Os
dramas vividos por milhões de pessoas foram recordados pelo Papa
Francisco na sua mensagem Urbi et Orbi na Páscoa da Ressurreição
O
Santo Padre exortou ao diálogo e pediu frutos de paz, de
reconciliação, de esperança, de diálogo, de paz, de consolação,
de vida nova e de sabedoria para o mundo inteiro, a começar pela
Síria, Terra Santa, continente africano, península coreana,
Ucrânia, Venezuela, as crianças e os idosos.
MENSAGEM
URBI ET ORBI
DO
PAPA FRANCISCO
PÁSCOA
2018
Sacada
Central da Basílica Vaticana
Domingo,
1° de Abril de 2018
Queridos
irmãos e irmãs, feliz Páscoa!
Jesus
ressuscitou dos mortos.
Ressoa
na Igreja, por todo o mundo, este anúncio, juntamente com o cântico
do Aleluia: Jesus é o Senhor, o Pai ressuscitou-O e Ele está vivo
para sempre no meio de nós.
O
próprio Jesus preanunciara a sua morte e ressurreição com a imagem
do grão de trigo.
Dizia:
«Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só;
mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24).
Foi
isto mesmo que aconteceu: Jesus, o grão de trigo semeado por Deus
nos sulcos da terra, morreu vítima do pecado do mundo, permaneceu
dois dias no sepulcro; mas, naquela sua morte, estava contida toda a
força do amor de Deus, que se desencadeou e manifestou ao terceiro
dia, aquele que celebramos hoje: a Páscoa de Cristo Senhor.
Nós,
cristãos, acreditamos e sabemos que a ressurreição de Cristo é a
verdadeira esperança do mundo, a esperança que não decepciona.
É
a força do grão de trigo, a do amor que se humilha e oferece até
ao fim e que verdadeiramente renova o mundo.
Esta
força dá fruto também hoje nos sulcos da nossa história, marcada
por tantas injustiças e violências.
Dá
frutos de esperança e dignidade onde há miséria e exclusão, onde
há fome e falta trabalho, no meio dos deslocados e refugiados –
frequentemente rejeitados pela cultura actual do descarte – das
vítimas do narcotráfico, do tráfico de pessoas e da escravidão
dos nossos tempos.
E
nós, hoje, pedimos frutos de paz para o mundo inteiro, a começar
pela amada e martirizada Síria, cuja população se encontra exausta
por uma guerra sem um fim à vista.
Nesta
Páscoa, a luz de Cristo Ressuscitado ilumine as consciências de
todos os responsáveis políticos e militares, para que se ponha
imediatamente termo ao extermínio em curso, respeite o direito
humanitário e proveja a facilitar o acesso às ajudas de que têm
urgente necessidade estes nossos irmãos e irmãs, assegurando ao
mesmo tempo condições adequadas para o regresso de quantos foram
desalojados.
Frutos
de reconciliação, imploramos para a Terra Santa, ferida, também
nestes dias, por conflitos abertos que não poupam os indefesos, para
o Iémen e para todo o Médio Oriente, a fim de que o diálogo e o
respeito mútuo prevaleçam sobre as divisões e a violência.
Possam
os nossos irmãos em Cristo, que muitas vezes sofrem abusos e
perseguições, ser testemunhas luminosas do Ressuscitado e da
vitória do bem sobre o mal.
Frutos
de esperança, suplicamos neste dia para todos aqueles que anseiam
por uma vida mais digna, especialmente nas regiões do continente
africano atormentadas pela fome, por conflitos endémicos e pelo
terrorismo.
A
paz do Ressuscitado cure as feridas no Sudão do Sul: abra os
corações ao diálogo e à compreensão mútua.
Não
esqueçamos as vítimas daquele conflito, sobretudo as crianças!
Não
falte a solidariedade em prol das inúmeras pessoas forçadas a
abandonar as suas terras e privadas do mínimo necessário para
viver.
Frutos
de diálogo, imploramos para a península coreana, para que os
colóquios em curso promovam a harmonia e a pacificação da região.
Aqueles
que têm responsabilidades directas ajam com sabedoria e
discernimento para promover o bem do povo coreano e construir
relações de confiança no âmbito da comunidade internacional.
Frutos
de paz, pedimos para a Ucrânia, a fim de que se reforcem os passos a
favor da concórdia e sejam facilitadas as iniciativas humanitárias
de que necessita a população.
Frutos
de consolação, suplicamos para o povo venezuelano, que vive –
escreveram os seus Pastores – como que em «terra estrangeira» no
seu próprio país.
Possa,
pela força da Ressurreição do Senhor Jesus, encontrar a via justa,
pacífica e humana para sair, o mais rápido possível, da crise
política e humanitária que o oprime e, àqueles dentre os seus
filhos que são forçados a abandonar a sua pátria, não lhes falte
hospedagem nem assistência.
Frutos
de vida nova, Cristo Ressuscitado dê às crianças que, por causa
das guerras e da fome, crescem sem esperança, privadas de educação
e assistência sanitária; e também aos idosos descartados pela
cultura egoísta que põe de lado aqueles que não são «produtivos».
Frutos
de sabedoria, imploramos para aqueles que, em todo o mundo, têm
responsabilidades políticas, a fim de que respeitem sempre a
dignidade humana, trabalhem com dedicação ao serviço do bem comum
e garantam progresso e segurança aos seus cidadãos.
Queridos
irmãos e irmãs!
Também
a nós, como às mulheres que acorreram ao sepulcro, é-nos dirigida
esta palavra: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está
aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6).
A
morte, a solidão e o medo já não são a última palavra.
Há
uma palavra que vem depois e que só Deus pode pronunciar: é a
palavra da Ressurreição (cf. João Paulo II, Palavras no final da
Via-Sacra, 18/IV/2003).
Com
a força do amor de Deus, ela «afugenta os crimes, lava as culpas,
restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes, derruba
os poderosos, dissipa os ódios, estabelece a concórdia e a paz»
(Precónio Pascal).
Feliz
Páscoa para todos!
Imagens
da Eucaristia de Páscoa presidida pelo Papa Francisco e da Bênção
Urbi et Orbi.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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