Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 5 de abril de 2018

ACABA A MISSA E COMEÇA O TESTEMUNHO




O Papa Francisco ofereceu a última reflexão sobre o ciclo dedicado à Eucaristia
- analisou os ritos de conclusão
   
   
Respondendo ao convite do Papa Francisco os milhares de fiéis presentes na praça de São Pedro para a audiência geral de Quarta-feira, 4 de Abril, transmitiram bons votos pascais ao seu predecessor.

«Gostaria que desejássemos Feliz Páscoa – porque foi Bispo de Roma – ao amado Papa Bento, que nos segue pela televisão».






Na catequese desta semana, comentando o trecho bíblico do evangelho de João 20, 19-20, o Santo Padre evidenciou que «quando a Missa termina, tem início o compromisso do testemunho cristão».

Com efeito, explicou, «os cristãos não vão à missa para cumprir um dever semanal e depois esquecem».
Pelo contrário, «os cristãos vão à missa para participar na Paixão e Ressurreição do Senhor e viver mais como cristãos».
E exortou: «saiamos da igreja para “ir em paz” a levar a bênção de Deus às actividades diárias, às nossas casas, aos ambientes de trabalho, no meio das ocupações da cidade terrena».

Mas, se «sairmos da igreja, mexericando, com a língua comprida» então «a missa não entrou no meu coração».



PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro
Quarta-feira, 4 de Abril de 2018

Estimados irmãos e irmãs bom dia e feliz Páscoa!

Vedes que hoje há flores: as flores indicam júbilo, alegria.
Em certos lugares, a Páscoa é chamada também “Páscoa florida”, porque floresce Cristo Ressuscitado: é a nova flor; floresce a nossa justificação; floresce a santidade da Igreja.
Por isso, muitas flores: é a nossa alegria.
Nós festejamos a Páscoa toda a semana, a semana inteira.
E por isso nos desejamos mais uma vez, todos nós, os bons votos de “Feliz Páscoa”.
Digamos juntos: “Feliz Páscoa”, todos! [respondem: “Feliz Páscoa!”].
Gostaria que desejássemos também os votos de “Feliz Páscoa” — porque ele foi o Bispo de Roma — ao amado Papa Bento, que nos acompanha pela televisão.
Ao Papa Bento, todos desejemos Feliz Páscoa [dizem: “Feliz Páscoa!”].
E um grande aplauso!

Com esta catequese encerramos o ciclo dedicado à Missa, que é precisamente a comemoração, mas não apenas como memória; vive-se de novo a Paixão e a Ressurreição de Jesus.
A última vez chegamos até à Comunhão e à oração após a Comunhão; depois desta prece, a Missa termina com a Bênção concedida pelo sacerdote e com a despedida do povo (cf. Ordenamento Geral do Missal Romano, 90).
Assim como tinha começado com o sinal da cruz, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, é ainda em nome da Trindade que se conclui a Missa, ou seja, a acção litúrgica.

Todavia, sabemos que quando a Missa termina, tem início o compromisso do testemunho cristão.
Os cristãos não vão à Missa para cumprir um dever semanal e depois esquecer-se, não!
Os cristãos vão à Missa para participar na Paixão e Ressurreição do Senhor, e em seguida viver mais como cristãos: tem início o compromisso do testemunho cristão!
Saímos da igreja para «ir em paz» levar a Bênção de Deus às actividades diárias, aos nossos lares, aos ambientes de trabalho, às ocupações da cidade terrena, “glorificando o Senhor com a nossa vida”.
Mas se eu sair da igreja tagarelando e dizendo: “Olha para isto, para aquilo...”, com a língua comprida, a Missa não entrou no meu coração.
Porquê?
Porque não sou capaz de viver o testemunho cristão.
Cada vez que saio da Missa, devo sair melhor que quando entrei, com mais vida, com mais força, com mais vontade de dar testemunho cristão.
Através da Eucaristia, o Senhor Jesus entra em nós, no nosso coração e na nossa carne, a fim de podermos «exprimir na vida o sacramento recebido da fé» (Missal Romano, Colecta da Segunda-Feira na Oitava de Páscoa).

