O
Papa Francisco ofereceu a última reflexão sobre o ciclo dedicado à
Eucaristia
- analisou os ritos de conclusão
- analisou os ritos de conclusão
Respondendo
ao convite do Papa Francisco os milhares de fiéis presentes na praça
de São Pedro para a audiência geral de Quarta-feira, 4 de Abril,
transmitiram bons votos pascais ao seu predecessor.
«Gostaria
que desejássemos Feliz Páscoa – porque foi Bispo de Roma – ao
amado Papa Bento, que nos segue pela televisão».
Na
catequese desta semana, comentando o trecho bíblico do evangelho de
João 20, 19-20, o Santo Padre evidenciou que «quando a Missa
termina, tem início o compromisso do testemunho cristão».
Com
efeito, explicou, «os cristãos não vão à missa para cumprir um
dever semanal e depois esquecem».
Pelo
contrário, «os cristãos vão à missa para participar na Paixão e
Ressurreição do Senhor e viver mais como cristãos».
E
exortou: «saiamos da igreja para “ir em paz” a levar a bênção
de Deus às actividades diárias, às nossas casas, aos ambientes de
trabalho, no meio das ocupações da cidade terrena».
Mas,
se «sairmos da igreja, mexericando, com a língua comprida» então
«a missa não entrou no meu coração».
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Praça
São Pedro
Quarta-feira,
4 de Abril de 2018
Estimados
irmãos e irmãs bom dia e feliz Páscoa!
Vedes
que hoje há flores: as flores indicam júbilo, alegria.
Em
certos lugares, a Páscoa é chamada também “Páscoa florida”,
porque floresce Cristo Ressuscitado: é a nova flor; floresce a nossa
justificação; floresce a santidade da Igreja.
Por
isso, muitas flores: é a nossa alegria.
Nós
festejamos a Páscoa toda a semana, a semana inteira.
E
por isso nos desejamos mais uma vez, todos nós, os bons votos de
“Feliz Páscoa”.
Digamos
juntos: “Feliz Páscoa”, todos! [respondem: “Feliz Páscoa!”].
Gostaria
que desejássemos também os votos de “Feliz Páscoa” — porque
ele foi o Bispo de Roma — ao amado Papa Bento, que nos acompanha
pela televisão.
Ao
Papa Bento, todos desejemos Feliz Páscoa [dizem: “Feliz Páscoa!”].
E
um grande aplauso!
Com
esta catequese encerramos o ciclo dedicado à Missa, que é
precisamente a comemoração, mas não apenas como memória; vive-se
de novo a Paixão e a Ressurreição de Jesus.
A
última vez chegamos até à Comunhão e à oração após a
Comunhão; depois desta prece, a Missa termina com a Bênção
concedida pelo sacerdote e com a despedida do povo (cf. Ordenamento
Geral do Missal Romano, 90).
Assim
como tinha começado com o sinal da cruz, em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo, é ainda em nome da Trindade que se conclui a
Missa, ou seja, a acção litúrgica.
Todavia,
sabemos que quando a Missa termina, tem início o compromisso do
testemunho cristão.
Os
cristãos não vão à Missa para cumprir um dever semanal e depois
esquecer-se, não!
Os
cristãos vão à Missa para participar na Paixão e Ressurreição
do Senhor, e em seguida viver mais como cristãos: tem início o
compromisso do testemunho cristão!
Saímos
da igreja para «ir em paz» levar a Bênção de Deus às
actividades diárias, aos nossos lares, aos ambientes de trabalho, às
ocupações da cidade terrena, “glorificando o Senhor com a nossa
vida”.
Mas
se eu sair da igreja tagarelando e dizendo: “Olha para isto, para
aquilo...”, com a língua comprida, a Missa não entrou no meu
coração.
Porquê?
Porque
não sou capaz de viver o testemunho cristão.
Cada
vez que saio da Missa, devo sair melhor que quando entrei, com mais
vida, com mais força, com mais vontade de dar testemunho cristão.
Através
da Eucaristia, o Senhor Jesus entra em nós, no nosso coração e na
nossa carne, a fim de podermos «exprimir na vida o sacramento
recebido da fé» (Missal Romano, Colecta da Segunda-Feira na Oitava
de Páscoa).
