrar na Ordem dos presbíteros, ponderai com atenção
o grau do ministério a que eles são elevados.
O
nosso grande Sacerdote, Jesus Cristo, escolheu alguns discípulos
para desempenharem na Igreja, em seu nome, o ministério sacerdotal
em favor dos homens.
Os
presbíteros são constituídos cooperadores dos Bispos e, associados
a eles na missão sacerdotal, são chamados ao serviço do povo de
Deus.»
«Vós,
queridos filhos, que ides entrar na Ordem dos presbíteros,
exercereis, no que vos compete, o sagrado múnus de ensinar em nome
de Cristo, nosso Mestre.
Distribuí
a todos a palavra de Deus que vós mesmos recebestes com alegria.
Meditando
na lei do Senhor, procurai crer o que ledes, ensinar o que credes e
viver o que ensinais.
Seja
o vosso ensino alimento para o povo de Deus, e o vosso viver motivo
de alegria para os fiéis de Cristo, para edificardes, pela palavra e
pelo exemplo, a casa que é a Igreja de Deus.»
O
primeiro compromisso do Papa Francisco na tarde desta Sexta-feira foi
o encontro com a Primeira Ministra de Bangladesh, Sra. Shekh Hasina,
na Nunciatura Apostólica em Daca.
Shekh
Hasina é filha do “Pai da Nação”, o Xeique Mujibur Rahman.
Em
1975 toda a família do Xeique Mujibur foi assassinada pelo exército
rebelde.
Ela
e sua irmã, por estarem em visita à Alemanha Ocidental,
sobreviveram ao massacre.
Em
1986 tornou-se líder da oposição no Parlamento e desde 1996 assume
o cargo de Primeiro Ministro.
No
encontro que o Papa Francisco teve com os dez Bispos do país pediu
que demonstrem uma proximidade maior aos fiéis leigos e enalteceu a
actividade social realizada pela Igreja em prol das famílias, o
empenho na promoção das mulheres, e antes de tudo, a opção pelos
pobres indicada no Plano Pastoral.
«Agradou-me
de modo particular a sua referência ao clarividente Plano Pastoral
de 1985, que pôs em evidência os princípios evangélicos e as
prioridades que guiaram a vida e a missão da comunidade eclesial
nesta jovem nação.
Gosto
também da duração deste plano pastoral, porque uma das doenças
dos planos pastorais é que morrem jovens.
Mas
este está vivo desde 1985: Parabéns! Bom sucesso!
Vê-se
que foi bem feito, reflecte a realidade do país e as necessidades
pastorais; e reflecte também a perseverança dos bispos.
No
coração do Plano Pastoral, esteve a realidade da comunhão, que
continua a inspirar o zelo missionário que caracteriza a Igreja no
Bangladesh.
A
vossa própria guia episcopal esteve tradicionalmente marcada pelo
espírito de colegialidade e apoio mútuo.
Isto
é admirável!
Este
espírito de afecto colegial é compartilhado pelos vossos sacerdotes
e, através deles, propagou-se pelas paróquias, pelas comunidades e
pelos multiformes serviços de apostolado das vossas Igrejas locais.
Nas
vossas dioceses, expressa-se na seriedade com que vos dedicais às
visitas pastorais e demonstrais um real interesse pelo bem do vosso
povo.
Peço-vos
para perseverardes neste ministério de presença.»
No
Encontro Inter-religioso e Ecuménico em prol da Paz no Bangladesh, o
Papa Francisco começou por referir que encontro, que reúne os
representantes das diversas comunidades religiosas deste país,
constitui um momento muito significativo da sua visita ao Bangladesh.
«Reunimo-nos
para aprofundar a nossa amizade e para expressar o desejo comum do
dom duma paz genuína e duradoura.»
E
falou da abertura do coração, condição para uma cultura do
encontro.
«Em
primeiro lugar, é uma porta.
Não
é uma teoria abstracta, mas uma experiência vivenciada.
Permite-nos
empreender, não um mero intercâmbio de ideias, mas um diálogo de
vida.
Requer
boa vontade e acolhimento, mas não deve ser confundida com a
indiferença ou a hesitação em expressar as nossas convicções
mais profundas.
Comprometer-se
frutuosamente com o outro significa partilhar as nossas diferentes
identidades religiosas e culturais, mas sempre com humildade,
honestidade e respeito.
A
abertura do coração é semelhante também a uma escada que
alcança o Absoluto.
Ao
lembrar esta dimensão transcendente da nossa actividade, damo-nos
conta da necessidade de purificar os nossos corações, para podermos
ver todas as coisas na sua verdadeira perspectiva.
Passo
a passo, ir-se-á tornando mais clara a nossa visão e receberemos a
força para perseverar no compromisso de compreender e valorizar os
outros e o seu ponto de vista.
Assim,
encontraremos a sabedoria e a força necessárias para estender a
todos a mão da amizade.
A
abertura do coração é também um caminho, que leva à busca
de bondade, justiça e solidariedade.
Induz
a procurar o bem do nosso próximo.
Assim
exortou São Paulo, na sua carta aos cristãos de Roma: «Não te
deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» (12, 21).
Trata-se
de um sentimento que todos nós podemos imitar.
A
solicitude religiosa pelo bem do nosso próximo, que brota dum
coração aberto, flui como um grande rio, irrigando as terras áridas
e desertas do ódio, da corrupção, da pobreza e da violência que
lesa imenso as vidas humanas, divide as famílias e desfigura o dom
da criação.»
Após
o Encontro Inter-religioso e Ecuménico, o Santo Padre recebeu um
grupo de refugiados Rohingya, 16 pessoas que fugiram de Mianmar.
A
vossa tragédia é muito dura e dolorosa, mas damos-vos
espaço no coração.
Em
nome de todos aqueles que vos perseguiram, que vos fizeram
mal, peço perdão.
Também
estes irmãos e irmãs são a imagem do Deus vivo.
Uma
tradição de vossa religião diz que Deus pegou a água e jogou sal
nela, a alma dos homens.
Todos
trazemos o sal de Deus dentro de nós.
Também
estes irmãos e irmãs.
Faço
apelo ao vosso grande coração a fim de que seja capaz de
conceder-nos o perdão que pedimos, disse o Pontífice
falando directamente a eles espontaneamente, ou seja, sem um texto
previamente preparado.
Continuemos
fazendo-nos próximos deles a fim de que seus direitos sejam
reconhecidos.
Não
fechemos o nosso coração, não desviemos o olhar para o
outro lado.
A
presença de Deus hoje chama-se
também Rohingya.
Cada
um tem a sua resposta, concluiu o Papa Francisco.
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano
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