Portanto, da celebração à vida, conscientes de que a Missa tem o seu cumprimento nas escolhas concretas de quem se deixa comprometer pessoalmente nos mistérios de Cristo.
Não devemos esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a tornar-nos homens e mulheres eucarísticos.
Que significa isto?
Significa deixar que Cristo aja nas nossas obras: que os seus pensamentos sejam os nossos, os seus sentimentos os nossos, as suas escolhas as nossas.
E isto é santidade: agir como Cristo é santidade cristã.
Quem o exprime com exactidão é São Paulo; quando fala da própria assimilação a Jesus, diz assim: «Fui crucificado com Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu vivo-a na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim» (Gl 2, 19-20).
Este é o testemunho cristão.
A experiência de Paulo ilumina-nos também a nós: na medida em que mortificarmos o nosso egoísmo, ou seja, fizermos morrer o que se opõe ao Evangelho e ao amor de Jesus, cria-se dentro de nós maior espaço para o poder do seu Espírito.
Os cristãos são homens e mulheres que deixam alargar a própria alma com a força do Espírito Santo, depois de ter recebido o Corpo e o Sangue de Cristo.
Permiti que a vossa alma se alargue!
Não estas almas tão estreitas e fechadas, pequenas, egoístas, não!
Almas largas, almas grandes, com vastos horizontes…
Deixai que a vossa alma se alargue com a força do Espírito, depois de receber o Corpo e o Sangue de Cristo.

Dado que a presença real de Cristo no Pão consagrado não acaba com a Missa (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1374), a Eucaristia é conservada no Tabernáculo para a Comunhão aos enfermos e para a adoração silenciosa do Senhor no Santíssimo Sacramento; com efeito, o culto eucarístico fora da Missa, quer de forma particular quer comunitária, ajuda-nos a permanecer em Cristo (cf. ibid., 1378-1380).

Portanto, os frutos da Missa estão destinados a amadurecer na vida de todos os dias.
Podemos dizer assim, forçando um pouco a imagem: a Missa é como o grão, o grão de trigo que depois, na vida comum, cresce, cresce e amadurece nas boas obras, nas atitudes que nos tornam semelhantes a Jesus.
Portanto, os frutos da Missa estão destinados a amadurecer na vida de todos os dias.
Na verdade, aumentando a nossa união a Cristo, a Eucaristia actualiza a graça que o Espírito nos concedeu no Baptismo e na Confirmação, a fim que o nosso testemunho cristão seja credível (cf. ibid., 1391-1392).

Além disso, o que faz a Eucaristia, acendendo nos nossos corações a caridade divina? Separa-nos do pecado: «Quanto mais participarmos na vida de Cristo e progredirmos na sua amizade, tanto mais difícil nos será romper com Ele pelo pecado mortal» (ibid., 1395).

A frequência regular do Banquete eucarístico renova, fortalece e aprofunda o vínculo com a comunidade cristã à qual pertencemos, segundo o princípio de que a Eucaristia faz a Igreja (cf. ibid., 1396), unindo todos nós.

Por fim, participar na Eucaristia engaja-nos em relação aos outros, de maneira especial aos pobres, educando-nos a passar da carne de Cristo para a carne dos irmãos, onde Ele espera ser por nós reconhecido, servido, honrado e amado (cf. ibid., 1397).

Trazendo o tesouro da união com Cristo em vasos de barro (cf. 2 Cor 4, 7), temos contínua necessidade de regressar ao santo altar até podermos, no paraíso, participar plenamente da bem-aventurança do banquete de núpcias do Cordeiro (cf. Ap 19, 9).

Demos graças ao Senhor pelo caminho de redescoberta da Santa Missa, que Ele nos concedeu percorrer juntos, e deixemo-nos atrair com fé renovada por este encontro real com Jesus, morto e ressuscitado por nós, nosso contemporâneo.
E que a nossa vida seja sempre “florida” assim, como a Páscoa, com as flores da esperança, da fé e das boas obras.
Que encontremos sempre a força para isto na Eucaristia, na união com Jesus.
Feliz Páscoa a todos!



Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano; L’Osservatore Romano


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