Portanto,
da celebração à vida, conscientes de que a Missa tem o seu
cumprimento nas escolhas concretas de quem se deixa comprometer
pessoalmente nos mistérios de Cristo.
Não
devemos esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a
tornar-nos homens e mulheres eucarísticos.
Que
significa isto?
Significa
deixar que Cristo aja nas nossas obras: que os seus pensamentos sejam
os nossos, os seus sentimentos os nossos, as suas escolhas as nossas.
E
isto é santidade: agir como Cristo é santidade cristã.
Quem
o exprime com exactidão é São Paulo; quando fala da própria
assimilação a Jesus, diz assim: «Fui crucificado com Cristo. Eu
vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida
presente, na carne, eu vivo-a na fé no Filho de Deus, que me amou e
se entregou por mim» (Gl 2, 19-20).
Este
é o testemunho cristão.
A
experiência de Paulo ilumina-nos também a nós: na medida em que
mortificarmos o nosso egoísmo, ou seja, fizermos morrer o que se
opõe ao Evangelho e ao amor de Jesus, cria-se dentro de nós maior
espaço para o poder do seu Espírito.
Os
cristãos são homens e mulheres que deixam alargar a própria alma
com a força do Espírito Santo, depois de ter recebido o Corpo e o
Sangue de Cristo.
Permiti
que a vossa alma se alargue!
Não
estas almas tão estreitas e fechadas, pequenas, egoístas, não!
Almas
largas, almas grandes, com vastos horizontes…
Deixai
que a vossa alma se alargue com a força do Espírito, depois de
receber o Corpo e o Sangue de Cristo.
Dado
que a presença real de Cristo no Pão consagrado não acaba com a
Missa (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1374), a Eucaristia é
conservada no Tabernáculo para a Comunhão aos enfermos e para a
adoração silenciosa do Senhor no Santíssimo Sacramento; com
efeito, o culto eucarístico fora da Missa, quer de forma particular
quer comunitária, ajuda-nos a permanecer em Cristo (cf. ibid.,
1378-1380).
Portanto,
os frutos da Missa estão destinados a amadurecer na vida de todos os
dias.
Podemos
dizer assim, forçando um pouco a imagem: a Missa é como o grão, o
grão de trigo que depois, na vida comum, cresce, cresce e amadurece
nas boas obras, nas atitudes que nos tornam semelhantes a Jesus.
Portanto,
os frutos da Missa estão destinados a amadurecer na vida de todos os
dias.
Na
verdade, aumentando a nossa união a Cristo, a Eucaristia
actualiza a graça que o Espírito nos concedeu no Baptismo e na
Confirmação, a fim que o nosso testemunho cristão seja credível
(cf. ibid., 1391-1392).
Além
disso, o que faz a Eucaristia, acendendo nos nossos corações a
caridade divina? Separa-nos do pecado: «Quanto mais
participarmos na vida de Cristo e progredirmos na sua amizade, tanto
mais difícil nos será romper com Ele pelo pecado mortal» (ibid.,
1395).
A
frequência regular do Banquete eucarístico renova, fortalece e
aprofunda o vínculo com a comunidade cristã à qual pertencemos,
segundo o princípio de que a Eucaristia faz a Igreja (cf.
ibid., 1396), unindo todos nós.
Por
fim, participar na Eucaristia engaja-nos em relação aos outros,
de maneira especial aos pobres, educando-nos a passar da carne de
Cristo para a carne dos irmãos, onde Ele espera ser por nós
reconhecido, servido, honrado e amado (cf. ibid., 1397).
Trazendo
o tesouro da união com Cristo em vasos de barro (cf. 2 Cor 4, 7),
temos contínua necessidade de regressar ao santo altar até
podermos, no paraíso, participar plenamente da bem-aventurança do
banquete de núpcias do Cordeiro (cf. Ap 19, 9).
Demos
graças ao Senhor pelo caminho de redescoberta da Santa Missa, que
Ele nos concedeu percorrer juntos, e deixemo-nos atrair com fé
renovada por este encontro real com Jesus, morto e ressuscitado por
nós, nosso contemporâneo.
E
que a nossa vida seja sempre “florida” assim, como a Páscoa, com
as flores da esperança, da fé e das boas obras.
Que
encontremos sempre a força para isto na Eucaristia, na união com
Jesus.
Feliz
Páscoa a todos!
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano; L’Osservatore Romano
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